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Symbiosis coloca floresta no centro da solução climática

Alan Batista, Chief Financial Officer (CFO) da Symbiosis, revela como surgiu a organização, fala sobre as frentes de atuação encabeçadas hoje e as respectivas contribuições aos stakeholders

O enfrentamento dos desafios acarretados pela mudança climática passa por uma série de iniciativas conjuntas. O setor de árvores cultivadas vem atuando em diferentes frentes que englobam a busca por tais soluções. A empresa florestal Symbiosis, que trabalha com reflorestamento e manejo de florestas plantadas, está entre os players que se destacam pela atuação no mercado de produtos renováveis e vem definindo um novo padrão para a indústria madeireira, contribuindo também para a consolidação da bioeconomia, modelo econômico baseado no melhor uso dos recursos naturais e na utilização de novas tecnologias destinadas à criação de produtos e serviços sustentáveis.


Na entrevista a seguir, Alan Batista, Chief Financial Officer (CFO) da Symbiosis, revela como surgiu a organização, fala sobre as frentes de atuação encabeçadas hoje e as respectivas contribuições que oferece aos stakeholders. Ele ainda traça um compilado sobre os desdobramentos previstos a favor do clima e do fortalecimento de um modelo econômico ancorado em sustentabilidade.

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O Papel – Quais são as atuais frentes de atuação da Symbiosis?

Alan Batista, CFO da Symbiosis – A Symbiosis foi fundada em 2008, por Bruno Mariani, e começou as suas operações efetivamente em 2010. O foco da formação da empresa era fazer um projeto piloto para checar se havia viabilidade econômica para restaurar a Mata Atlântica, bioma mais degradado do Brasil. Com
este propósito inicial, foram considerados dois aspectos importantes: qual produto seria responsável por equacionar a questão econômica e em qual região do Brasil o projeto se desenrolaria.

A madeira se revelou como produto rentável, enquanto o sul da Bahia se destacou pela estratégia geográfica, além da condição adequada de solo, clima, precipitação e infraestrutura. De 2010 a 2020, foi realizado o projeto piloto, com a aquisição de propriedades que totalizavam aproximadamente 1,5 mil hectares, onde foram testadas diversas espécies da Mata Atlântica para produção de madeira. Vale destacar que a Symbiosis sempre teve o objetivo de fazer um piloto de um bom tamanho, para testar essas novas ideias, mapear as dificuldades, identificar os diferenciais competitivos e fazer a captação do seu investidor institucional no prazo
de dez anos.

Concluído esse período e tendo obtido sucesso na comprovação do modelo de negócio baseado em restauração e produção de madeira, a Symbiosis se apresentou como uma empresa baiana, com aspiração de solucionar problemas globais. Atualmente, a silvicultura é o escopo central do negócio da Symbiosis, que fez a sua captação com um fundo de investimento da Apple, chamado Restore Fund.

Na prática, controlamos e administramos o ciclo completo do cultivo de espécies nativas da Mata Atlântica, desde a seleção de espécies, árvores matrizes, sementes, mudas, formação e manejo dos povoamentos florestais até a madeira entregue ao consumidor. Então, além de restaurar os processos ecossistêmicos em áreas degradadas, a Symbiosis fabrica produtos da economia atual, como madeira, mudas e créditos de carbono.

O Papel – De que forma o propósito da empresa está alinhado às demandas do contexto atual?

Batista – O Restore Fund, que tem a Apple como principal investidora, em parceria com a Conservation International e a Goldman Sachs, analisou 200 iniciativas globais e chegou à conclusão de que a floresta é a melhor solução para a estratégia de descarbonização do planeta. O propósito da Symbiosis é construir uma sociedade mais justa por meio do consumo consciente.

No nosso modelo de negócio, isso se traduz com a produção de espécies de madeira que foram degradadas nos últimos 500 anos, trazendo vida de volta a produtos que foram extintos. Oferecemos aos clientes produtos que agregam valor à biodiversidade, à floresta e ao clima, mas, principalmente, que mantêm as pessoas no centro da nossa estratégia. Somos uma empresa de fato baiana, que reúne mais de 120 colaboradores diretos, sendo que 94% deles são da Bahia e 70% são das comunidades de entorno das nossas operações. Acreditamos que o engajamento das pessoas que acompanham de perto a nossa atuação faz parte do ciclo virtuoso que estamos construindo.

O Papel – Quais são os objetivos que pautam o planejamento estratégico da empresa?

Batista – O nosso objetivo estratégico baseia-se na resolução de três grandes desafios da sociedade, os quais dividimos em regional, nacional e global. A degradação da Mata Atlântica posiciona-se como o nosso desafio regional. Vale lembrar que a Symbiosis destaca-se como a primeira empresa a ter um programa em larga escala de melhoramento genético das espécies da Mata Atlântica. O desafio nacional, por sua vez, é que cerca de 70% da produção de madeira tropical do Brasil ainda é de origem ilegal ou apresenta algum tipo de
ilegalidade na sua cadeia de custódia.

