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Do cotidiano aos negócios: a revolução da IA e os desafios éticos

IA está transformando a vida cotidiana e empresarial, oferecendo eficiência e inovação. Contudo, devemos equilibrar sua adoção com ética e preservação da autonomia humana.

Em meu artigo de outubro de 2023, abordei o impacto das inovações disruptivas. Este mês, gostaria de explorar mais especificamente a Inteligência Artificial (IA), que está revolucionando vários aspectos de nossas vidas diárias e transformando o modo como as empresas conduzem suas operações. Neste artigo, convido a uma reflexão sobre o uso da IA como ferramenta competitiva. Analisaremos seu impacto no dia a dia, sua aplicação na tomada de decisões, a importância da ética e da transparência em seu uso, além das oportunidades e desafios que ela apresenta. Veremos não apenas como a IA beneficia empresas, como também está mudando a forma de decidirmos.

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O Impacto do Uso da IA no Nosso Dia a Dia

A IA está profundamente entrelaçada em nossas rotinas diárias, muitas vezes de formas imperceptíveis. Desde o momento em que acordamos até a hora de dormir, a IA simplifica inúmeras atividades, seja em nossas vidas pessoais ou no ambiente empresarial.

Contexto Pessoal

  • Assistentes virtuais: Assistentes virtuais, como Siri, Alexa e Google Assistant, utilizam IA para nos ajudar a organizar nossas vidas, responder a perguntas e controlar dispositivos inteligentes em nossas casas. Essas tecnologias, introduzidas no mercado em 2011 com o lançamento da Siri, pela Apple, tornaram nossas vidas mais convenientes e eficientes. Hoje, 94 milhões de pessoas nos Estados Unidos utilizam assistentes de voz pelo menos uma vez por mês (Statista, 2021). Podemos realizar tarefas com comandos de voz e gerenciar nossos lares remotamente, como ajustar a temperatura de termostatos ou apagar as luzes sem precisar levantar do sofá.
  • Plataformas de streaming e compras on-line: A IA é a força motriz por trás das recomendações personalizadas que recebemos de serviços como Netflix, Spotify e Amazon. Desde 2007, quando a Netflix implementou algoritmos de recomendação baseados em IA, nossa experiência como consumidores tem melhorado significativamente. Em 2020, cerca de 80% do conteúdo assistido na Netflix foi impulsionado por recomendações feitas por IA (McKinsey, 2021). Esses sistemas analisam nossos interesses e comportamentos anteriores para nos sugerir filmes, músicas e produtos, economizando nosso tempo e oferecendo sugestões mais relevantes.
  • Saúde e bem-estar: No setor de saúde, dispositivos vestíveis como o Apple Watch, lançado em 2015, monitoram nossos sinais vitais e atividades físicas utilizando IA. Em 2020, estima-se que 87,4 milhões de pessoas nos Estados Unidos usavam dispositivos vestíveis (Statista, 2021). Os médicos estão começando a adotar ferramentas IA para auxiliar no diagnóstico de doenças, aproveitando a capacidade de analisar grandes volumes de dados médicos e identificar padrões que podem passar despercebidos aos olhos humanos. Em 2018, a FDA (Food and Drug Administration) aprovou o primeiro algoritmo de IA para diagnosticar retinopatia diabética, exemplificando o avanço dessa tecnologia no campo da saúde.

Contexto Empresarial

  • Automação e eficiência: No mundo dos negócios, a IA vem transformando a maneira como operamos. Sistemas de automação, como os chatbots de atendimento ao cliente, popularizados a partir de 2016, melhoram a eficiência ao lidar com consultas básicas de clientes, liberando tempo para os funcionários se concentrarem em tarefas mais complexas. Em 2021, 67% dos consumidores globais usaram um chatbot para suporte ao cliente (Salesforce, 2022).
  • Análise de dados: Empresas de todos os portes estão empregando IA para examinar vastas quantidades de dados e extrair insights valiosos. Ferramentas de análise preditiva, que começaram a ganhar tração em meados da década de 2010, ajudam as empresas a prever tendências de mercado, comportamento do consumidor e até mesmo falhas em equipamentos, permitindo uma gestão mais proativa. Segundo a PwC, a IA pode contribuir com até US$ 15,7 trilhões para a economia global até 2030 por meio de ganhos de produtividade e consumo (PwC, 2017).
  • Marketing e publicidade: A publicidade direcionada, impulsionada por IA, revolucionou o marketing digital. Plataformas como Google Ads e Facebook Ads utilizam IA para segmentar anúncios por meio de algoritmos que analisam seu comportamento na rede e outros dados, aumentando significativamente a eficácia das campanhas publicitárias. Desde 2013, quando o Google começou a incorporar aprendizado de máquina em suas plataformas de anúncios, os profissionais de marketing têm sido capazes de alcançar o público-alvo de maneira mais precisa e eficiente. Em 2020, cerca de 63% dos profissionais de marketing usaram IA para publicidade segmentada (HubSpot, 2021).
  • Recursos humanos: No recrutamento, a IA está sendo usada para filtrar currículos e identificar os melhores candidatos. Desde 2017, empresas como a HireVue utilizam IA para analisar entrevistas em vídeo, avaliando linguagem corporal e tom de voz para determinar a adequação de um candidato para uma posição. Um estudo da IBM revelou que 66% dos executivos de RH acreditam que a IA pode melhorar a experiência do candidato (IBM, 2019).

