Após oito anos de disputa, Paper Excellence e J&F assinaram acordo em que a J&F comprou por US$ 2,64 bilhões (aproximadamente 15 milhões de reais) a participação de 49,41% da Paper Excellence na terceira maior indústria de papel e celulose do país, a Eldorado Brasil.
A disputa teve início no ano de 2018, quando as ações seriam transferidas à Paper e a J&F optou por judicializar a questão. Nessa época a Paper já havia quitado cerca de R$ 3,8 bilhões o que equivalia a 13% das ações da Eldorado.
Em 2021 a Paper obteve uma vitória no tribunal arbitral ICC Brasil, que determinou por 3 a 0 que a J&F cumprisse os termos do contrato firmado em 2017, e vendesse 100% da Eldorado à Paper Excellence, que depositou em juízo cerca de R$ 11,2 bilhões.
No entanto, a decisão arbitral foi questionada pela J&F na Justiça de São Paulo e o julgamento arbitral foi suspenso pelo STJ.
Buscando a imparcialidade, em 2024 a Paper ajuizou uma nova arbitragem na Câmara de Comércio Internacional CCI em Paris, requerendo uma indenização de US$ 3 bilhões por “atos deleais e abusivos praticados pela empresa brasileira para impedir a concretização da transferência do controle da Eldorado
Também no ano passado, a J&F chegou a propor um valor adicional de R$ 6 bilhões à Jackson Widjaja, CEO da Paper Excellence para encerrar a disputa, sem sucesso.
Já neste ano, após dois meses e meio de negociações, o acordo entre Paper e J&F foi selado por Cláudio Cotrim, CEO da operação brasileira da Paper Excellence desde 2015, acompanhado pelo advogado da companhia e Aguinaldo Filho, presidente da J&F.
Segundo fontes próximas, a Paper tem interesse em continuar no mercado brasileiro e procura oportunidades de investimento no país.
Cotrim continua na empresa mesmo após a conclusão do acordo e os patrocínios da empresa em arte, cultura e esporte no Brasil continuam.
Hoje a Paper Excellence opera 58 fábricas divididas entre Canadá, França e Estados Unidos. A empresa que atua majoritariamente por meio de aquisições nos últimos anos comprou a Catalyst (2019), em 2021, pagou US$ 3 bilhões pela Domtar, sediada em Montreal e no ano seguinte, absorveu a Resolute Forest Products, gigante norte-americana, por US$ 2,7 bilhões.