2023 está sendo um ano difícil para a reciclagem de embalagens, pois há um excesso de oferta provocado por fatores extemporâneos, principalmente com a entrada no mercado de grandes volumes de papel produzidos a partir de fibras virgens e que diminui a necessidade de papel reciclado, mas, não diminui a geração de aparas.
Ainda no primeiro semestre a coleta de material manteve-se
elevada, até porque existe o compromisso previsto na Política Nacional de Resíduos Sólidos, que obriga os usuários de embalagem a retornarem parte do volume que colocam no mercado o que, provocado pela implantação de sistemas de coleta seletiva por parte dos governos municipais, gerou um excesso de material que não está encontrando destino.
A consequência foi uma só e os preços – que já vinham deprimidos desde 2022 – intensificaram suas perdas, devendo chegar ao final do ano nos mesmos patamares praticados em 2016. Essa condição de preços assume certa dramaticidade se considerarmos que os volumes de aparas são praticamente os mesmos nestes 7 anos, e no período a inflação brasileira, medida pelo IPCA,
registrou um aumento de 40,0%, mas, ainda mais impactante é o
óleo diesel, muito consumido pelos caminhões na busca de material quando, inclusive, trabalham abaixo de sua capacidade de carga, que subiu 109,2% e os caminhões de três eixos, que representam mais de 50% da frota dos aparistas, dobrou seu valor no período.
Sazonalmente, o consumo de caixas de papelão ondulado e embalagens de papel, de uma forma geral, cresce no segundo semestre do ano, atingindo seu auge no mês de outubro, o que até vem acontecendo, como podemos verificar pelos dados de expedição de caixas divulgado pela Empapel, mas que normalmente exigiria um maior consumo de aparas. Entretanto, o que verificamos é que o papel de fibra virgem vem ocupando o espaço dos papéis de embalagem reciclados, não deixando espaço para otimismo na melhora do desempenho do setor em 2023.
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