As últimas novidades e notícias da indústria de celulose e papel. Artigos técnicos, tendências, tecnologia, inovação, ESG, cursos e mais.

PIB da indústria de transformação cresceu 3,8% em 2024, aponta Fiesp

No ano, o PIB cresceu 3,4%. Do lado da oferta, os destaques positivos foram a indústria geral (+3,3%) e o setor de serviços (+3,7%). Já a agropecuária caiu 3,2%

 O PIB cresceu 0,2% no 4º trimestre de 2024, abaixo da projeção da Fiesp (+0,5%) e da expectativa do mercado (+0,4%). Dados com ajuste sazonal.• No ano, o PIB cresceu 3,4%. Do lado da oferta, os destaques positivos foram a indústria geral (+3,3%) e o setor de serviços (+3,7%). Já a agropecuária caiu 3,2%.• Do lado da demanda, todos os componentes domésticos apresentaram crescimento em 2024. O consumo das famílias (+4,8%) foi favorecido pelo mercado de trabalho aquecido e pelo aumento da renda. A formação bruta de capital fixo (+7,3%) foi puxada pela retomada da categoria de bens de capital. Já o setor externo teve contribuição negativa, com crescimento mais forte das importações (+14,7%) vis à vis o crescimento das exportações (+2,9%).• Para 2025, no entanto, o cenário esperado é de acomodação da atividade, em função da política monetária contracionista, das condições financeiras restritivas e do menor impulso fiscal. A Fiesp mantém a projeção de crescimento de 2,0% do PIB em 2025.
A visão da FIESPConforme antecipado nas notas anteriores, o crescimento do PIB em 2024 foi influenciado pela continuidade do bom desempenho do consumo das famílias e pela recuperação dos investimentos (FBCF) e da indústria de transformação. A expansão da renda das famílias e o avanço das concessões de crédito contribuíram para a retomada da produção de bens de capital e bens de consumo duráveis ao longo do ano. Contudo, o resultado do PIB no 4º trimestre confirmou o movimento de acomodação da atividade no final do ano. Para 2025, o cenário esperado é de menor crescimento devido à piora das condições financeiras, ao menor impulso fiscal e ao cenário global mais adverso. No entanto, o desempenho de setores menos cíclicos (como agropecuária e indústria extrativa) e estímulos do governo à demanda podem contrabalancear esse quadro.

LEIA TAMBÉM:
Estatísticas Macroeconômicas

Expedição de papelão ondulado totaliza 335.067 toneladas em janeiro de 2025

Pesquisa da Amcham revela otimismo empresarial, apesar de riscos econômicos em 2025

