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Você sabia: Qual a quantidade de água utilizada para produzir uma tonelada de celulose?

Com reduções expressivas no consumo de água ano após ano em seu processo produtivo, da floresta à fábrica, o setor de celulose e papel é referência mundial em resultados que impactam positivamente a empresa e o meio ambiente

A água é essencial para a vida, mas, devido aos impactos provocados pelas mudanças climáticas e o aumento constante do uso da água no mundo a cada ano, as previsões da Organização Mundial de Saúde (OMS) para este recurso não são positivas. Estima-se que em 2025, metade da população mundial viverá em áreas com escassez de água. Ao mesmo tempo, as indústrias são responsáveis pelo uso intensivo do recurso. Felizmente, o panorama do consumo de água no setor de papel e celulose tem demonstrado ir contra as alarmantes estatísticas ao longo dos anos.

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Em meados de 1980, o setor gastava de 180 m³ a 200 m³ de água para produzir uma tonelada de celulose. Atuando fortemente na gestão hídrica, já em 2022, o consumo médio caiu para 25 m³ de água por tonelada, conforme dados fornecidos pelo próprio setor em matéria publicada no jornal Valor Econômico no mesmo ano.

E não para por aí. Na mesma reportagem, Paulo Cassim, então coordenador da Comissão Técnica de Meio Ambiente da Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (ABTCP), apontou que as principais indústrias do setor florestal têm anunciado recuos entre 20% e 30% do consumo atual até 2030.

Além disso, 82% da água captada pela maioria do segmento de papel e celulose é tratada e devolvida ao corpo d’água, com qualidade superior à sua captação, sendo que 43% de toda a água dos processos fabris é reutilizada, segundo relatório Árvores Plantadas e Recursos Hídricos da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), de 2018. Da floresta ao produto acabado, o processo de fabricação tem sido aprimorado.

Desde o manejo florestal ao fechamento de circuitos nas indústrias, por conta dos investimentos destas fabricantes e da inovação constante trazida pelos fornecedores de equipamentos, a indústria brasileira de papel e celulose atingiu os melhores padrões mundiais do setor.

A gestão hídrica e os resultados das fabricantes na prática

Os players do setor de celulose e papel Suzano e Veracel são exemplos da gestão hídrica de resultados, com metas atreladas ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas, relativo ao uso da água e saneamento. Manejo, hidrossolidariedade, uso racional da água, engajamento com os parceiros, reuso de água, cultivo mínimo do solo, são apenas algumas das práticas adotadas e que serão mencionadas a seguir.

A Suzano por meio do conjunto de metas de longo prazo na frente ESG, intitulado Compromissos para Renovar a Vida, visa aumentar a disponibilidade hídrica em todas as bacias hidrográficas críticas nas regiões de atuação da companhia atuando em manejo e planejamento florestal. Além disso, tem o objetivo de reduzir em até 15% a água captada em suas operações industriais. Ambos os compromissos estão previstos para serem alcançados até 2030.

Conforme Alberto Carvalho de Oliveira Filho, gerente de Meio Ambiente Industrial na Suzano, a falta de chuvas no Brasil tem sido uma preocupação crescente, levando a uma crise hídrica em várias regiões do país. “Isto afeta não apenas o abastecimento de água, mas também a geração de energia, a produção agrícola e outras atividades. Em alinhamento com este cenário nacional, a Suzano tem intensificado os trabalhos que objetivam a redução do consumo de água nas unidades industriais e florestais da companhia”, disse.

Nas unidades industriais, por exemplo, o gerente conta que a empresa atua com Reservatórios Sustentáveis de Água, uma vez que cerca de 85% da água captada é recirculada dentro do próprio processo produtivo e após o uso nas operações, os efluentes gerados passam por rigorosos processos de tratamento, atingindo uma eficiência de 97% de carga orgânica, antes de serem devolvidos aos corpos hídricos. Os mesmos são frequentemente monitorados para garantir a qualidade e enquadramento aos requisitos legais aplicáveis.

