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Walter Schalka: a jornada de um líder visionário

Como o executivo transformou empresas e se destacou no setor de celulose com visão estratégica e compromisso com a inovação

Em julho deste ano, Walter Schalka se despediu do cargo de CEO da Suzano após 11 anos de uma gestão marcada por transformações e expansões significativas. Com uma carreira de 33 anos como CEO, incluindo sua liderança na Votorantim Cimentos, Schalka dedicou sua vida a impulsionar empresas ao sucesso. Desde que assumiu a posição na Suzano, em janeiro de 2013, ele viu o valor de mercado da companhia crescer de US$ 3,82 bilhões para US$ 13,1 bilhões. Agora, continuará contribuindo como membro do conselho de administração e de comitês da Suzano, além de integrar o conselho da Vibra e se envolver em projetos educacionais. Em entrevista à revista O Papel, Schalka compartilha os aprendizados dessa trajetória e suas valiosas dicas de liderança e inovação.

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Walter Schalka nasceu na cidade de São Paulo-SP, vindo de uma família de classe média e desde criança seus pais exigiram muito de seus filhos em relação aos estudos. Walter estudou em boas escolas, fez graduação em Engenharia no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), uma das universidades públicas com o vestibular mais difícil do País.

Quando terminou a graduação, recebeu diversos convites de trabalho, mas, como sempre, teve mais aptidão para o mundo da gestão do que para a área técnica, optou pelo programa de trainees do Citibank. Lá, Schalka se tornou gerente na área de Network Banking ao mesmo tempo que fazia pós-graduação em Administração na Fundação Getúlio Vargas.

Em seguida, foi trabalhar em uma holding de participações, que tinha uma pequena empresa de toalhas como uma das participações acionárias chamada Lalekla. Curiosamente, após uma série de aquisições, a empresa hoje faz parte da Suzano.

Na visão de Schalka, sua passagem pela empresa, depois Dixie-Lalekla e posteriormente Dixie Toga, foi uma importante escola profissional. Nessa empresa ele foi CFO aos 28 anos e depois se tornou CEO aos 31. Ao longo dos anos viu, sob sua liderança, o crescimento da organização por meio de múltiplas aquisições, passando a ter presença regional no Brasil e na Argentina e uma pequena operação nos Estados Unidos, se tornando muito competitiva no setor de embalagens.

Em 2004, os acionistas decidiram vender a Dixie Toga, processo conduzido pelo executivo. Logo na sequência, ele recebeu o convite para ser o CEO da Votorantim Cimentos. Schalka vislumbrou uma oportunidade importante para poder mudar. Sempre movido por desafios, aceitou o convite da Votorantim que naquele momento tinha o objetivo de internacionalização.

Durante sua passagem pela empresa, conseguiu fazê-la crescer não só internacionalmente, mas também através da construção de diversas fábricas no Brasil, tornando-a competitiva, expandindo para o setor de concreto, de agregados e argamassa, aumentando assim seu portfólio de produtos.

Em 2013, recebeu convite de um fundo de private equity fund. A proposta se tornou conhecida pelo mercado e a Suzano, interessada em contratá-lo, o convidou a participar da expansão da empresa, o que ele prontamente aceitou.

Na Suzano, Walter teve muitos momentos de orgulho vendo a organização passar por um grande processo de transformação em busca de competitividade, expansão, mudança de governança, mudança de cultura, o que fez com que ela se tornasse a líder global no setor de celulose de fibra curta. “A Suzano hoje é uma empresa que dá orgulho a todos nós brasileiros, não apenas por sua grandeza, mas também pelo seu impacto social”, diz Schalka.

No âmbito pessoal de sua vida, Schalka conta que se casou há 39 anos, teve três filhos, três netos e hoje aguarda o nascimento da quarta neta. Muito feliz em sua família, ele se orgulha da união, não só entre filhos e netos, mas também em relação a seus irmãos, e brinca: “Todos têm muito orgulho de mim, mas como em toda família, também sou alvo de brincadeiras”.

Sua família sempre esteve ao seu lado lhe dando apoio, principalmente sua esposa, que acompanhou sua trajetória de muito perto, entendendo a complexidade de sua agenda. Por outro lado, ele esteve sempre presente para a família. Em declaração feita durante cerimônia de transição da presidência da Suzano, sua filha lhe disse: “Pai, eu tive tudo, todas as vezes que tive momentos importantes da minha vida, você estava ao meu lado, desde a formatura da natação até no nascimento dos meus filhos, sempre se divertindo e me ensinando”.

Questionado sobre a fórmula para o sucesso de todas as organizações pelas quais passou, Schalka conta que é uma definição muito clara da estratégia que a empresa deve ter. “Além de muita conexão com as ações de curto prazo, em um processo de evolução contínuo, há a necessidade de aproximações sucessivas para ir melhorando a empresa”, pontua.

