O carregamento de celulose pelas ferrovias cresceu 26% em 2024, a maior alta percentual entre todas as commodities, segundo a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF). Para comparação, o açúcar, segunda maior alta, cresceu 15,8%.

Para Patrick Silva, VP de Supply Chain da Bracell, essa evolução está ligada à expansão da produção nacional e à crescente demanda internacional pelo produto. Ele afirma que empresas do setor, como a Bracell, têm investido significativamente na ampliação de suas capacidades produtivas, o que naturalmente resulta em maiores volumes para transporte. “A preferência por modais mais eficientes e sustentáveis, como a ferrovia, tem sido uma tendência no setor, contribuindo para essa evolução”, complementa.
Além disso, investimentos em infraestrutura ferroviária e parcerias estratégicas entre produtores e operadores logísticos têm otimizado o escoamento da produção, tornando-o mais ágil e eficiente. “Essas iniciativas tendem a reduzir custos e impactos ambientais, fortalecendo a competitividade do setor no mercado global”, aponta Silva.
O executivo destaca que a busca por uma logística eficiente é essencial para a competitividade do setor de celulose, e a integração entre diferentes modais tem se mostrado uma solução estratégica para otimizar o escoamento da produção.
A exemplo disso, a empresa utiliza menos caminhões nas rodovias, o que reduz a emissão de CO₂. A empresa também inovou ao adotar caminhões elétricos e gaseificadores de biomassa para minimizar ainda mais seu impacto ambiental.
“A Bracell implementou uma operação intermodal, permitindo que a celulose seja transportada por caminhões bi-trem até o Terminal Intermodal de Pederneiras e, de lá, siga por ferrovia até o Porto de Santos. Esse modelo substitui cerca de 50 mil viagens de caminhões anualmente, aumentando a eficiência, a previsibilidade e reduzindo impactos ambientais”, conta o profissional.
Entre outros marcos, a companhia investiu R$ 500 milhões no Terminal Portuário de Santos, que opera 24h por dia. A modernização do terminal trouxe avanços significativos para a logística da Bracell, ampliando a eficiência, a segurança e a sustentabilidade das operações.

“O terminal conta com guindastes automatizados para descarregamento de vagões e armazenagem da celulose, com capacidade para 126 mil toneladas, garantindo um ciclo eficiente na ferrovia e otimizando os embarques dos navios”, indica Silva.

“Todos esses investimentos refletem o compromisso da Bracell em expandir e aprimorar sua integração logística, fortalecendo sua presença no mercado global”, detalha o VP de de Supply Chain da Bracell.
A Bracell também é pioneira no uso de um simulador de operação portuária, que melhora a eficiência e a segurança no Porto de Santos. “A implementação do simulador, fruto de um investimento de R$ 1 milhão, permite um treinamento realista e imersivo para operadores de ponte rolante e guindaste, reduzindo riscos de acidentes e aprimorando a precisão das manobras. Essa tecnologia impacta diretamente a produtividade do terminal, tornando os processos mais ágeis e seguros”, afirma Silva.
O terminal também conta com um sistema avançado de monitoramento com drones e câmeras, garantindo maior controle das operações e segurança operacional.
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Futuro do transporte ferroviário na logística de celulose
Em resumo, o transporte ferroviário oferece oportunidades significativas para o setor de celulose, considerando as grandes distâncias entre as regiões de produção e os portos de exportação. A expansão desse modal pode proporcionar ganhos expressivos em eficiência, segurança e sustentabilidade, além de contribuir para a redução dos custos logísticos.
Silva pontua que o setor tem avançado por meio de investimentos na intermodalidade e na melhoria da infraestrutura existente. “Para que esse potencial seja plenamente aproveitado, é fundamental superar desafios regulatórios e estruturais, como a modernização da malha ferroviária e a atualização das normas, criando um ambiente favorável à expansão desse modal”, afirma o executivo.
Diante do crescimento da produção de celulose no Brasil e dos novos investimentos anunciados para os próximos anos, a adequação da infraestrutura ferroviária torna-se ainda mais urgente. “Em especial, é essencial que o Porto de Santos acompanhe essa evolução, garantindo que sua capacidade logística não se torne um entrave ao crescimento do setor, mas sim um fator estratégico para sua competitividade no mercado global”, finaliza.