A Suzano S.A., uma das maiores produtoras de celulose e papel do mundo, encerrou o quarto trimestre de 2024 (4T24) com crescimento expressivo nos principais indicadores operacionais, mas registrou prejuízo líquido de R$ 6,7 bilhões, impactado pela valorização cambial e perdas com derivativos, conforme resultados divulgados hoje, 12 de fevereiro.
O EBITDA ajustado consolidado atingiu R$ 6,5 bilhões no trimestre, representando um avanço de 44% na comparação com o mesmo período de 2023. O resultado foi impulsionado pelo aumento nas vendas de celulose e papel, pela estabilização da unidade de Ribas do Rio Pardo e pela valorização do dólar frente ao real, que beneficiou as receitas de exportação.
As vendas de celulose cresceram 19% no comparativo anual, totalizando 3,28 milhões de toneladas, enquanto o segmento de papel apresentou alta de 11%, alcançando 430 mil toneladas. O desempenho positivo foi sustentado pelo aumento da demanda na Ásia e na América do Norte, além da expansão da operação da Suzano Packaging US, que consolidou a presença da empresa no mercado internacional.
O preço médio líquido da celulose no mercado externo ficou em US$ 583 por tonelada, uma alta de 2% em relação ao 4T23, enquanto o preço médio do papel subiu 3%, atingindo R$ 6.926 por tonelada. O custo caixa de produção de celulose, sem considerar paradas programadas, recuou 1% no ano, fechando o trimestre em R$ 807 por tonelada, refletindo ganhos operacionais e a maior eficiência da nova unidade de Ribas do Rio Pardo.
A geração de caixa operacional atingiu R$ 4,8 bilhões no trimestre, um salto de 74% em relação ao 4T23. No acumulado do ano, a empresa gerou R$ 16,2 bilhões em caixa, um avanço de 40% na comparação com 2023. Esse desempenho contribuiu para a redução da alavancagem financeira, que caiu para 2,9 vezes em dólar e 3,3 vezes em real.
As vendas de papel da Suzano (imprimir & escrever, papelcartão e tissue) no mercado interno
totalizaram 293 mil toneladas no 4T24, crescimento de 12% em relação ao trimestre anterior, motivada
pelo crescimento das vendas de papel não revestido. Em relação ao 4T23, o crescimento de 9% foi
decorrente do aumento de vendas de papéis Imprimir & Escrever (principalmente em papel não
revestido) e de papelcartão.
Já as vendas de papel nos mercados internacionais totalizaram 137 mil toneladas, representando 32% do
volume total de vendas no 4T24. O aumento de 41% em relação ao 3T24 e de 17% em relação ao 4T23,
ocorreu devido à adição dos novos volumes de papelcartão da Suzano Packaging US a partir de Outubro
de 2024.
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Suzano: Impacto Cambial e Derivativos
Apesar dos avanços operacionais, o resultado financeiro da Suzano foi fortemente impactado pela valorização cambial. A desvalorização do real frente ao dólar no trimestre gerou um efeito negativo de R$ 8,9 bilhões na variação cambial da dívida da empresa, que encerrou o período em R$ 79 bilhões, um aumento de 42% em relação ao ano anterior.
Além disso, a Suzano teve um impacto negativo de R$ 5,4 bilhões com operações de hedge, principalmente devido à marcação a mercado de derivativos cambiais. Esses fatores pressionaram o resultado líquido da companhia, que passou de um lucro de R$ 4,5 bilhões no 4T23 para um prejuízo de R$ 6,7 bilhões no 4T24.
A empresa reforçou que a variação cambial e os efeitos dos derivativos têm impacto contábil no curto prazo, mas não representam um efeito direto no caixa, uma vez que a dívida da companhia é majoritariamente atrelada ao dólar, alinhada com sua receita predominantemente exportadora.
Perspectivas
Mesmo diante do impacto financeiro, a Suzano mantém uma posição estratégica fortalecida no setor. A conclusão da curva de aprendizado da unidade de Ribas do Rio Pardo, que ocorreu antes do previsto, deve trazer maior estabilidade operacional e ganhos de escala nos próximos trimestres.
A empresa também segue investindo na diversificação de negócios, com a ampliação da produção de papéis sanitários e embalagens, além de iniciativas voltadas para a bioeconomia e produtos sustentáveis. A entrada da Suzano Packaging US no portfólio é um passo importante nesse sentido, garantindo maior presença da companhia no mercado global de embalagens.
Olhando para 2025, conforme reporte de resultados, a Suzano espera manter sua trajetória de crescimento e competitividade, apoiada na eficiência operacional e na gestão estratégica do endividamento. No entanto, o cenário cambial e os desafios macroeconômicos seguirão como fatores de atenção, especialmente diante das oscilações do dólar e dos custos logísticos.
Com um balanço sólido e uma visão de longo prazo, a companhia segue focada em consolidar sua liderança no mercado global de celulose e papel, impulsionada por inovação, sustentabilidade e ganhos de produtividade.
Apresentação de resultados: A teleconferência com analistas e investidores ocorrerá nesta terça-feira, 13 de fevereiro, às 10h, com transmissão ao vivo no site de Relações com Investidores da Suzano.