COMO FOMENTAR A CULTURA ESG EM
TODOS OS NÍVEIS DA EMPRESA?
POR DÉBORA BOTINI
Gerente financeira e de Governança da Ibema;
integra o comitê ESG da empresa
Muito se fala da importância de as empresas
priorizarem os quesitos ESG em
suas decisões. Isso porque o tema tem
apresentado interesse a cada ano, e vem
influenciando, inclusive, os valores em
bolsa de cotas empresariais.
Para se ter uma ideia, o Índice de Sustentabilidade Empresarial,
que lista empresas de capital aberto de acordo com
boas práticas corporativas, subiu 296% desde sua criação em
2005, contra 223% do Ibovespa como um todo.
Mas como explicar e engajar os colaboradores de uma
corporação, tarefa difícil e que exige longos períodos de adequação?
A adesão a boas práticas junto ao meio ambiente,
ao entorno social e do próprio trabalhador, e ainda a adoção
de uma governança atenta às atualizações jurídicas (Environmental,
Social, Governance), significam um alinhamento
completo de todos os níveis da organização, que devem estar
focados no alcance das mesmas metas.
Dentro do escopo ambiental estão desafios como a gestão de
resíduos e da biodiversidade, presentes nas unidades fabris; a
análise de emissões de gases e a adequação à sustentabilidade
dos próprios produtos fabricados, além do olhar atento para os
desafios futuros que teremos, como é o caso da crise hídrica.
Para dar conta de tal complexidade, um bom início é consolidar
o que já se fez ao longo do tempo, e o melhor é optar
por um diagnóstico completo, seguindo os moldes do relatório
sustentável de acordo com o GRI (Global Reporting Initiative).
É nesse documento que estão registrados os impactos da empresa
nos quesitos socioambientais, econômicos e de governança,
capazes de direcionar as metas e oportunidades.
Para isso são necessários dados de todas as áreas da
corporação, o que exige uma força-tarefa coletiva. Cada
profissional recebe uma fatia da responsabilidade e se compromete
em atingir os seus objetivos pré-definidos.
O aspecto social envolve tanto as relações internas, nos quesitos
legais e de clima organizacional, quanto com a comunidade
do entorno, fornecedores e mesmo a proteção de dados e
privacidade desses stakeholders.
Há a necessidade de um cuidado amplo e estruturado juntos
às comunidades de maior proximidade e impacto das companhias,
observando as fragilidades e desenvolvendo ações para
fomentar o desenvolvimento. Deseja-se que a atuação com um
olhar para a equidade de oportunidades seja incorporada à cultura
das empresas.
Por fim, faz parte da governança a administração ética do
negócio, prestações de contas transparentes para a sociedade e
o real combate à corrupção na totalidade dos processos. Mas
de nada adianta mirar os benefícios que a adequação ESG trará
para a marca se o público interno não entender do que se trata
– e não assumir sua parte no trabalho.
O orgulho do pertencimento será natural quando a companhia
tiver e comunicar com transparência os seus indicadores,
tanto para os seus trabalhadores quanto para a comunidade.
Por isso, digo que é preciso comprometer-se com o ESG
não apenas no âmbito de sua atuação, mas também além
de seus portões. Sugiro criar comitês dos quais façam parte
diretores e lideranças de diversas áreas, de forma a garantir
o engajamento.
Dessa maneira, o alinhamento sobre questões estratégicas
acontecerá de forma consistente e aderente, com porta-vozes
e disseminadores da cultura ESG em todos os microambientes
corporativos.