A produção de embalagens de papel no Brasil, sejam elas de papel ondulado ou papel cartão, segue resistindo à estagnação do consumo das famílias graças a fatores externos e mudanças estruturais nos hábitos de consumo de compradores brasileiros. O aumento expressivo na produção e exportação de alimentos e de embalagens de papel, ambos impulsionados pela desvalorização cambial entre janeiro e maio, tem apoiado a produção de papéis e embalagens em geral no país, ao passo que o aumento no consumo de delivery de alimentos em domicílio tem sustentado a produção de papel cartão e sacos desde o início do ano, apesar do fraco desempenho e piora recente nos drivers de consumo.
Produção segue aquecida, apesar da queda nas vendas internas
A expedição de chapas, caixas e acessórios de papelão ondulado cresceu 8,2% no acumulado do ano entre janeiro e maio, segundo dados da Associação Brasileira de Embalagens de Papel (Empapel), superando as nossas expectativas de crescimento divulgadas no início do ano próximas a 5% e as do consenso de mercado que, à época, apontavam para uma recuperação mais tímida próxima a 1-2%. Já os dados de produção e vendas domésticas de embalagens de papel e papel cartão mostram tendência similar, com a produção crescendo 9,9% e 4,9%, respectivamente, entre janeiro e abril versus igual período em 2023, ao passo que as vendas para o mercado interno apresentaram recuo de 0,4% e 2,5%, respectivamente, segundo dados da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ).
Os dados contrastantes de produção e venda parecem ainda mais desconectados se considerarmos o nível atual de estoque de bens duráveis e não duráveis em posse da indústria brasileira e a fraca demanda por produtos. Os inventários estão altos e em níveis próximos aos vistos no primeiro e quarto trimestre de 2023, enquanto a demanda por produtos é reportada como mais fraca por fabricantes de bens, limitando a ida às compras de embalagens.
Mas, afinal, se a produção de embalagens de papel segue aquecida apesar da queda nas vendas internas e altos estoques da indústria, o que tem apoiado a produção? A resposta está no mercado externo.
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Fastmarkets viewpoint: Brazilian containerboard and boxboard production resisting weak consumption
Packaging production in Brazil, both containerboard and boxboard, currently seems resistant to weak domestic consumption thanks to external factors and structural consumer behavior changes. The strong increase in the production and exporting of paper packaging and food from Brazil, both bolstered by the currency’s devaluation between January and May, has supported the production of packaging and packaging papers, while higher demand from the food delivery segment has boosted the production of boxboard and sacks since the start of the year, despite the recent decline in drivers on the consumer side.
Production continues strong despite weak domestic sales
Total shipments of corrugated boxes, boards, and accessories in Brazil grew 8% between January and May, according to data from the local paper packaging association (Empapel), which is higher than our growth estimate of around 5% released in January and much higher than the market consensus at the time, which projected a timid 1-2% recovery. Overall, paper packaging and boxboard production data show a similar trend, increasing 9.9% and 4.9% year-over-year, respectively, between January and April versus the same period in 2023, while domestic sales for both grades declined 0.4% and 2.5%, according to data from the Brazilian Tree Association (Ibá).
Production and domestic sales data show an even greater disconnect when we analyze industry inventory levels of durable and non-durable goods in tandem with weak demand. Inventories are high and at levels closer to those seen in the first and fourth quarters of 2023, while demand for durable goods has been reportedly weak, which is limiting their procurement of packaging. If packaging and paper packaging production is strong despite the drop in domestic sales and high inventories held by the industry, what has been helping production? The answer is the external sector.