Águas, efluentes e resíduos: três temas que estão intrinsecamente ligados à produção de celulose e papel e têm papel fundamental para a competitividade dessa indústria. A busca por melhores índices também faz parte do comprometimento das companhias com o meio ambiente.
Com o avanço das tecnologias o cenário é promissor: circuitos fechados, efluentes com qualidade superior à captação e aproveitamento praticamente total dos resíduos. Onde há espaço para melhorias?
Profissionais e especialistas das principais empresas fabricantes e fornecedoras apresentaram seus casos de sucesso e novas tecnologias no 8° Seminário de Meio Ambiente realizado nos dias 2 e 3 de abril, em evento promovido pela Universidade Setorial ABTCP, em Indianópolis, Minas Gerais, na sede da LD Celulose, que apoiou o evento.
O primeiro dia abordou temas como qualidade e controle de custos no tratamento de efluentes; a bioestimulação; a aplicação de reatores anaeróbios e a dessulfurização do biogás para utilização em caldeiras; a medição de biofilmes em sistemas de resfriamento; a utilização da bomba como turbina e um case sobre o monitoramento da qualidade ambiental do Rio Araguari.
Para Adolfo Terra, moderador do evento e coordenador de utilidades da LD Celulose, o Seminário de Meio Ambiente tem como foco principal a sustentabilidade e a discussão de temas essenciais para o mercado de celulose.
“Um dos maiores desafios para as fábricas de celulose hoje é a gestão de resíduos, especialmente diante da meta de aterro zero. A LD Celulose está alinhada com essa tendência e enfrenta volumes significativos de lodo, dregs, grits, cinza e areia de caldeira, exigindo soluções eficientes. Além disso, o consumo de água é uma prioridade, e o setor tem investido no reaproveitamento de efluentes tratados para reduzir desperdícios”, destacou.
Projetos como a reutilização de rejeitos de osmose reversa, seja para uso na torre de resfriamento ou, dependendo da qualidade do efluente, para retorno à lagoa de água bruta, mostram o avanço da indústria. “O setor está cada vez mais consciente da necessidade de reduzir o consumo específico e desenvolver novas iniciativas, seja por meio de projetos já concebidos, investimentos via CAPEX ou pequenas melhorias na manutenção”, frisou o coordenador de utilidades.
Terra pontuou ainda a importância de realizar esse evento na sede da LD Celulose. “Somos uma fábrica relativamente nova, com startup em 2022, e fomos concebidos com tecnologia de ponta e conceitos inovadores para o setor. Temos diferenciais importantes, como o tratamento terciário de efluentes e a compostagem, que reforçam nosso compromisso ambiental. Como operamos uma fábrica de celulose solúvel, nossos processos são diferentes aos das fábricas tradicionais, o que gera muitas dúvidas e questionamentos”, destacou.
Ele explicou que na LD Celulose não são utilizados produtos à base de cloro para o branqueamento da polpa – “Somos uma operação chlorine-free. Isso desperta grande interesse, pois é uma abordagem diferenciada. Esse evento nos deu a oportunidade de apresentar nossas melhores práticas, compartilhar o que fazemos de forma eficiente e transparente, e inspirar outras empresas a aplicar esses conceitos”, completou.
Oportunidades para a gestão de resíduos
No segundo dia, com o foco em resíduos, os palestrantes falaram sobre aproveitamento e valorização de resíduos na fabricação de insumos agrícolas, implantação de tecnologias para melhorar a eficiência da gestão de resíduos, máquinas de alta performance para trazer eficiência no processo, uma avaliação da pirólise de lodos das indústrias de polpa celulósica, as oportunidades que existem além do resíduo zero, seus desafios e soluções.
Pedro Cardoso, moderador do segundo dia do evento e coordenador de produção da LD Celulose, pontuou que o resíduo zero é um caminho sem volta, porque é muito vanguardista, principalmente para a indústria de celulose. “Trazer um novo marco, um marco limpo, um marco sustentável para o nosso processo é fundamental. Existem várias formas de se fazer isso, como foi apresentado no nosso Seminário. Por exemplo, a compostagem, várias formas de se reaproveitar os lodos em diversos tipos de destinação, como a destinação para aumentar o processo de humificação nos solos. Existem também outras formas de queima de biomassa de lodos, que estão crescendo a cada dia, entre outras em desenvolvimento”, frisou.
Sobre essas novas oportunidades, Cardoso observou ainda que os profissionais que estavam presentes notam a importância e, principalmente, o ensejo de pesquisadores, como o tema da queima por pirólise dos lodos, que é um passo importante para a indústria do setor de papel e celulose. “Podemos afirmar a partir desse evento que nós evoluímos bastante, mas cada vez mais vai ser importante a pesquisa para o nosso setor ser realmente resíduo zero e ir além do esperado”, indicou o coordenador de produção da LD Celulose.
As apresentações foram realizadas pelos profissionais da Ambipar, Contech, Eldorado Brasil, Klabin, LD Celulose, Máquina Solo, Paques, Solenis, Suzano, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e Veracel.
O evento foi patrocinado pela Ambipar, Contech, Máquina Solo, Paques, Siderquímica e Solenis.
Colaborou nesta matéria Izaque Vieira (ABTCP).
