Passado o pico de instabilidade acarretado pela oscilação das tarifas de importação determinadas pelos Estados Unidos, o mercado de celulose mostra uma tendência de reequilíbrio de preços. A análise foi feita por Marcos Assumpção, vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores da Suzano, em um encontro com jornalistas, realizado na última quarta-feira (21.05).
De acordo com o detalhamento de Assumpção, o curto prazo ainda apresenta incertezas, mas vem acompanhado por uma demanda mais aquecida, fato que beneficia a definição de um novo patamar de preços da commodity. “Desde a semana passada, temos visto uma demanda mais crescente dos clientes, que estão tentando sentar à mesa para descobrir este novo preço.”
O contexto atual ainda é marcado pelo comportamento da demanda chinesa. “Não temos notado redução do crescimento econômico da China, que deve seguir avançando entre 4% e 5% neste ano”, justificou Assumpção.
Avaliando a proximidade do término do prazo de 90 dias de trégua na escalada tarifária que Estados Unidos e China protagonizaram no início deste ano, o vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores da Suzano descartou possível tendência de volatilidade. Segundo ele, o mercado não tem demonstrado sinais de receio quanto ao final do prazo, minimizando as chances de alguma mudança relevante de cenário. “A maior parte dos agentes de mercado acredita que o momento atual reflete um novo ponto de equilíbrio”, indicou.
Política de alavancagem é determinante para novos investimentos
O encontro com jornalistas promovido pela Suzano deu enfoque às nuances dos balanços financeiros mais recentes da empresa. Assumpção detalhou pontos relevantes dos resultados apresentados no quarto trimestre de 2024 (4T24) e no primeiro trimestre de 2025 (1T25), além de abordar a política de alavancagem e as estratégias dos investimentos concretizados pela companhia.
A disciplina estratégica da Suzano tem o objetivo de reduzir a alavancagem ao longo do ano, conforme esclareceu Assumpção.
“Seguimos uma política para alavancagem, que determina que devemos ficar de duas a três vezes a relação entre dívida líquida e EBITDA ajustado (medido em dólares), podendo subir até 3,5 vezes durante ciclos de investimentos. Chegamos a 3,5 vezes no 1T24, por conta do pico dos investimentos no Projeto Cerrado, e estamos desalavancando desde a entrega do projeto. A perspectiva para o final do ano é de que a companhia irá gerar caixa e, consequentemente, desalavancará o balanço. Esperamos, portanto, que a nossa dívida líquida ao final de 2025 esteja mais baixa do que no final de 2024, quando somava US$ 12,8 bilhões”, detalhou o vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores da Suzano.
A alavancagem também é fator determinante para a estratégia de alocação de capital adotada pela companhia. “Para definir a alocação de capital, avaliamos como está a nossa alavancagem e qual é o horizonte para os próximos anos. A expectativa sobre a geração de fluxo de caixa é mais um dos aspectos mapeados, quando pensamos em alocar o capital. Se temos um montante excedente, após o pagamento das dívidas, fazemos um ranking de todas as alternativas de investimento, elencando o retorno de cada um”, descreveu Assumpção.
“Hoje, está em andamento um projeto de aumento de capacidade da produção de tissue da fábrica de Aracruz (ES). Também temos um projeto em curso de aumento de capacidade de celulose fluff, na planta de Limeira (SP), e um projeto de atualização da caldeira de biomassa da unidade de Aracruz, que visa a melhorias da eficiência energética”, exemplificou, ressaltando que a estratégia contempla diversas linhas de defesa para que a alocação de capital faça sentido ao negócio e sempre gere valor.
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