Resultado 4º trimestre de 2024
O PIB brasileiro cresceu 0,2% no 4º trimestre em relação ao 3º trimestre de 2024, considerando dados com ajuste sazonal. Este desempenho veio abaixo da projeção da Fiesp (+0,5%) e da expectativa do mercado (+0,4%). Em relação ao 4º trimestre de 2023, foi registrado crescimento de 3,6%. Com esse resultado no último trimestre do ano, o carregamento estatístico1 para 2025 é de 0,8%.
Pela ótica da oferta, a principal variação positiva foi da indústria geral, que apresentou crescimento de 0,3%, puxada pela construção civil (+2,5%), pela indústria de transformação (+0,8%) e pela indústria extrativa (+0,7%). Já o segmento de eletricidade e gás, água e esgoto (-1,2%) caiu no período. O setor de serviços avançou 0,1% no 4º trimestre, com avanços em comércio (+0,3%) e transporte (+0,4%). A agropecuária, por sua vez, apresentou queda de 2,3% no 4º trimestre.
No que se refere à ótica da demanda, o consumo das famílias caiu 1,0% na passagem trimestral e o consumo do governo cresceu 0,6%. A formação bruta de capital fixo (investimentos), por sua vez, avançou 0,4% no 4º trimestre de 2024. Por fim, a contribuição do setor externo foi negativa, com queda de 1,3% das exportações no trimestre e redução de 0,1% das importações no mesmo período. Todos os dados acima contemplam ajuste sazonal e são detalhados na Tabela 1.
Tabela 1 – Variações trimestrais do PIB (%)
Fonte: elaboração Fiesp a partir de dados do IBGE.
Resultado em 2024
Em 2024, a economia brasileira cresceu 3,4%, ritmo de crescimento superior ao observado no ano anterior (+3,2%).
Pela ótica da oferta, a indústria geral cresceu 3,3% em 2024 na comparação com 2023. O crescimento do setor foi espraiado por todos os segmentos, com destaque para a indústria de transformação, que avançou 3,8%. A construção civil também voltou a crescer em 2024, ao avançar 4,3%. A indústria extrativa e o segmento de eletricidade e gás, água e esgoto cresceram, respectivamente, 0,5% e 3,6% no ano. O setor de serviços também apresentou variação positiva (+3,7%), com destaque para informação e comunicação (+6,2%) e outros serviços (+5,3%). Por fim, a agropecuária registrou queda de 3,2% no ano.
No que se refere à ótica da demanda, as exportações aumentaram 2,9% em 2024, enquanto as importações avançaram 14,7%. Além disso, o consumo das famílias cresceu 4,8% e o consumo do governo avançou 1,9% no mesmo período. Por fim, a formação bruta de capital fixo (investimentos) registrou forte aumento no ano (+7,3%). Os dados acima são detalhados na Tabela 2.
Tabela 2: Variações anuais do PIB (%)
Fonte: elaboração Fiesp a partir de dados do IBGE.
Principais vetores do crescimento em 2024
Forte crescimento da renda das famílias, com contribuição do mercado de trabalho aquecido
O crescimento da economia brasileira em 2024 foi influenciado, dentre outros fatores, pelo forte dinamismo do mercado de trabalho. A taxa de desemprego encerrou o ano em 6,2%, menor patamar observado para esse período do ano desde o início da série histórica2. Esse desempenho refletiu o aumento da população ocupada que, ao longo do ano, foi puxada sobretudo pela ocupação formal. De acordo com informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), houve a criação de aproximadamente 1,7 milhão de novas vagas de emprego formal em 2024, acima do número de vagas criadas em 2023 (1,5 milhão).
Esse forte dinamismo do mercado de trabalho contribuiu para a elevação dos salários. Segundo dados da PNAD Contínua, o rendimento médio do trabalho cresceu cerca de 4,3% em termos reais no ano de 2024 na comparação com o ano anterior. A massa salarial, que corresponde à multiplicação do rendimento médio do trabalho pela população ocupada, avançou 7,4% no mesmo período. Além dos salários, a renda das famílias foi impulsionada pelas transferências governamentais, incluindo benefícios assistenciais e previdenciários. Estimamos que a massa salarial ampliada tenha crescido 7,0% acima da inflação em 2024 (Figura 1a), com contribuição significativa do crescimento dos salários e do pagamento de precatórios (outros) ocorrido no primeiro trimestre do ano (Figura 1b).
Figura 1a – Crescimento anual da Massa Salarial Ampliada (%) e Figura 1b -Decomposição do crescimento anual da Massa Salarial Ampliada (p.p.)
Fonte: elaboração Fiesp a partir de dados do IBGE.*Obs: o grupo outros inclui o pagamento de precatórios.
Retomada do crescimento da indústria de transformação e dos investimentos
A indústria de transformação voltou a contribuir para o crescimento do PIB, ao crescer 3,8% em 2024, após dois anos seguidos de retração (2022: -0,5%; 2023: -1,3%). A recuperação do setor no ano foi favorecida pelo bom desempenho da produção das categoriais de bens de capital e de bens de consumo duráveis, que cresceram, respectivamente, 9,1% e 10,6% em 2024. A primeira categoria foi beneficiada pela expansão do crédito e pela recuperação da confiança dos empresários, o que contribuiu para a retomada dos planos de investimento das empresas.
Outro fator importante que também explicou o bom desempenho de bens de capital ao longo do ano foi o forte crescimento da produção de veículos pesados, como ônibus e caminhões. A produção de ônibus aumentou 34,7% em 2024, enquanto a produção de caminhões avançou 40,5% no ano, segundo dados da Anfavea3.
Já a categoria de bens de consumo foi impulsionada pela expansão da renda e do crédito, no contexto de mercado de trabalho aquecido, com taxa de desemprego em mínimas históricas, e expansão da massa salarial ampliada. Na subdivisão do grupo, a produção de bens de consumo duráveis apresentou uma recuperação mais forte em 2024, como reflexo da maior produção de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, como máquinas de lavar e fogões, além de móveis, como armários e camas.