Em sua cadeia de fornecimento, a companhia também trabalha no engajamento com seus parceiros. É o caso do Programa Cuidar da Água, que incentiva o uso racional da água e conta com práticas de mitigação de potenciais riscos.

Lançada em 2022, a iniciativa os estimula a adotarem práticas responsáveis de gestão hídrica, promovendo o uso consciente da água por meio do monitoramento e análise de riscos e oportunidades, integrando uma das 15 metas de longo prazo da companhia. “Entre os fornecedores estratégicos selecionados para participar da iniciativa, o engajamento atingiu 85% em 2023”, mencionou Filho.

Movida pelo Propósito de Renovar a vida a partir da árvore, a Suzano desenvolve ações que estejam alinhadas com o que chama de inovabilidade – inovação a favor da sustentabilidade – um modelo que é feito a partir de práticas sustentáveis e responsáveis com o planeta, e que contribuem para a conservação da água, considerando as características de cada ambiente no qual atuamos. Os plantios de eucalipto da companhia são integrados à conservação de florestas nativas, protegendo a biodiversidade e preservando as nascentes.

“Com o investimento em tecnologia em nossas operações, é possível ter resultados cada vez mais eficientes e sustentáveis, a exemplo do InovaÁgua, uma iniciativa que atua no compromisso de aumentar a disponibilidade hídrica nas bacias hidrográficas consideradas mais críticas. Para isso, é realizado uma completa classificação da criticidade hídrica das bacias existentes nas áreas de atuação da Suzano. Essa classificação considera vários critérios técnicos, mas também a presença e demanda por água de comunidades vizinhas, dentro do conceito de hidrossolidariedade”, explica o gerente de Meio Ambiente da companhia.

“Após esta etapa, para cada bacia hidrográfica um conjunto de ações de manejo é planejado para reduzir a nossa demanda pelos recursos hídricos. Estas ações de manejo incluem, por exemplo, aumento do mosaico de idade dos plantios, redução da intensidade de plantas por unidade de área, adoção de práticas de conservação e proteção das nascentes, uso de colar de proteção de mudas, entre outras. A efetividade destas ações está sendo monitorada por modernas técnicas de sensoriamento remoto”, complementa.

A Suzano conta ainda com uma rede própria de 73 estações meteorológicas distribuídas em que é possível acessar dados de 95 estações públicas, além de seis torres de fluxo, equipadas com instrumentos que realizam o monitoramento do balanço de água e carbono.

Já o sistema de reúso é baseado em uma série de reaproveitamentos internos da água industrial, entre eles água de resfriamento, água quente, condensados (vapor e licor), filtrados do branqueamento, água branca das máquinas secadoras e de recirculações internas na própria estação de tratamento de água. “Operamos seguindo os limites de referência de melhores práticas internacionais, como o Integrated Pollution Prevention and Control (IPPC) e a International Finance Corporation (IFC), que estipulam limites que variam de um mínimo de 25 m³/tsa a 50 m³/tsa (tonelada de celulose seca ao ar)”, conclui.

Na Veracel, reduzir o consumo de água é uma premissa que as equipes aplicam desde a área de viveiro de mudas até a folha de celulose produzida. Como exemplo destas ações estão as práticas de cultivo mínimo do solo e a utilização de tecnologias para otimizar o uso da água na irrigação das mudas de eucalipto; o plantio em mosaico que preserva a vegetação natural em platôs e entremeia com a plantação de eucalipto, o que contribui para evitar a erosão e que impacta a absorção de água no solo.

“Além disso, a Veracel realiza, há mais de 17 anos, o monitoramento de diversas microbacias hidrográficas em sua área de atuação, para acompanhar sempre como a plantação está absorvendo água e como, em termos de qualidade, a água está chegando no solo e nas bacias”, disse Tarciso Matos, coordenador de Meio Ambiente da Veracel.