Ele também cita os conselhos de seu amigo e “guru”, Fabio Barbosa, que sempre lhe diz: “acabou atualmente o mundo do ‘ou’, hoje vivemos o mundo do ‘e’”, explicando que antigamente as empresas eram ótimas em apenas uma frente, hoje a empresa precisa ser boa e trabalhar em tudo para evoluir. “É de extrema importância que as organizações estejam sempre em um processo de evolução, ou revolução em todos os setores, mudando o tempo todo e sabendo que o papel do CEO é equilibrar os objetivos de todos os stakeholders. Todos querem mais, o que é genuíno e positivo, os colaboradores querem mais, os fornecedores querem mais, os acionistas querem mais, o time quer mais, todo mundo quer mais, e isto faz parte do jogo. E temos que saber criar valor e distribuir esse valor, de uma forma que seja equilibrada”, acrescenta.

Nesse sentido, o executivo compartilha que é preciso aprender a criar valor de uma forma equilibrada entre todos os atores do processo, gerando um círculo virtuoso. “Você faz uma estratégia correta, mantém uma evolução constante que permite que você crie valor, assim todos ficam mais felizes e colocam ‘mais fichas no jogo’. Investidores, fornecedores e colaboradores entram no processo de evolução, o que lhes permite um desenvolvimento pessoal, profissional e financeiro, ou seja, um jogo onde todo mundo ganha”, explica Schalka.

Perguntado sobre o futuro, cita dois desejos importantes: o primeiro é continuar na Suzano e contribuir por meio dos conselhos e dos comitês dos quais faz parte, fazendo empresas melhores para a sociedade, não mais na questão das operações, mas olhando a questão de estratégia, alocação de capital e de gente.

O segundo objetivo é ajudar a endereçar problemas do Brasil. “O País tem problemas estruturais significativos e nós não potencializamos ao máximo o que ele pode entregar para seus cidadãos. Há muito tempo o Brasil cresce no patamar médio de 2% a 2,5% ao ano, o que é muito baixo visto seu enorme potencial, grande dimensão populacional, muita terra competitiva, energia de baixo custo e um grande potencial para ter uma inserção geopolítica maior. Porém, enfrentamos algumas limitações estruturais, como educação de menor qualidade do que deveria, e um estado que é ineficiente e que entrega pouco perto do que recebe em termos de recursos da sociedade. Poderíamos estar crescendo cerca de 5% a 6% ao ano, propiciando aos cidadãos brasileiros uma melhor renda, melhor qualidade de vida, melhores recursos com educação saúde e infraestrutura”, afirma.

Além disso, ele vê que o Brasil tem toda a condição de ser uma potência global no âmbito ambiental. “Como cidadão, sinto-me em obrigação com a sociedade por ter estudado em uma escola pública de alta qualidade como o ITA e por ter acesso competitivo à educação. Quero retribuir à sociedade brasileira aplicando o que aprendi e construindo um mundo melhor”, enfatiza.

Indagado sobre qual seria a sua mensagem para as pessoas que estão começando agora na carreira e se inspiram nele para alcançar o mesmo patamar, Schalka responde: “O fundamental é cultivar o espírito da transformação. Nunca se acomode no status quo e não entre em uma área pensando apenas na função para a qual foi designado. Sua missão é transformar o negócio e isso requer enfrentar desafios, desde os menores até os mais complexos. É assim que se cresce profissional e pessoalmente. Para mim, é motivo de orgulho poder dizer ao final do dia que participei de uma jornada de transformação, contribuindo para algo diferente do que fizemos ontem”.

E complementa: “A vida profissional não é um jogo solitário. É essencial cultivar união e espírito de equipe. Eu não acredito em super CEOs, super-homens ou supermulheres. Acredito que é um jogo coletivo onde você cria oportunidades para muitas pessoas, algo que me enche de orgulho”.

Para Schalka, seu maior desafio foi transformar a si, aprendendo com suas próprias experiências. “Como engenheiro, fui treinado para resolver problemas, desenvolvi as hard skills, mas tive que aprender a aprimorar as soft skills. A questão mais importante não é técnica, mas humana; foi um processo crucial para o meu desenvolvimento.”

Ele também compartilha uma reflexão pessoal sobre sua jornada contínua de aprendizado: “Eu costumo dizer que a minha música favorita é ‘Eterno Aprendiz’, do Gonzaguinha. Sou um eterno aprendiz, e essa é a verdadeira alegria da vida. Quando você acha que atingiu seu limite de crescimento, a jornada perde seu brilho”.

Schalka enfatiza ainda a importância da empatia: “É essencial tratar os outros como gostaria de ser tratado tanto como líder quanto como liderado. Todos somos humanos, com medos, inconsistências e fraquezas. Entender isso é fundamental. É fácil apontar defeitos nos outros, mas é mais construtivo ajudá-los a superá-los. Ao fazer isso de maneira empática e positiva, construímos relações baseadas em confiança mútua”.

Ele conclui com uma reflexão sobre a diversidade de opiniões: “Na vida, temos muito mais em comum do que diferenças. Infelizmente, tendemos a focar nas divergências. É saudável ter opiniões diferentes; é isso que enriquece o mundo. Devemos explorar as semelhanças e respeitar as diferenças, pois essa é a verdadeira beleza da vida”.

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