Como salientado acima, a expansão do crédito foi um dos fatores que contribuiu para a retomada das categorias de bens de capital e de bens de consumo duráveis. As concessões de crédito de recursos livres aumentaram cerca de 11,3% em termos reais em 2024. Já as concessões de crédito de recursos direcionados subiram aproximadamente 4,8% acima da inflação no mesmo período (Figura 2a e Figura 2b).
Figura 2a – Concessões de Crédito Recursos Livres (Pessoas Jurídicas) e Figura 2b – Concessões de Crédito Recursos Livres (Pessoas Físicas)Dados dessazonalizados
Fonte: elaboração Fiesp a partir de dados do Banco Central do Brasil.
Por fim, ao longo de 2024, o setor manufatureiro também foi beneficiado pela retomada dos investimentos. A formação bruta de capital fixo (FBCF) cresceu 7,3% em 2024, após queda de 3,0% em 2023. Este desempenho dos investimentos também foi influenciado pelo avanço da categoria de bens de capital, com destaque para o segmento de máquinas e equipamentos. Nesse cenário, o Indicador Mensal de FBCF elaborado pelo IPEA – que agrega os investimentos em máquinas e equipamentos, na construção civil e em outros ativos fixos – havia registrado crescimento de 15,6% dos investimentos em máquinas e equipamentos no acumulado do ano até novembro de 20244. O investimento em construção civil, por sua vez, havia crescido 4,7% na mesma base de comparação.
Cenário Prospectivo
Conforme esperado, o 4º trimestre de 2024 sinalizou uma desaceleração da atividade econômica, após crescimento de 1,0%, 1,3% e 0,7% no 1º, 2º e 3º trimestres, respectivamente. Para 2025, esperamos continuidade desse quadro de desaceleração do PIB, devido, em grande medida, à política monetária contracionista, às condições financeiras mais restritivas e ao menor impulso fiscal esperado para os próximos trimestres.
Dentre os fatores que têm contribuído para a piora das condições financeiras, destaca- se o aperto monetário. O Comitê de Política Monetária (COPOM) intensificou o ritmo de elevação da taxa na Selic a partir de dezembro, com aumento de 1,00 p.p. nas duas últimas reuniões e sinalização de aumento de mesma magnitude na reunião de março. A expectativa atual do mercado é que a Selic atinja 15,00% em junho e encerre 2025 neste mesmo patamar.
O Gráfico 1 apresenta a trajetória do Indicador de Condições Financeiras da Fiesp (ICF- FIESP), que sintetiza em um único indicador o comportamento das principais variáveis que influenciam as condições financeiras e a atividade econômica brasileira. Como é possível notar, há uma tendência de piora das condições financeiras desde o final de 2024, que foi acentuada nos últimos meses, sobretudo devido ao elevado patamar dos juros, tanto externos, quanto domésticos.
Gráfico 1: Indicador de Condições Financeiras da Fiesp (ICF-FIESP)
Fonte: elaboração Fiesp.
As condições financeiras restritivas poderão ter efeitos sobre o custo dos novos financiamentos e, consequentemente, sobre a dinâmica da atividade econômica. Este quadro é especialmente desafiador para a indústria de transformação, que é mais afetada pela piora das condições financeiras vis à vis a economia como um todo. Conforme estimativa da Fiesp, o choque de 1,00 ponto no ICF tem impacto baixista de 0,24 p.p. na economia e de 0,50 p.p na indústria de transformação, sendo que parcela significativa do choque (cerca de 90%) já é incorporada na atividade econômica e industrial logo nos três primeiros meses (Gráfico 2).
Gráfico 2: Impacto das condições financeiras sobre a atividade econômica e a indústriaResposta ao choque de 1,00 ponto do ICF
Fonte: elaboração Fiesp a partir de dados do IBGE e do Banco Central do Brasil.
Adicionalmente, diferentemente do que foi observado ao longo dos últimos anos, os próximos trimestres deverão apresentar menor impulso fiscal por parte do governo federal diante do esforço para o cumprimento das metas.
A Fiesp mantém a projeção de crescimento de 2,0% do PIB em 2025. Conforme apontado, o maior aperto das condições financeiras somado ao cenário externo mais desafiador tende a limitar o ritmo de expansão da atividade, sobretudo dos setores mais sensíveis ao ciclo econômico.
Por outro lado, possíveis surpresas altistas de setores menos sensíveis ao ciclo econômico, como a agropecuária e a indústria extrativa, podem contrabalancear essas forças contracionistas. Nessa linha, o PIB do 1º trimestre de 2025 deverá apresentar um crescimento mais forte, da ordem de 1,4%, em função do melhor desempenho esperado para a safra de grãos, que é fortemente concentrada nos primeiros meses do ano. A nossa projeção atual é de que a agricultura cresça 9,7% em 2025, com destaque para soja (+15,4%) e milho (+5,1%). Já os trimestres seguintes devem contar com a menor contribuição desse impulso favorável. Ademais, medidas do governo para estimular a atividade econômica, como a já anunciada liberação de recursos do FGTS para trabalhadores demitidos que realizaram o saque aniversário, da ordem de R$ 12 bilhões, e a possível criação do crédito consignado privado também constituem vetores altistas para o crescimento do PIB em 2025.
[1] O carregamento estatístico diz respeito à herança estatística de uma série. Isso significa que mesmo que o PIB brasileiro fique estável ao longo dos próximos quatro trimestres, ainda deverá crescer 0,8% em 2025.[2] A PNAD Contínua tem início em março de 2012.[3] Esse forte crescimento reflete o retorno para os patamares normais de produção após o processo de adaptação tecnológica da passagem do Euro 5 para o Euro 6 no início de 2023, que definiu limites mais baixos para emissões.[4] Último dado mensal disponível até a publicação desta nota. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/index.php/2025/01/indicador-ipea-mensal-de-fbcf-resultado-de-novembro-de-2024/