Outra iniciativa importante da Veracel é a sua gestão da Reserva Privada do Patrimônio Natural (RPPN) Estação Veracel, a maior reserva privada de Mata Atlântica do nordeste brasileiro e que protege 115 nascentes que abastecem as comunidades da região Sul da Bahia.

Vale destacar ainda que, em 2023, a Veracel alcançou o menor índice médio anual de uso específico de água da história de suas operações. Foram 20,2 metros cúbicos por tonelada de celulose produzida (m³/tsa). “Esse resultado, melhorado ao longo de sete anos, representa uma redução total de quase 20% no uso de água na produção da empresa durante esse período. Assim, coloca-a como uma das melhores do mundo quanto à economia do recurso em sua produção”, destacou Matos.

A redução significa que, com inovações e melhorias nos processos da fábrica, a companhia deixou de usar, por ano, mais de 6 bilhões de litros de água do Rio Jequitinhonha, nos últimos sete anos. São pouquíssimas as empresas no mundo que trabalham com patamares de uso de água como os da Veracel. “Por isso, é com grande satisfação que alcançamos esse marco, fruto de anos dedicados a uma busca constante por oportunidades. Estas oportunidades visam não apenas minimizar o uso dos recursos hídricos, mas também garantir que esses recursos estejam sendo utilizados com responsabilidade em todos os nossos processos”, pontuou o coordenador de Meio Ambiente.

Na área florestal, o manejo adequado do recurso é a melhor estratégia, conforme Matos. “Entre as melhores práticas, podemos citar o descascamento da madeira no campo para reter a biomassa residual da colheita (folhas, galhos finos e cascas), como forma de proteger e melhorar as características físicas e nutricionais do solo; a lavagem de máquinas e equipamentos em locais planos e distantes de mananciais e de áreas de preservação, o cultivo mínimo do solo, o espaçamento do plantio entre 9 e 12 m por planta, o planejamento de colheita levando em consideração as características climáticas e de solo, o uso de gel durante o plantio das mudas, que reduz cerca de 3 vezes a necessidade de água, o uso de gel para umectação de estradas, entre diversas outras frentes”, citou o coordenador da Veracel.

Especificamente na fábrica, para atingir tais resultados quanto à redução do uso de água na operação, há sete anos a companhia começou um trabalho intenso de estudos de implementações de melhorias que surtiram efeitos importantes. “No início desta frente de trabalho, em 2017, o uso específico de água era de 25,2 m³/tsa e a meta inicial era reduzir o uso de água em 10% até 2022. Hoje, comemoramos a marca de quase 20% a menos desse consumo e esperamos reduzir ainda mais nos próximos anos”, comemorou Matos.

Entre as soluções implementadas destacam-se a automação de controle de nível de tanques, a instalação de alarmes novos nos painéis de controle para aprimorar o controle e uso de água, a implementação de ferramentas de gestão online de controle do uso e ainda o investimento em novas tubulações e válvulas para aumentar o reuso da água em alguns processos industriais.

Somado a todas as ações, ainda no processo de fabricação de celulose da Veracel, a empresa devolve mais de 99% da água captada do Rio Jequitinhonha ao meio ambiente e que desde o início das operações da companhia na fábrica em Eunápolis (BA), em 2005, a empresa segue a regra de devolver a água utilizada 800 metros antes do ponto de sua captação. “Isso mostra o quanto confiamos na qualidade do efluente que devolvemos ao Rio Jequitinhonha, outro diferencial da empresa, uma vez que poucas companhias no mundo têm esse conceito”, completou Matos.

O papel dos fornecedores de tecnologias para os resultados da gestão hídrica das fábricas

No próximo dia 26 e 27 de março, em formato virtual, a Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (ABTCP), promoverá a sétima edição do Workshop de Águas e Efluentes, contando com a participação dos cases das fabricantes e dos principais fornecedores de tecnologias para tratamento de águas e efluentes para o setor de celulose e papel.

