Com a aproximação do final do ano, as empresas correm para atualizar o Planejamento Estratégico e consolidar o Plano Operacional para 2025. Em razão disso, compreender o cenário atual de negócios se torna imprescindível. Para apoiar as empresas, este artigo faz uma análise do comportamento da produção industrial brasileira dos últimos anos. Para cada cadeia produtiva escolhida, apresento duas situações:
(i) Na primeira análise, apresento um recorte temporal da evolução recente da produção industrial, considerando a produção do ano de 2019 como referência (último período antes da crise sanitária mundial, que mudou o comportamento do consumidor em diversas cadeias produtivas globais);
(ii) Na segunda, mostro o comportamento padrão dessa mesma indústria, levando em conta a distribuição da produção, mês a mês, ao longo do ano. Para avaliar o comportamento padrão, considerei os dados de 2023 e 2024 (até o mês mais atual disponível), comparando com o comportamento médio dos anos 2021 e 2022. O ano de 2020 foi excluído da análise histórica em razão da paralisação obrigatória da produção no Brasil e no exterior, por vários meses e em diferentes intensidades.
Ao todo, foram escolhidos três segmentos da Indústria de Celulose e Papel (a- Celulose, b- Papel e Papelão e c- Embalagens de Papel e Papelão) e outras três cadeias produtivas significativas para o País e que estão intimamente conectadas com o dia a dia de praticamente todos os brasileiros, para fins comparativos (d- Indústria Alimentícia, e- Confecção e Vestuário e f- Fabricação de Cimento). Em caráter complementar, também foi avaliado o comportamento da Indústria da Transformação como um todo, com a intenção de obter um parâmetro de comparação setorial. Todos os dados foram organizados e padronizados em gráficos com a mesma escala e amplitude. Isso facilita a comparação da volatilidade da produção industrial entre as cadeias produtivas selecionadas.
Dados da Produção Industrial Brasileira
A Figura 1 mostra o comportamento recente da produção da Indústria da Transformação no Brasil. É fácil ver que há uma estagnação dos níveis de produção no horizonte considerado, assim como uma clara sazonalidade da produção industrial, na qual o pico se dá anualmente entre maio e outubro. Ainda considerando o período de análise, os menores volumes de produção da Indústria da Transformação no Brasil ocorrem entre dezembro e abril. Olhando para 2024, os dados mostram que a produção vem “acompanhando” o perfil da produção histórica setorial, sem as oscilações vistas nos anos anteriores.
Na Figura 2, temos demonstrado o comportamento da Indústria de Alimentos do País. Aqui se vê uma tendência gradual de crescimento ao longo dos últimos anos, porém com grande oscilação dos níveis de produção mês a mês. Em termos sazonais, esta indústria trabalha de modo mais intenso entre maio e outubro. Já os meses entre dezembro e abril se mostram com alta ociosidade. No ano de 2024, a produção industrial vem apresentando um comportamento menos oscilante do que nos demais anos.
O comportamento da produção industrial da Indústria de Confecção e Vestuário está disponível na Figura 3. De imediato, se percebe uma trajetória de redução dos níveis de produção no período de análise. Em termos sazonais, há claramente dois períodos de crescimento da produção, seguidos de duas zonas de forte contração. O 1.º trimestre mostra crescimento, partindo de um mês ruim. O restante do ano inicia com abril de retração, culminando com a produção máxima em novembro. Dezembro, por outro lado, consolida-se como período de forte redução da produção. A produção medida em 2024 segue a tendência geral dos anos anteriores.
A Figura 4 traz o comportamento da produção da Indústria Brasileira de Cimento. Em síntese, vê-se um crescimento gradual da produção do setor a cada ano. Em termos de sazonalidade, temos um movimento em V, sendo ascendente de janeiro a agosto, seguido por uma redução até dezembro. Das indústrias selecionadas, a do Cimento é a que tem a produção de 2024 mais ajustada com os parâmetros de sazonalidade dos anos anteriores.
Na Figura 5 está demonstrado o comportamento da produção da Indústria de Celulose no Brasil. Nos últimos anos, é fácil perceber uma tendência geral de crescimento da produção. Em se tratando de sazonalidade, temos aqui uma oscilação menos dramática do que nas indústrias anteriormente citadas. Mesmo assim, é possível perceber um aumento da produção no 4.º trimestre de cada ano, com dois meses de baixa (fevereiro e junho). A produção do ano de 2024 vem performando de forma ligeiramente diferente do comportamento da produção histórica.
Sobre a Indústria de Papel e Papelão, a Figura 6 mostra uma redução do nível de produção nacional até 2022, e crescimento desde então. No entanto, os números mostram que apenas retornamos aos níveis de produção do ano de 2019. A Indústria de Papel e Papelão também sofre pouca influência de sazonalidade, em comparação com as demais indústrias escolhidas neste artigo. O 1.º semestre de cada ano possui as oscilações mais significativas, sendo janeiro o mês com pico de produção industrial. O nível de atividade no ano de 2024 vem de certa forma acompanhando a média histórica recente, com menor oscilação mensal.
A última indústria avaliada é a de Embalagens de Papel e Papelão (ver Figura 7). Seu comportamento mostra manutenção dos níveis de produção nos últimos anos, com concentração da produção entre os meses de julho e outubro. A produção industrial no ano de 2024 vem, de certa forma, acompanhando o comportamento histórico.
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