Fonte: Fiesp

Últimas Notícias

Primeiro semestre é marcado por oscilações nas exportações de madeira

Análise da WoodFlow aponta crescimento de 5% em volume de madeira e 5,6% em valor, mesmo com quedas mensais expressivas

Entrevista – SAF e o Setor de Celulose: uma oportunidade bilionária para a bioeconomia brasileira

No Brasil, estima-se uma produção de até 10 bilhões de litros de SAF/ano até 2040, com uso de etanol, resíduos agrícolas e biomassa florestal

Preços em dólar da celulose sobem na Europa e caem na China em abril e maio de 2025

Mercado global de celulose e derivados registra desaceleração na demanda europeia, queda nos preços chineses e estabilidade no Brasil, enquanto chapas e madeiras apresentam recuos significativos no Canadá

Branded Contents

SWM acelera transição global e anuncia portfólio de papéis Fluor Free no Brasil

Nova linha de papéis Fluor Free marca avanço sustentável da SWM no Brasil e antecipa tendências regulatórias globais

ZINGA METALL BRASIL comemora 14 anos de conquista e inovação no mercado brasileiro

ZINGA METALL BRASIL celebra trajetória de inovação e excelência em soluções anticorrosivas, reforçando parcerias e liderança no setor industrial

BASF responde à demanda por soluções seguras e certificadas para contato com alimentos

Produto da BASF combina segurança alimentar, desempenho técnico e menor impacto ambiental para embalagens de papel voltadas ao setor de alimentos

Compartilhar

Newsletter

Mantenha-se Atualizado!

Assine nossa newsletter gratuita e receba com exclusividade notícias e novidades