Em outras palavras, a IA torna-se cada vez mais uma ferramenta presente em diferentes áreas, abrangendo desde o ambiente empresarial até a vida pessoal. A evolução dessa tecnologia tem proporcionado inúmeros benefícios, como a automação de tarefas repetitivas, a análise de grandes volumes de dados e a personalização de serviços.

No entanto, o uso e a dependência excessiva de IA podem afetar negativamente nossas escolhas e decisões, reduzir nossa autonomia, perpetuar vieses e resultar na perda de habilidades essenciais, como a tomada de decisões. Um exemplo notável dessa redução da autonomia foi observado em um estudo de 2019 conduzido pela Universidade de Harvard. Os pesquisadores constataram que indivíduos que dependem excessivamente de sistemas de recomendação, como aqueles usados por plataformas de streaming e redes sociais, tendem a perder a capacidade de tomar decisões independentes.

A Relevância da Ética na Utilização da Inteligência Artificial

A IA vem revolucionando diversas áreas de nossas vidas, desde o trabalho até a saúde, educação, segurança e entretenimento. Com essa capacidade transformadora, surge a responsabilidade de garantir que a IA seja desenvolvida e utilizada de maneira ética. No contexto dos negócios, a ética no uso da IA é fundamental e deve abordar questões como:

  • Alucinações da IA: As alucinações da IA ocorrem quando um sistema de inteligência artificial gera informações que parecem verdadeiras, mas na realidade são completamente inventadas. Isso pode ser perigoso, especialmente se as pessoas confiarem cegamente nos resultados fornecidos pela IA.
  • Viés algorítmico: Algoritmos são conjuntos de instruções que os computadores utilizam para solucionar problemas. O “viés algorítmico” ocorre quando essas instruções, intencionalmente ou não, favorecem um grupo de pessoas em detrimento de outro. Por exemplo, imagine uma empresa de recrutamento que usa um sistema de IA para analisar currículos. Se esse sistema for treinado com dados históricos que favorecem candidatos masculinos, ele pode acabar selecionando mais homens do que mulheres, perpetuando a desigualdade de gênero.
  • Transparência e explicabilidade: Transparência em IA significa que as pessoas podem ver e entender como as decisões são feitas por um sistema de inteligência artificial. Explicabilidade vai além e busca garantir que, mesmo sendo complexos, os processos e decisões da IA possam ser explicados de forma que as pessoas comuns entendam. Por exemplo, uma empresa de seguros que utiliza IA para aprovar ou negar solicitações de seguro deve ser capaz de explicar claramente aos clientes porque uma solicitação foi negada, de modo que o processo seja percebido como justo e confiável.
  • Privacidade e proteção de dados: Privacidade e proteção de dados referem-se a como as informações pessoais das pessoas são coletadas, usadas e protegidas pelos sistemas de IA. Por exemplo, uma loja online que utiliza IA para personalizar ofertas de produtos deve garantir que os dados dos clientes, como histórico de compras e informações pessoais, sejam armazenados com segurança e não sejam compartilhados sem consentimento, evitando usos indevidos ou vazamentos de informações. Além disso, com a implementação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil, as empresas devem seguir regras rigorosas sobre como coletam, armazenam e utilizam dados pessoais, assegurando que os direitos de privacidade dos indivíduos sejam respeitados e protegidos.
  • Desemprego estrutural: Desemprego estrutural é uma preocupação relacionada ao impacto da IA e automação no mercado de trabalho. À medida que máquinas e programas de IA assumem tarefas que antes eram realizadas por humanos, alguns tipos de emprego podem desaparecer. Por exemplo, uma fábrica que adota robôs para realizar montagem de produtos pode reduzir a necessidade de trabalhadores humanos para essas tarefas específicas, resultando em desemprego se os trabalhadores não conseguirem se adaptar ou encontrar novas oportunidades de trabalho.
  • Responsabilidade e tomada de decisão: A atribuição de responsabilidade e a tomada de decisões implicam em determinar quem é responsável pelas ações e decisões baseadas nas informações produzidas pela inteligência artificial. Por exemplo, se um carro autônomo fabricado por uma empresa de tecnologia se envolver em um acidente, é crucial estabelecer quem será responsabilizado – o fabricante do carro, o programador do sistema de IA, ou o proprietário do carro. Isso garante que as decisões automatizadas sejam justas e éticas, e que as empresas sejam responsabilizadas por falhas.