Essas empresas possuem um papel fundamental. Seja com inovações em equipamentos, seja com inovações em produtos químicos cada vez mais eficientes e econômicos.

O resultado é esperado: cuidado ao meio ambiente e eficiência produtiva superior. Conheça a seguir a principal tecnologia de algumas das empresas patrocinadoras do evento:

Kemira

Diante dos desafios relacionados ao consumo de água fresca na indústria de celulose e papel, recentemente a Kemira desenvolveu uma tecnologia que possibilita reutilização da água recuperada do tratamento de efluente para que seja enviada de volta no processo industrial.

O FennoRW permite o monitoramento e controle das variáveis mais importantes do processo como: turbidez, TSS, condutividade, TOC (carbono orgânico total), tendo interface com a aplicação dos produtos químicos de forma preditiva, garantindo a qualidade da água industrial que será reutilizada.

Aliando as tecnologias de monitoramento com o conhecimento em química, a Kemira entrega ao processo uma água com maior qualidade e com parâmetros estáveis, permitindo aos clientes a otimização do consumo e a possibilidade do reuso na faixa de 25 – 50%.

Solenis

Há mais de 100 anos, as operações industriais com uso intensivo de água como o setor de celulose e papel confiam na Solenis para fornecer as soluções de tratamento de água necessárias para uma operação eficiente e lucrativa.

As soluções de tratamento de águas abordam praticamente todos os desafios que a água bruta, a água de rede e a água residual, garantindo a qualidade ideal e o uso eficiente durante toda a sua operação.

As soluções de tratamento de água da Solenis começam na água afluente e seguem até as águas residuais, apoiando todos os aspectos de suas operações e melhorando a eficiência, a confiabilidade e a lucratividade da planta. A companhia possui um portfólio completo de produtos químicos e um conjunto avançado de dispositivos de monitoramento e controle, conhecido como OnGuard™, para:

– Tratamento de água bruta

– Tratamento de membrana de osmose reversa

– Tratamento de água de caldeira

– Tratamento de água de resfriamento

Já o programa ClearPointSM de Detecção e controle de biofilme da Solenis é uma solução de controle microbiológico exclusiva para sistemas de água industriais. O programa reúne um dispositivo de monitoramento inédito no mundo, química avançada e serviço especializado para fornecer uma proteção abrangente contra atividade microbiológica e biofilme. O dispositivo de monitoramento emprega um sensor ultrassônico patenteado para detectar o crescimento do biofilme mais cedo do que qualquer outra tecnologia disponível comercialmente, permitindo que ações corretivas sejam tomadas antes que o biofilme cause perda de transferência de calor ou danos ao equipamento.

Voith


Para a Voith Paper a produção sustentável de papel só é possível com uma gestão profissional da água, através da combinação de sistemas de limpeza biológica, sistemas de filtragem e sistemas de recirculação. Com AquaLine Flex o consumo de água fresca é reduzido; com o AquaLine Zero, todos os circuitos de água da máquina de papel são fechados, e a necessidade de água fresca da máquina de papel é reduzida para cerca de 1,5 litros por quilograma de papel produzido – exatamente a quantidade que evapora durante a produção de papel.

Não importa onde a fábrica de papel esteja situada, as disposições legais locais e os tópicos de proteção ambiental e consumo de recursos estão se tornando cada vez mais importantes. Com o conceito AquaLine, a Voith Paper possui um módulo para tornar a fábrica de papel significativamente mais sustentável e, portanto, mais amiga do ambiente. AquaLine reduz o fornecimento de água fresca para cerca de 7 litros por quilograma de papel produzido. Como resultado, a quantidade de efluente, ou água de processo tratada, neste caso, que sai da fábrica de papel é limitada a cerca de 5,5 l/kg.

A Voith Paper é a primeira no setor a oferecer um circuito fechado de água com uso minimizado de água – mais uma prova da força inovadora da empresa na área de sustentabilidade.

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