Por fim, o desafio global é a crise da biodiversidade e as demais consequências da mudança climática. Diante desses três desafios impostos pelo contexto atual, oferecemos três oportunidades para os nossos investidores. No contexto regional da degradação da Mata Atlântica, o nosso propósito é produzir sementes e mudas de espécies que foram negligenciadas historicamente.

Do ponto de vista nacional, identificamos uma oportunidade no consumo de madeira que esteja de acordo com as exigências legais, com áreas devidamente certificadas. A Symbiosis é hoje a única empresa com certificação FSC e VCS, da Verra Standard. Já no contexto global, a oportunidade encontra-se nas árvores, uma vez que nenhuma tecnologia é mais eficiente ou melhor que as árvores para estocar carbono. As três soluções, portanto, atuam como pilares do nosso negócio.

O Papel – Quais são os diferenciais competitivos que contribuem com a busca deste propósito?

Batista – A realização do projeto piloto foi uma decisão acertada e que nos trouxe reflexos positivos até hoje. O projeto piloto foi uma forma de testar o time e as tecnologias adotadas, com uma escala apropriada,
que permitiu as correções necessárias de forma ágil e rentável – diferencial importante não só para o nosso negócio como para o mundo corporativo de maneira geral. O engajamento dos acionistas, que são
os mesmos há 15 anos, e o alinhamento com os investidores que chegaram mais
recentemente é mais um fator relevante.

A Apple, por exemplo, tem um alinhamento muito grande com os valores, visão e missão da Symbiosis, representando mais um diferencial competitivo para a empresa. O investimento em P&D desponta como o
principal diferencial competitivo que temos. Os estudos e as práticas de inovação direcionadas à silvicultura, ao longo dos últimos anos, foram primordiais para os resultados em melhoramento genético e aumento de produtividade conquistados.

E isso teve início lá atrás, pois quando a Symbiosis foi criada, já sabíamos onde mirar. Praticar, de fato, esse alinhamento de propósito, missão e visão é indispensável para adotar as condutas que vão trazer diferencial competitivo ao longo do tempo.

O Papel – Estendendo a contextualização às perspectivas de mercado nos nichos de atuação da empresa, como você avalia o posicionamento do Brasil no cenário global?

Batista – O Brasil tem um potencial enorme de ser parte da solução climática. Temos o mercado regulado
de carbono em curso – embora devamos passar por um longo processo de regulamentação, já entramos em uma fase importante. Enquanto as questões regulatórias estão em andamento, existe uma urgência climática inegável. Tudo o que pudermos fazer até 2030, temos de fazer, pois tanto o carbono que deixamos de emitir quanto o que conseguimos sequestrar, nestes próximos anos, farão muita diferença mais adiante. Por isso, também trabalhamos ativamente com o mercado voluntário.

De acordo com estimativas de estudos diversos, o Brasil pode responder pela remoção de 20% do carbono global. Quando aliamos esse potencial aos avanços da silvicultura e todas as demais questões ligadas ao uso da terra a partir de estratégias de baixo carbono, com os 120 milhões de hectares de áreas degradadas que temos hoje, chegamos a um potencial gigantesco, mesmo se considerarmos o consumo crescente
por produtos advindos da madeira.

O Papel – Atualmente, a Symbiosis tem algum tipo de interação com outros setores que compõem a indústria de árvores cultivadas? É possível vislumbrar um cenário futuro em que esses outros setores atuem como um cluster em prol de benefícios comuns à bioeconomia?

Batista – Sim. Nos tornamos associados da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ) no ano passado e a expectativa é de uma interação crescente. O mercado de madeira é um mercado bastante maduro. Ao mesmo tempo, há uma série de questões relacionadas às nativas ainda em aberto. Em resumo, o modelo de negócio
evoluiu em conformidade com as demandas atuais, mas as regulamentações não evoluíram na mesma velocidade. Encontrar caminhos que façam mais sentido do ponto de vista da silvicultura de nativas
é uma das discussões que temos trazido para a IBÁ e para os nossos parceiros.

A questão da isonomia tributária e autorização para colheita são outros temas que temos trazido nas nossas interações com o setor. Se pensarmos que a madeira está entre os produtos mais taxados na construção civil, muito mais do que o aço e o cimento, por exemplo, vemos a necessidade de buscarmos mecanismos mais atuais e eficientes para fomentar o plantio sem abrir mão da arrecadação.

É uma agenda bastante ampla, que inclui também parcerias para desenvolvimentos técnicos com outras empresas do setor e até mesmo com outras cadeias de valor. Portanto, o fortalecimento de um cluster, não apenas de silvicultura, mas também com outras culturas, é essencial para a concretização dos próximos projetos cooperativos.

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