O Uso da IA e Tomada de Decisões

Até então, a capacidade humana de tomar decisões era o elemento central. Desde escolhas cotidianas simples até decisões complexas que moldam o futuro de sociedades inteiras, a habilidade de decidir tem sido crucial para a sobrevivência e o progresso humano. Essa capacidade tem raiz profunda na filosofia, que desempenhou um papel fundamental na construção do raciocínio humano.

Ao longo dos séculos, desde a Antiga Grécia, filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles introduziram conceitos de lógica e ética que ainda hoje influenciam a forma como tomamos decisões. Esses fundamentos filosóficos influenciaram áreas como política, ciência e economia.

Será que Perderemos a Capacidade de Tomar Decisões Independentes e Passaremos a Depender da IA para Decidir por Nós?

Embora a IA tenha demonstrado uma capacidade impressionante de processar grandes volumes de dados e identificar padrões com precisão, a natureza da tomada de decisão humana é complexa e multifacetada. Ou seja, não irá substituir a necessidade de julgamento humano. As decisões humanas não se baseiam apenas em lógica e dados; elas também envolvem intuição, emoções e valores culturais, aspectos que são difíceis de quantificar e programar em uma máquina.

Então, Qual Será o Verdadeiro Papel da IA no Processo de Tomada de Decisões?

A IA servirá como uma ferramenta poderosa para amplificar a capacidade humana de tomar decisões informadas e eficazes. Por exemplo, nas empresas, sistemas de IA podem analisar enormes volumes de dados de mercado para identificar tendências e fornecer insights estratégicos, auxiliando os gestores a tomar decisões mais bem fundamentadas.

O papel da IA no processo de tomada de decisões é fornecer suporte, otimização e novas perspectivas, permitindo que os humanos tomem decisões melhores e mais rápidas. Um exemplo prático é o uso dela em bancos para avaliar riscos de crédito. A IA pode analisar o histórico financeiro dos clientes de forma muito mais rápida e precisa do que um analista humano, mas a decisão final sobre conceder ou não um empréstimo ainda envolve a consideração humana.

É imprescindível que a aplicação da inteligência artificial seja sempre monitorada com uma perspectiva ética e crítica, o que assegura que as decisões resultantes sejam justas, responsáveis e coerentes com os valores humanos. Por exemplo, em empresas de recrutamento, a IA pode ajudar a filtrar candidatos com base em competências específicas, mas deve ser rigorosamente monitorada para evitar vieses algorítmicos que possam discriminar candidatos com base em gênero, etnia ou outros fatores irrelevantes. Assim, a IA se torna uma aliada valiosa na tomada de decisões, proporcionando insights e eficiência, mas sempre sob a orientação e responsabilidade humanas para garantir que as decisões sejam éticas e justas.

Reflexão Final

À medida que avançamos, a IA continua a redefinir a maneira como vivemos e trabalhamos. A integração da IA em nossas rotinas diárias e nas operações empresariais é inegável, trazendo benefícios inestimáveis em termos de eficiência, personalização e inovação. No entanto, essa transformação traz consigo uma série de desafios e responsabilidades que não podemos ignorar.

A ética no uso da IA, a transparência em suas decisões e a preservação da privacidade são questões cruciais que devem ser continuamente debatidas e supervisionadas. Além disso, a dependência crescente da IA levanta a importante questão sobre nossa autonomia e capacidade de tomada de decisão. Será que estamos preparados para confiar tanto em uma tecnologia que ainda está em evolução? Como equilibrar a eficiência da IA com a necessidade humana de julgamento e intuição?

Deixo claro que não sou contra a IA ou a evolução da tecnologia; pelo contrário. Acredito que a IA tem um potencial incrível para melhorar nossas vidas e impulsionar a inovação em diversos setores. No entanto, é essencial que reflitamos sobre como queremos moldar o futuro dessa tecnologia. Estamos dispostos a aceitar passivamente todas as inovações que ela traz, ou seremos agentes ativos na sua supervisão e desenvolvimento, garantindo que seus benefícios alcancem a todos e seus riscos sejam minimizados?

Lembram da reflexão sobre a Sociedade 5.0, abordada em meu artigo de maio último? Nesse conceito, a tecnologia e a inovação são usadas para resolver problemas sociais e melhorar a qualidade de vida de todos. Como podemos assegurar que a IA contribua para essa visão de uma sociedade mais inclusiva, sustentável e centrada no bem-estar humano?

Deixo a você, caro leitor, uma provocação final: Qual será o seu papel na era da inteligência artificial? Seremos consumidores passivos dessa revolução tecnológica ou nos tornaremos guardiões ativos, assegurando que a IA sirva para melhorar a humanidade como um todo, sem sacrificar nossos valores e direitos fundamentais? A resposta a essa pergunta determinará o futuro que construiremos juntos.

Até o próximo mês.

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