De 2010 a 2024, os plantios em áreas de pastagens e não nativas do Mato Grosso do Sul passaram de uma média de 341 mil hectares a 1,6 milhão de hectares. O incremento florestal vem acompanhado de outros dados relevantes, conforme contextualizou Jaime Verruck, Secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (SEMADESC) do Mato Grosso do Sul, na palestra concedida no segundo dia do ABTCP 2024. “Em 2022, dado oficial mais recente, tivemos o maior crescimento do PIB agropecuário do País, com 32%. O crescimento de 68% da indústria de transformação também foi o maior do Brasil, naquele ano. Devemos ainda registrar a nossa maior participação na economia brasileira, muito em função da expansão da indústria na região.”
A indústria de celulose e papel instalada no estado é representada pela Suzano, com duas unidades fabris de celulose em Três Lagoas e outra em Ribas do Rio Pardo, pela Eldorado, com uma planta de celulose em Três Lagoas, pela Sylvamo, com uma fábrica de papel em Três Lagoas, pela Arauco, com o Projeto Sucuriú, que contempla a construção de uma fábrica de celulose em Inocência, e pela Bracell, que anunciou, neste mês, o projeto de uma linha de produção de celulose em Água Clara. “A curva de crescimento do setor no Mato Grosso do Sul é expressiva, mas, mais importante do que avaliar o volume de produção e o mosaico da distribuição das florestas de eucalipto, é que o nosso propósito ao adotar o conceito de Vale da Celulose é elevar o nível de inovação e manter uma competitividade permanente que englobe toda a cadeia produtiva. Temos, por exemplo, o Instituto Senai de Biomassa, que opera exclusivamente dedicado à região, além de uma rede de qualificação profissional estruturada com todos os demais parceiros”, destacou Verruck.
O contexto de crescimento, não apenas do setor de celulose e papel como de multiproteínas, levanta uma dúvida comum sobre o potencial para novos investimentos. “Hoje, no Vale da Celulose, temos 1,5 milhão de hectares ocupados e cerca de 7 milhões de hectares disponíveis. Também é válido destacar que há em curso um programa federal destinado a recuperar 4 milhões de hectares de áreas degradadas identificadas na região. É muito claro, portanto, que temos uma facilidade de expansão sob o viés de oportunidade”, respondeu o secretário da SEMADESC.
O Plano Estadual de Desenvolvimento Sustentável de Florestas Plantadas de Mato Grosso do Sul (Profloresta) – cujo objetivo é fomentar a diversificação da produção florestal, o fortalecimento produtivo e a ampliação da base florestal – está entre as iniciativas em curso. O objetivo de neutralizar as emissões de carbono do Mato Grosso do Sul até 2030 também pauta as ações e os projetos colocados em prática pela atual gestão. Além do espaço físico, Verruck falou sobre as frentes de trabalho encabeçadas pelo governo do estado para atrair novos investimentos. “O Mato Grosso do Sul responde hoje por 24% da produção nacional de celulose, com um volume anual de 5,5 milhões de toneladas – a crescer, conforme as fábricas mais recentes expandirem a sua produção. Estamos ampliando o olhar à indústria de papel – para que toda a celulose produzida na região também possa ser usada de forma competitiva pelos fabricantes de tissue, e a outros players da cadeia produtiva, como fornecedores de insumos químicos e de serviços de manutenção industrial”, antecipou.
O planejamento estratégico do estado ainda contempla a superação de gargalos estruturais como capacitação e retenção de mão de obra e infraestrutura logística. Pavimentação e restauração de rodovias estaduais, melhorias em ruas, avenidas e sistemas de drenagem, estruturação de aeroportos, expansão do saneamento básico e reestruturação energética fazem parte das ações de infraestrutura e logística, que somou um aporte de mais de R$ 1,8 bilhão de investimentos estaduais em 2023. Ao concluir a apresentação sobre as potencialidades do estado, Verruck enfatizou que o Mato Grosso do Sul acredita no setor florestal. “O estado apoia integralmente tudo o que foi feito pelo setor, que até o momento propiciou desenvolvimento econômico, geração de emprego e inclusão social à região. Seguimos dispostos a promover uma integração cada vez maior com o setor, ampliando os benefícios que essa parceria já traz.”