Bambu, Biodiversidade E Florestas Plantadas

    BAMBU, BIODIVERSIDADE
    E FLORESTAS PLANTADAS

    POR HANS J. KLEINE
    Membro da ABTCP e da Bambu-SC – Associação
    Catarinense do Bambu, trabalhou nas empresas
    Borregaard, Cenibra e Klabin entre 1971 e 2003,
    em gestão da qualidade e do meio ambiente.



    Florestas plantadas são aquelas cultivadas pela indústria
    de base florestal, como serrarias, fábricas de
    celulose e papel e produtores de carvão vegetal, por
    exemplo. Elas são monoculturas homogêneas, que
    fornecem o que as florestas nativas, por sua elevada
    diversidade de espécies, não podem oferecer. Além disso, elas
    reduzem muito o custo de transporte da madeira, porque são
    plantadas em locais próximos das indústrias, em forma de rodízio
    das áreas plantadas. O setor produtivo se destaca por preservar
    também florestas nativas, na proporção de 70 hectares para
    cada 100 hectares de floresta plantada em média.
    Em 2019 foi aprovado o primeiro Plano Nacional de Florestas
    Plantadas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
    [1], para orientar as ações do setor. O documento passou
    por uma consulta pública e está disponível na Internet. Nele são
    apontados uma dúzia de objetivos, com suas respectivas ações
    indicativas, visando atingir a meta do plantio de 2 milhões de
    hectares de florestas homogêneas até 2030, que vão se somar
    aos 10 milhões de hectares hoje existentes. A meta é demasiadamente
    modesta, quando comparada com o ritmo de desmatamento
    de matas nativas, que em apenas um ano, registrado em
    2020, foi de 920 mil hectares. Mantendo este mesmo ritmo até
    2030, serão mais 9,2 milhões de hectares perdidos de matas de
    grande biodiversidade.
    Outra questão preocupante é o desequilíbrio entre as espécies
    no universo de florestas plantadas no Brasil. Atualmente
    temos 75% de eucalipto, 20% de pinus e apenas 5%
    das demais espécies plantadas, como: acácia, mogno, teca,
    seringueira, paricá, ipê, araucária e um grande número de
    outras espécies. E a tendência para os próximos anos é de aumento
    da concentração de espécies, pois a área plantada de
    pinus vem diminuindo ano a ano, por motivos econômicos,
    enquanto que a de eucalipto aumenta ao ritmo de 200 mil
    hectares por ano. Assim, os novos plantios serão praticamente
    de um único tipo de árvore. É um risco muito grande um
    país inteiro depender de tão poucas alternativas, tanto pelo
    aspecto ambiental da perda de diversidade, quanto pelo aspecto
    econômico das perdas de florestas, em função de pragas
    e doenças, que ainda não estão devidamente estudadas
    e/ou controladas. No caso do eucalipto há diversas pragas e
    doenças já identificadas, cujas perdas se somam aos efeitos
    das mudanças climáticas e aos desastres naturais, como fortes
    ventanias, secas prolongadas, incêndios e geadas. Além
    disso, o eucalipto vem apresentando uma gradativa redução
    de sua produtividade média, devido à expansão da área cultivada
    para regiões de produtividade mais baixa.
    Como chegamos a essa situação? Durante quatro séculos
    nossas florestas nativas foram exploradas sem preocupação. O
    plantio de florestas homogêneas teve início apenas na década
    de 1910, quando a Companhia Paulista de Estradas de Ferro
    decidiu plantar eucalipto em larga escala para usar como dormentes,
    postes telegráficos e combustível para suas locomotivas.
    O sucesso foi grande e outros setores da economia também adotaram
    o eucalipto como matéria-prima, ao lado da araucária,
    que era a única espécie de floresta nativa homogênea disponível.
    Na década de 1960 veio o segundo forte impulso para florestas
    plantadas, com a criação de um programa nacional de incentivos
    fiscais ao reflorestamento, que durou duas décadas. Naquele
    momento, entrou em cena também o pinus, ao lado do eucalipto,
    para substituir a araucária, que já então estava se encaminhando
    a um previsível extermínio e não era plantada devido
    ao seu crescimento muito lento. Outras espécies de madeiras
    nobres e de crescimento lento também são plantadas, mas em
    quantidades pouco expressivas até hoje, quando comparadas
    com eucalipto e pinus. Na década de 1980 o setor de florestas
    plantadas deixou de ser assistido e controlado pelo Ministério
    da Agricultura, passando às mãos do então recém-criado Ministério
    do Meio Ambiente, o que representou uma sensível perda
    de planejamento e de assistência governamental. Só a partir
    de 2014, o setor retornou à esfera do Ministério da Agricultura,
    que vai demorar ainda algum tempo para retomar as suas funções
    originais com eficiência.

    Últimas Notícias

    Klabin anuncia investimentos de R$ 4,5 bi para 2024

    Como fato relevante ao mercado, a companhia divulgou as projeções de investimentos com R$ 4,5 bilhões destinados à silvicultura, continuidade operacional, projetos especiais, a nova caldeira de Monte Alegre e aportes ainda previstos ao Puma II

    Com investimento de R$ 33 milhões, Valmet inaugura nova unidade industrial em Sorocaba (SP)

    A Valmet inaugura um centro de R$ 33 milhões em Sorocaba para manutenção de rolos de papel e celulose, fortalecendo sua presença na América do Sul.

    Segmento de aparas poderá enfrentar desafios para abastecer o mercado

    "Com a economia dando sinais de recuperação, se a demanda iniciar 2024 aquecida, poderemos ter falta de material mesmo com o mercado continuando a receber grandes volumes de papel de fibra virgem", aponta Pedro Vilas Boas, da Anguti Consultoria

    Branded Contents

    Instituto Senai de Tecnologia em Celulose e Papel amplia foco em sustentabilidade

    Em um cenário industrial sempre mais competitivo e de constantes transformações são cada vez mais comuns projetos que exigem a implementação de processos inovadores...

    IPEL Revoluciona Gestão de Insumos Químicos e Amplia Competitividade com Siderquímica

    Em resposta ao aumento dos custos de produção, a fabricante de papéis tissue IPEL reformulou sua gestão de insumos químicos em parceria com a Siderquímica. Resultando em redução de custos, estabilidade operacional e melhoria na qualidade dos produtos, a colaboração gerou benefícios expressivos e promete futuras inovações.

    Química Nova Brasil: Inovação e Excelência no Setor Químico Nacional

    A Química Nova Brasil (QNB) destaca-se no mercado de produtos químicos pela inovação e qualidade, fundamentada em alta tecnologia e uma equipe especializada. Com estratégias bem definidas e visão para o futuro, a empresa está posicionada para liderar e expandir sua presença na indústria.

    Compartilhar

    Newsletter

    Mantenha-se Atualizado!

    Assine nossa newsletter e receba com exclusividade novidades e notícias do setor.