Para atender a demanda da indústria brasileira nos próximos três anos, será necessário qualificar cerca de 14 milhões de profissionais entre 2025 e 2027, segundo o Mapa do Trabalho Industrial. O número contempla a necessidade de formação de 2,2 milhões de novos profissionais e de requalificação de 11,8 milhões que já estão no mercado. A projeção leva em conta o crescimento da economia e do mercado de trabalho. O levantamento é elaborado pelo Observatório Nacional da Indústria (ONI) da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O estudo é uma importante ferramenta de inteligência para subsidiar as ações de planejamento e oferta de cursos de qualificação profissional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).
Acesse os dados do Mapa do Trabalho Industrial na íntegra.
O diretor-geral do SENAI, Gustavo Leal, explica que o cenário apresentado pelo Mapa reforça a relevância do aprendizado contínuo, bem como a necessidade de os profissionais, novos ou experientes, acompanharem as transformações do mundo do trabalho, especialmente em um contexto de transição para uma economia digital e sustentável. “Com o avanço de novas tecnologias, é essencial que as habilidades dos trabalhadores evoluam junto com essas mudanças. Isso não só representa oportunidades de emprego, como também impulsiona a produtividade e o desempenho da indústria”, avalia Leal.
Qualificação profissional – Logística e Construção lideram em demanda por novos profissionais
Segundo o Mapa do Trabalho Industrial, o país precisará de 2,2 milhões de trabalhadores com uma nova formação para atender ao ritmo de criação de empregos e à reposição de trabalhadores que deixarão o mercado de trabalho formal. Entre 2025 e 2027, as áreas com maior demanda por novos profissionais serão:
- Logística e Transporte (474,6 mil), com oportunidades para técnicos de controle da produção, motoristas de veículos de cargas, almoxarifes e armazenistas, entre outros;
- Construção (364 mil), para profissionais na operação de máquinas de terraplanagem, ajudantes de obras civis, trabalhadores de estruturas de alvenaria, fundações, entre outros;
- Manutenção e Reparação (179,4 mil), para mecânicos de manutenção de veículos automotores, máquinas industriais, eletricistas de manutenção eletroeletrônica e mais;
- Operação industrial (181 mil), com profissionais atuando como alimentadores de linhas de produção, embalagem, etiquetagem, trabalhadores de cargas e descargas de mercadorias;
- Metalmecânica (175,4 mil), com oportunidades para trabalhadores de soldagem e corte de ligas metálicas, caldeiraria e serralheria.
Quase 12 milhões precisarão atualizar competências técnicas e socioemocionais
As projeções também mostram que 11,8 milhões de trabalhadores precisarão de treinamento e desenvolvimento para atualizar as competências nas funções que já desempenham na indústria, competências que também são demandadas por outros setores no Brasil.
A atualização envolve o desenvolvimento de hard skills (habilidades técnicas como domínio de máquinas, equipamentos e softwares), soft skills (competências comportamentais como pensamento crítico, inteligência emocional, criatividade e inovação) e ações de saúde e segurança no trabalho (como inspeção de instalações e normas regulatórias). Tudo isso visa garantir que os trabalhadores contem com as habilidades necessárias para desempenhar suas funções de maneira eficaz e segura.
Metodologia do MTI 2025-2027
Para este Mapa do Trabalho Industrial, o Observatório dividiu o levantamento de dados por etapas:
- Delimitação do emprego: seleciona-se o volume de vínculos formais projetados para a indústria como um todo, incluindo indústria extrativa, de transformação, construção, energia e saneamento, além de ocupações correlatas em outros setores econômicos, como agropecuária, serviços e administração pública.
- Estimativa da demanda por formação industrial: com base na estrutura do emprego formal projetado e na necessidade de formação de profissionais, estima-se a demanda por qualificação na área industrial e correlatas.
- Projeção do emprego formal até 2027: estima-se o nível de emprego formal por área de atuação profissional e setor, utilizando modelos de séries temporais para garantir a consistência entre o comportamento do emprego e as expectativas futuras.