A Microsoft anunciou a compra de 3,5 milhões de créditos de carbono da startup brasileira Re.green, ampliando a parceria já existente entre as duas empresas. A iniciativa busca apoiar projetos de restauração de áreas degradadas na Amazônia e na Mata Atlântica, dois biomas estratégicos para o Brasil e para o equilíbrio climático global.
De acordo com a Capital Reset, a compra integra o plano da Microsoft de atingir emissões negativas até 2030 e neutralizar toda a sua pegada histórica de carbono até 2050. A Re.green, por sua vez, utiliza práticas de restauração baseadas em alta tecnologia e critérios rigorosos de certificação, como os do Verified Carbon Standard (VCS), para garantir a qualidade dos créditos emitidos.
Para chegar a esse volume, a Re.green vai restaurar 17,5 mil hectares distribuídos em três regiões: uma área entre o oeste do Maranhão e o leste do Pará, outra no sul da Bahia e uma terceira no Vale do Paraíba, entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais. A entrega acontecerá ao longo de 25 anos. O valor da transação não foi informado mas, segundo fontes (Financial Times), o montante pode alcançar os US$ 200 milhões, ou cerca de US$ 50 por tonelada de CO2.
Os projetos gerados pela Re.green não apenas promovem a recuperação de áreas degradadas, mas também impactam positivamente comunidades locais, com geração de empregos e apoio ao desenvolvimento social. Em entrevista à CNN Brasil, a CEO da Re.green, Daniela Lerário, destacou que o acordo ajuda a expandir a presença da empresa em áreas prioritárias para a biodiversidade, combinando ciência e tecnologia para alcançar resultados duradouros.
Segundo a Exame, a Microsoft já havia firmado um primeiro acordo com a Re.green, e a ampliação da parceria reflete a confiança da gigante tecnológica nos resultados entregues pela startup. Além disso, o mercado de créditos de carbono vem ganhando importância como ferramenta para mitigar as emissões de gases de efeito estufa, especialmente em países com ampla cobertura florestal, como o Brasil.
Já o portal Carbon Herald apontou que a colaboração com a Re.green fortalece a posição da Microsoft como líder em ações de sustentabilidade. A empresa também investe em outras frentes para reduzir emissões diretas, como eficiência energética e uso de fontes renováveis, complementando sua estratégia com a compra de créditos de carbono.
Importância dos biomas brasileiros e impacto positivo no mercado de créditos de carbono
Os biomas brasileiros têm papel crucial no combate às mudanças climáticas. A Amazônia, por exemplo, é um dos maiores sumidouros de carbono do mundo, enquanto a Mata Atlântica, mesmo fragmentada, possui grande relevância para a regulação hídrica e climática regional. Projetos que visam sua recuperação são fundamentais para atingir as metas estabelecidas no Acordo de Paris, que busca limitar o aumento da temperatura global.
Apesar de seu impacto positivo, o mercado de créditos de carbono também enfrenta críticas e desafios, incluindo questões sobre transparência e efetividade das iniciativas. No entanto, parcerias como essa entre a Microsoft e a Re.green mostram como grandes empresas podem colaborar com iniciativas locais para implementar soluções mais robustas e confiáveis.
A expansão dessa parceria evidencia a crescente relevância da restauração ecológica como estratégia para mitigar os impactos das mudanças climáticas, ao mesmo tempo em que promove o desenvolvimento socioeconômico em áreas vulneráveis. Essa movimentação também reforça o papel do Brasil no mercado global de carbono, destacando sua biodiversidade como ativo estratégico para soluções sustentáveis.