A Repsol Sinopec Brasil (RSB), em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), está lançando um projeto de tecnologia e inovação, chamado Projeto Pozobio. A iniciativa prevê o desenvolvimento de um cimento especial produzido a partir do aproveitamento de resíduos de biomassa da indústria agrícola e dos resíduos da produção de argamassa, para ser utilizado na cimentação de poços. O intuito é gerar um produto sustentável e altamente resistente para uso em poços de campos maduros onshore submetidos à injeção de vapor, e em poços geotérmicos, que estão sujeitos a altas temperaturas que podem chegar, em média, a 300°C.
Os pesquisadores da RSB e UFRN avaliam o uso de componentes naturais provenientes de passivos ambientais, como resíduos da queima de biomassa e da produção de argamassa. O estudo consiste na mistura destes componentes ricos em sílica, classificados como materiais pozolânicos. Estes, por sua vez, possuem propriedades favoráveis para a composição de blendas, formando um novo tipo de material com potencial aplicação em cimentação de poços sujeitos às elevadas temperaturas, com garantia de integridade.
“O processo permitirá a redução significativa de emissões de CO2, substituindo parte do cimento utilizado por componentes naturais que são resíduos gerados em larga escala em outros setores e que podem ser mais aproveitados pela nossa indústria, evitando ainda o descarte destes resíduos em aterros sanitários”, destaca a pesquisadora responsável pelo projeto na Repsol Sinopec, Juliana Henriques.
O projeto faz parte da linha de pesquisa da RSB voltada para descarbonização, e está inserida na norma ISO 14040, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), voltada para gestão ambiental e reutilização de produtos. Além do aspecto ambiental, a iniciativa prevê a redução de até 50% no custo do material, trazendo maior eficiência para operações em poços que necessitam de material mais resistente, como em campos que utilizam injeção de vapor para aumentar seu potencial de produtividade.
Cerca de 15 profissionais estão envolvidos no desenvolvimento do projeto, que tem duração prevista de dois anos. A primeira etapa consiste no mapeamento e qualificação de fornecedores e materiais, com pesquisas realizadas no laboratório da UFRN, em Natal, no Rio Grande do Norte. O pesquisador responsável na universidade, Rodrigo Santiago, ressalta que o projeto tem grande potencial de se tornar referência tecnológica neste segmento, contribuindo para a geração de uma economia circular. Neste contexto, terá como parceira a empresa Brasil Química e Mineração Industrial (BQMIL), localizada em Mossoró, que atua na fabricação e fornecimento das argamassas. “Mossoró é uma das principais capitais de produção de petróleo onshore do Brasil. Nosso intuito final é utilizar fornecedores locais, trazendo nova solução possível de ser implementada em larga escala pela indústria, e que possa ainda contribuir para a criação de um novo mercado capaz de proporcionar maior desenvolvimento econômico e social”, completa o pesquisador.
Fonte: Hub Industrial Brasileiro