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Positive Packaging

Há algum tempo venho discutindo como no Brasil e
no mundo a sustentabilidade ganha cada vez
mais espaço como critério de consumo – o que
invariavelmente leva a uma resposta da indústria,
que tende a adaptar, com o tempo (pois trata-se de um processo
longo, que não acontece da noite para o dia), todas as etapas da
cadeia produtiva para refletir essa demanda dos consumidores.
O exercício da sustentabilidade, naturalmente, recai com
maior responsabilidade sobre as indústrias, mas em menor
escala atravessa também hábitos e escolhas de consumo em
nível individual, e quase tudo que diz respeito a ela pode ser
pensado nessas duas chaves.
O elemento que quero destacar aqui, por sua relevância e
tendência a aparecer na maioria das conversas corriqueiras
sobre sustentabilidade em diferentes indústrias, inclusive a de
alimentos e bebidas, é o das embalagens, que podem ser pensadas,
tanto em nível individual – quem recicla ou não recicla,
quem reaproveita, quem dá preferência a alimentos vendidos
em embalagens menores ou mesmo sem embalagens, quem faz
um descarte inadequado etc. – quanto em nível industrial – que
materiais são utilizados nas embalagens, como é seu processo
produtivo, se há uma preferência por materiais recicláveis, o
grau de envolvimento das indústrias nas cadeias recicladoras e,
de forma ampla, o que a indústria está fazendo para tornar suas
embalagens mais sustentáveis.
Temos envelopado esse complexo conjunto de iniciativas
rumo a embalagens mais sustentáveis no conceito de “positive
packaging” ou “embalagem positiva”: um olhar estratégico que
busca entender como embalagens ajudam a construir uma cadeia
de consumo sustentável e que passa por conceitos, como ecodesign,
descarte adequado, reciclabilidade e muitos outros fatores.
Diversas inovações vêm sendo implementadas neste
sentido, com destaque para a substituição de materiais das
embalagens por alternativas mais sustentáveis: plástico por
papel, utilização de materiais parcial ou totalmente reciclados
e retornáveis e por aí vai. Estas iniciativas, sem dúvida,
estão atreladas a uma expectativa dos consumidores: segundo
a pesquisa recente Consumo de Embalagens Sustentáveis
(Sustainable Packaging Consumer Research 2021), realizada
pela Tetra Pak, cerca de 40% dos consumidores mencionaram
ter mais motivação para realizar a separação de embalagens
para a reciclagem se elas forem feitas inteiramente de papel e
não tivessem plástico ou alumínio.
Nessa esteira, fabricantes de embalagens cartonadas têm testado
utilizar barreiras à base de fibras ou polímeros em substituição
ao alumínio, para ampliar o conteúdo renovável das embalagens
e neutralizar a pegada de carbono no processo de fabricação.
Os primeiros resultados têm sido promissores, sugerindo redução
substancial de emissão de CO2 sem comprometimento
da qualidade dos alimentos ou seus prazos de validade. Outro
diferencial está no aumento do interesse pelas fábricas de papel
em embalagens com maior teor desse material, o que fortalece o
ecossistema da economia circular de baixo carbono.
Fato é que precisamos, enquanto indústria, construir uma
jornada que priorize a sustentabilidade, e a partir de um item
aparentemente simples, como uma embalagem, conseguirmos
pensar e desenhar uma profunda inovação transformacional
colaborativa, que envolva a própria indústria, startups, universidades,
empresas de tecnologia e até instituições públicas. Assim,
atenderemos não só a uma demanda do planeta, mas também às
expectativas de consumidores cada vez mais críticos em relação
aos produtos que escolhem nas gôndolas.

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