O Estado do Paraná é hoje o segundo maior produtor de celulose do País, tendo em seu território 10,2 milhões de hectares plantados. Em posição geográfica estratégica na América do Sul, este estado tem investido fortemente na infraestrutura logística para elevar a competitividade das empresas localizadas na região, abrindo espaço para atrair a instalação de novas indústrias.
“Hoje, o Paraná tem quase 7 mil empresas ligadas ao setor da madeira plantada, que vai desde o parque moveleiro, por exemplo, de Arapongas, que virou a capital moveleira do Brasil, até as grandes empresas de papel como a Arauco, a Klabin e a Ibema”, pontuou Ratinho Júnior, que concedeu entrevista exclusiva à O Papel durante participação em evento de confraternização das associações congêneres: ABTCP, Empapel e IBÁ, realizado no final de 2024.
Agora, em seu segundo mandato, o governador do Paraná, Ratinho Júnior, falou ainda nesta entrevista sobre as políticas públicas e o futuro do setor de celulose e papel no estado. Confira:
Leia também em https://revistaopapeldigital.org.br/
O Papel – Qual sua visão futura sobre o setor de árvores plantadas no Estado do Paraná?
Ratinho Júnior – O Paraná se transformou em uma grande potência no setor de reflorestamento. Hoje, tem quase 7 mil empresas ligadas ao setor da madeira plantada, que vai desde o parque moveleiro, por exemplo, de Arapongas, que virou a capital moveleira do Brasil, até as grandes empresas de papel como a Arauco, a Klabin e a Ibema.
O Paraná, sozinho, é responsável por 32% da exportação de papel do Brasil, 70% da exportação de Pinus na área de compensados, além da biomassa e outros derivados. A importância do setor se reflete na geração de empregos que hoje soma mais de 100 mil pessoas no trabalho direto, além de milhares de empregos indiretos que a cadeia de base florestal produz.
O Papel – O setor de base florestal tem representatividade relevante para a economia do Estado do Paraná. Frente a esta realidade, como o Paraná tem se preparado para elevar este crescimento futuro?
Ratinho Júnior – Nós iniciamos em 2019 o planejamento para fazer o Paraná ser o centro logístico da América do Sul. Ao analisarmos o mapa do continente sul-americano, vemos que o estado se localiza exatamente nesse centro logístico, estando em um raio de 1.500 a 2.000 km.
Com esta posição logística estratégica, o estado posiciona-se como epicentro de movimentação de cargas, sendo responsável por 70% do Produto Interno Bruto (PIB) da América do Sul. Resolvi potencializar a vocação natural do nosso estado para atrair novos investimentos para as empresas, já que é essencial para o setor industrial ter uma logística eficiente.
Hoje temos o porto de Paranaguá, eleito cinco vezes o porto mais eficiente do Brasil. Além disso, temos o maior pacote de concessões rodoviárias da América Latina, que consiste em 3.300 km de rodovias, com investimento de 55 bilhões de reais nos próximos sete anos. Dividimos as concessões em seis lotes: quatro já foram concedidos e dois têm previsão para este ano de 2025.
Os principais aeroportos do Paraná – Londrina, Foz do Iguaçu e o aeroporto internacional de São José dos Pinhais – já receberam investimento próximo de 1,8 bilhão de reais. Por fim, o grande passo que estamos dando agora é na área ferroviária. Hoje temos a “Rumo”, que atende a toda a Malha Sul, e estamos com o projeto da “Ferroeste” pronto, que começará no Estado do Mato Grosso do Sul, cortando o Paraná e chegando até o porto de Paranaguá.
O Papel – Quanto ao mercado de carbono, qual o posicionamento do Estado diante da bioeconomia?
Ratinho Júnior – Este é um assunto que se discute já há alguns anos, mas que ainda é muito novo como negócio. Nós vemos um enorme potencial no Paraná, primeiro porque, em se tratando de árvores nativas, nós temos a maior área de proteção da Mata Atlântica da América do Sul. Depois, por meio dessa cadeia do reflorestamento, que é outro ativo importante que vai se transformar num grande negócio ao lado da questão da preservação e do cuidado do meio ambiente.
Hoje eu sou presidente do COSUD, o Consórcio dos Estados do Sul e Sudeste, e, através dele, eu propus a criação de um banco de fomento para a área de sustentabilidade, justamente para entrar em todas essas discussões, não só de novas indústrias, mas também de bioeconomia, economia verde e crédito de carbono, elevando assim a competitividade da nossa região na questão dos negócios sustentáveis.
O Papel – Como tem se dado a articulação entre o governo estadual do Paraná e o Governo Federal para que se possa alcançar todos estes objetivos?
Ratinho Júnior – O Governo Federal tem um papel fundamental, em especial através do BNDES, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, que tem linhas de crédito para as indústrias, especialmente para aquelas que possuem um setor de reflorestamento, como é o caso do setor de árvores plantadas.
Sabemos que existe toda uma preocupação do Brasil como um todo, juntando todos os entes – Governo Federal, governos estaduais e os próprios municípios – de criar ambientes saudáveis, que possam gerar empregos, promover desenvolvimento econômico, sempre com o olhar da sustentabilidade. Então, acho que é o momento de nos unirmos para que todos os entes trabalhem juntos, a fim de melhorar a imagem do Brasil e mostrar que temos setores, como o de árvores plantadas, que estão dando certo aqui, atrelando o cuidado com o meio ambiente à produção.