No primeiro trimestre de 2024, a Suzano apresentou resultados mistos, com desafios e pontos positivos em seu desempenho econômico-financeiro. A receita líquida da empresa foi de R$ 9,459 milhões, com 78% gerada no mercado externo, refletindo uma redução de 16% em relação ao mesmo período do ano anterior. Essa queda foi explicada principalmente pelo menor preço médio líquido da celulose em dólar, do papel e pela desvalorização do dólar em relação ao real brasileiro.
As vendas de celulose tiveram uma leve queda de 2%, totalizando 2.401 mil toneladas, enquanto as vendas de papel apresentaram um aumento significativo de 12%, atingindo 313 mil toneladas em comparação com o mesmo período do ano anterior. A margem EBITDA ajustado no 1T24 foi de 48%, representando um aumento de 5 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior, indicando uma performance operacional mais eficiente.
A companhia destacou em seu release de resultados que “o mercado de celulose continuou a ter desempenho favorável durante o primeiro trimestre de 2024, que se refletiu em uma nova rodada de aumento dos preços, ainda não totalmente capturados nos resultados do período.”
No entanto, a empresa enfrentou desafios com resultados negativos, como a variação negativa no resultado financeiro devido à desvalorização cambial, impactando o lucro líquido registrado de R$ 220 milhões, uma queda significativa em relação ao trimestre anterior (-96%), principalmente devido ao impacto negativo da desvalorização cambial sobre dívidas e derivativos, além da ausência da reavaliação do ativo biológico e uma redução na receita líquida. No entanto, isso foi parcialmente compensado por créditos de impostos diferidos e uma diminuição nos custos dos produtos vendidos (CPV).
A dívida bruta da empresa aumentou em 2% em comparação ao trimestre anterior, atingindo R$ 79,0 bilhões, principalmente devido à variação cambial e captações líquidas. A maior parte da dívida é em moeda estrangeira, alinhada à natureza exportadora da Suzano, o que ajuda a mitigar riscos cambiais.
A dívida líquida aumentou para R$ 59,6 bilhões em 31 de março de 2024, explicada pelo aumento da dívida bruta devido à variação cambial e ao uso da geração de caixa livre, especialmente para despesas de capital e Juros sobre Capital Próprio (JCP).
O índice de alavancagem financeira, medido pela relação dívida líquida/EBITDA Ajustado, aumentou para 3,6x em Reais e 3,5x em dólares em 31 de março de 2024, refletindo um aumento na alavancagem financeira em comparação ao trimestre anterior.
PRINCIPAIS DESTAQUES DO 1T24 DA SUZANO
- Vendas de celulose de 2.401 mil ton (-2% vs. 1T23).
- Vendas de papel1
de 313 mil ton (12% vs. 1T23). - EBITDA Ajustado2
e Geração de caixa operacional3
: R$ 4,6 bilhões e R$ 2,5 bilhões respectivamente. - EBITDA Ajustado2
/ton de celulose em R$ 1.625/ton (-25% vs. 1T23). - EBITDA Ajustado2
/ton de papel em R$ 2.097/ton (-28% vs. 1T23). - Preço médio líquido de celulose – mercado externo: US$ 624/ton (-13% vs. 1T23).
- Preço médio líquido de papel1
de R$ 6.713/ton (-9% vs. 1T23). - Custo caixa de celulose sem paradas de R$ 812/ton (-13% vs. 1T23).
- Alavancagem em USD em 3,5x e 3,6x em BRL.
- Projeto Cerrado atinge 94% de progresso físico e 87% de progresso financeiro até final de abril.
1Considera os resultados da Unidade Bens de Consumo (tissue). | 2 Desconsidera itens não recorrentes. | 3 Considera o EBITDA Ajustado menos o capex de manutenção (regime caixa).
VOLUME DE VENDAS E RECEITA DE CELULOSE – A Suzano observou uma produção de papel acima do esperado, com baixos estoques de celulose e restrições logísticas, resultando em uma oferta inferior à demanda e aumentos nos preços da celulose em todas as regiões. Na China, a produção de papel teve um aumento significativo, enquanto na Europa a demanda por celulose superou as expectativas. A oferta de celulose química foi afetada por greves na Finlândia e crises logísticas. Os preços da celulose de fibra curta aumentaram, mas as vendas da Suzano diminuíram devido à sazonalidade e à necessidade de recomposição de estoques.
VOLUME DE VENDAS E RECEITA DE PAPÉIS – No início do primeiro trimestre de 2024, a demanda por papéis de Imprimir & Escrever no Brasil, incluindo importações, caiu em 20% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Essa queda foi influenciada por mudanças nos padrões de consumo, especialmente na demanda por papéis revestidos para promoções, e incertezas nos programas de compra de livros didáticos. No entanto, a demanda por papéis não-revestidos para escritórios mostrou mais resiliência, impulsionada pelo crescimento do emprego formal e o retorno às atividades presenciais.
Internacionalmente, houve uma melhora na demanda por papéis de Imprimir & Escrever, especialmente em mercados maduros, apesar da incerteza macroeconômica. Na América Latina, excluindo o Brasil, a demanda também se mostrou resiliente, principalmente para papéis não-revestidos.
No mercado brasileiro de papelcartão, houve uma redução de 6%, refletindo ajustes de estoque na cadeia e um consumo abaixo do esperado em alguns setores. As vendas domésticas da Suzano, considerando todos os segmentos mencionados, caíram 16% nos dois primeiros meses do primeiro trimestre de 2024 em comparação com o mesmo período do ano anterior.
As vendas totais de papel da Suzano no mercado interno no primeiro trimestre de 2024 totalizaram 209 mil toneladas, com uma redução sazonal de 22% em relação ao trimestre anterior. As vendas internacionais totalizaram 104 mil toneladas, representando 33% do volume total de vendas, com uma queda sazonal de 12% em comparação com o trimestre anterior.
O preço médio líquido do papel permaneceu estável em relação ao trimestre anterior, com uma queda de 9% em comparação com o mesmo período do ano anterior, devido principalmente às reduções nos preços dos segmentos de Imprimir & Escrever e papelcartão no mercado internacional, além da desvalorização do dólar em relação ao real.
A receita líquida de papel foi de R$ 2.099 milhões, redução de 19% em relação ao 4T23, em função
principalmente do menor volume de vendas (-19%), enquanto o preço médio líquido ficou estável . Em
comparação ao 1T23, o aumento de 1% ocorreu em função do aumento de 12% no volume de vendas
parcialmente compensado pela queda de 9% no preço médio líquido, bem como da desvalorização do
dólar perante o real de aproximadamente 5% no período.