Com o tema “O futuro da automação – caminho para sistemas autônomos”, o 12.º Seminário de Automação, promovido pela Universidade Setorial ABTCP, realizado no dia 24 de abril na unidade da CMPC, em Guaíba, Rio Grande do Sul, trouxe à tona reflexões fundamentais sobre o futuro da indústria de celulose e papel frente ao avanço da inteligência artificial, da análise de dados e da convergência entre os mundos da tecnologia operacional (OT) e da tecnologia da informação (TI). O moderador do evento, Adriano Cunha, supervisor de manutenção na CMPC, destacou o alinhamento entre as palestras e os principais desafios vividos pelas fábricas atualmente.
“Falamos sobre a manutenção do futuro e as tecnologias que estão sendo aplicadas no nosso setor de papel e celulose. Tratamos muito sobre como chegar nos sistemas autônomos e a importância de se ter um bom gerenciamento de ativos. Um dos principais pontos abordados foi a convergência entre OT e TI, destacando a interdependência entre esses sistemas e a importância de garantir uma troca de informações segura, com atenção redobrada à cibersegurança e ao cumprimento rigoroso das normas. Além disso, não adianta a gente formar todas essas tecnologias e não ter um time preparado para trabalhar com ela”, afirmou Adriano, enfatizando o desafio da formação de profissionais preparados para lidar com com a transformação digital.
Logo na abertura, a apresentação de Pedro Barros, da própria CMPC, que abordou o tema “Da automação convencional aos sistemas autônomos: desafios e oportunidades da governança, integração e dados na jornada da Indústria 4.0”, reforçou o papel estratégico da coleta e interpretação de dados para a transformação digital.
Na sequência, Leandro Souza, da Westcon, falou sobre o papel da Ethernet-APL para contribuir nesse processo de transformação digital. Na sequência, a palestra de Flavio Mine, da Cenibra, sobre “Convergência OT-IT e a nova dinâmica organizacional” chamou atenção por destacar como essa integração depende de uma cultura organizacional preparada para lidar com a nova realidade digital.
Outro momento de destaque foi a fala de Helder Alves Batista, da Valmet, que apresentou o tema “Preparando seu sistema para o futuro: a era dos sistemas autônomos”, demonstrando como a automação pode evoluir para decisões mais inteligentes e descentralizadas. Já Thais Laporta, da Voith Paper, falou sobre melhorias de qualidade do papel por meio da análise de variabilidades de processo.
Também gerou muito interesse dos participantes, conforme o moderador, a palestra de Leonardo Antunes Ramos, da Veracel Celulose, sobre como aproveitar o machine learning para manutenção prescritiva na Indústria 4.0, com um estudo de caso com a bomba de cavacos da companhia.
“Neste caso, o uso de tecnologias de monitoramento permitiu identificar uma elevação anormal de temperatura por meio de um painel de visualização. A partir dessa evidência, foi possível acionar as equipes de processo, operação e engenharia para investigar a causa. Após uma revisão em campo, identificou-se uma válvula parcialmente obstruída, que forçava a bomba a operar em uma condição de maior aquecimento. Embora a ação corretiva pareça simples, sua execução evitou consequências significativas, demonstrando o valor do monitoramento contínuo e da tomada de decisão proativa baseada em dados”, pontuou Cunha.
Já Igor Lira, da Veracel, apresentou outro caso que despertou a atenção de todos ao falar sobre a utilização de IA no planejamento de paradas gerais. A inteligência artificial também esteve presente na apresentação de Davisson Marçal, da Suzano Três Lagoas, que compartilhou os ganhos na otimização do processo de lavagem de polpa marrom com machine learning.
Por fim, Rafael Souza, também da Suzano, fechou o ciclo de apresentações com o assunto “Partidas autônomas: expertise operacional convertida em lógica”. Para o profissional da CMPC que moderou o seminário, esse tipo de iniciativa “beneficia diretamente a padronização dos processos nas plantas e garante mais estabilidade nas operações”.
Além da intensa troca técnica, o evento também fortaleceu o networking entre profissionais de diferentes empresas. “A gente vê a troca de informação nesses momentos de confraternização, empresas trocando experiências, conversando sobre visitas, e isso aquece o mercado. Essa troca é o que faz o nosso setor evoluir”, afirmou o moderador.
O evento foi organizado pela Universidade Setorial ABTCP em parceria com a CMPC, com apoio da equipe local. Conforme Cunha, o conteúdo atendeu plenamente às expectativas. “Tivemos reuniões quinzenais com a US ABTCP para preparar cada detalhe deste dia. Fico muito feliz de ter sido convidado como moderador e ver o evento gerar tanto valor para todos os participantes”, disse.
O moderador acrescentou ainda que o evento proporcionou uma rica troca de experiências e reflexões práticas, gerando conexões diretas com a realidade das fábricas. “O alto nível de engajamento dos participantes, claramente interessados e alinhados aos temas discutidos, foi perceptível ao longo de todo o evento”, concluiu Cunha.
O 12.° Seminário de Automação foi patrocinado pelas empresas Valmet, Voith Paper e Westcon.
Colaborou nesta matéria Izaque Vieira (ABTCP).
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