De 28 de maio a 7 de junho, em Düsseldorf, Alemanha, aconteceu a drupa. Apesar de ser escrita com minúscula, essa feira de negócios e tecnologia é o mais importante evento da indústria gráfica mundial.
POR MANOEL MANTEIGAS DE OLIVEIRA – Diretor técnico de Two Sides Brasil e Hispano América
Realizada a cada quatro anos, é o melhor momento para se conhecer as tendências e inovações que vão moldar o futuro do setor gráfico. A edição 2024 reuniu mais de 170 mil visitantes e 1.643 exibidores de 52 países, e foi ansiosamente aguardada desde 2020, quando teve sua edição cancelada por causa da pandemia da Covid-19.
Cada drupa é marcada por temas que se destacam e que acabam batizando aquela edição. A drupa deste ano talvez venha a ser conhecida como a da sustentabilidade. Nas palavras de Sabine Geldermann, diretora da feira: “Sustentabilidade e digitalização são as megatendências globais que vão impactar nossa indústria no futuro”. Na verdade, esses dois temas já vêm determinando desenvolvimentos em todos os setores. Não poderia ser diferente com a indústria gráfica.
Todos os grandes expositores procuraram mostrar como seus produtos e serviços contribuem para a sustentabilidade. Os destaques foram para o carbono zero no processo de fabricação de máquinas, maior eficiência energética e redução de perdas na impressão, com aumento da produtividade.
O tema sustentabilidade mereceu também um stand específico – o Touchpoint Sustainability –, organizado pela Associação Alemã de Fabricantes de Máquinas e Instalações Industriais (VDMA). Nesse espaço, multiplicaram-se palestras, debates e entrevistas, com a presença, inclusive, de representantes de indústrias do setor de celulose e papel.
Ainda no Touchpoint Sustainability, Jorge Maldonado, presidente da Associação dos Agentes de Fornecedores de Equipamentos e Insumos para a Indústria Gráfica (Afeigraf), apresentou o “Estudo das emissões de gases do efeito estufa para as indústrias gráficas” e revelou como o mercado latino-americano vem reagindo aos desafios da regulamentação do mercado de créditos de carbono e o papel das novas tecnologias nessa questão.
Two Sides participou com diversas apresentações. Jonathan Tame, diretor geral da organização, falou no dia 1.º de junho sobre “Mitos e Fatos sobre o Papel e o Meio Ambiente”. Também fizeram apresentações sobre a sustentabilidade do papel e ações de Two Sides Ann-Katrin Kohlmorgen (TS Alemanha) e Kellie Northwood (TS Oceania). Two Sides Brasil esteve presente com painéis e materiais informativos no Stand Abigraf, visitando a feira e fazendo novos contatos.
Two Sides entende que as empresas precisam ter como estratégia a conciliação entre sustentabilidade ambiental, econômica e social. Não pode ser uma coisa ou outra, tem que ser tudo, ao mesmo tempo e agora. Economia e ecologia são indissociáveis. “Eco” vem do grego “Oikos”, que significa “casa”. Economia é organização. Ecologia é o respeito às interações entre os seres vivos (inclusive homens e mulheres) e seus ambientes.
As indústrias brasileiras de celulose e papel já vêm demonstrando, há décadas, seu compromisso crescente com o tripé da sustentabilidade. Cabe ao setor gráfico, incluindo embalagens, aproveitar a ótima história de sustentabilidade que papel, cartão e papelão têm para contar, avançando nessa agenda que é inevitável. Empresas, cidadãos e o planeta só terão a ganhar com isso.
Esperamos que, nas próximas edições da drupa, a sustentabilidade não seja mais um tema de destaque, porque estará tão incorporado à indústria de impressão que falar sobre isso será desnecessário.