Quando Maurem Lima Alves se formou em engenharia florestal pela Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em 1993, em seu diploma constava a formação acadêmica como “Engenheiro Florestal”. Na época, ela relevou o cargo no gênero masculino e priorizou o trabalho, abstraindo questões muito em pauta hoje na sociedade, como igualdade de gênero, machismo estrutural e sexismo. Um tempo depois, ela começou a se questionar. E se fosse o contrário?
Pequenos passos para as mulheres, mas grandes conquistas para uma mudança de cultura e mentalidade no ambiente de trabalho. Maurem, diretora da Rede Mulher Florestal e consultora de sustentabilidade na Klabin, foi palestrante do Fórum Mulher Florestal: uma resposta ao desafio da equidade de gênero do setor florestal, durante o congresso da ABTCP, com mediação de Silvana Sommer, presidente do evento. O painel integrou a programação do ABTCP 2023 – 55º Congresso Internacional de Celulose e Papel – e foi realizado no dia 18 de outubro, no Novotel Center Norte, em São Paulo-SP.
“O melhor caminho para uma mudança de cultura nas empresas, em relação ao papel da mulher, é a persistência. A insistência no diálogo com quem hoje está no poder. Não é uma disputa para tirar o espaço de ninguém. É um pleito para abrir novos espaços que vão resultar em melhorias para todos. As empresas funcionam melhor com mais cabeças diferentes pensando, com diversidade. É uma conta não muito difícil de entender. O próprio mercado já está percebendo isso com base em dados como os do relatório Diversity Matters da McKinsey & Company”, afirma Maurem, que possui mais de 20 anos de experiência na área.
Um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) do Pacto Global é a equidade de gênero. Maurem diz que a discussão que a Rede Mulher levanta pode, facilmente, ser ouvida com resistência e que o uso de dados é uma ferramenta assertiva e que pode ser útil para ajudar a elucidar a conversa. “Vamos lançar esse ano, em novembro, um dos grandes produtos da organização que é a terceira edição do panorama de gênero no setor florestal”, lembra a profissional.
Fundada em 2018, a Rede Mulher Florestal é uma organização independente sem caráter governamental, sem fins lucrativos, com objetivo de promover a discussão para equidade de gênero no setor de base florestal. Como metodologia para o trabalho, a ONG usa técnicas como mentorias, ampliação de network, grupos de trabalho, entre outras ferramentas que as mulheres precisam se apropriar, na opinião da líder.
Silvana Sommer, presidente do Congresso ABTCP e moderadora do painel, reafirma a importância de trazer o tema para discussão. “Estamos trazendo um momento novo para o congresso da ABTCP que é plantar uma semente da discussão da equidade de gênero. Estudos recentes mostram a importância do network para a carreira das mulheres. Quem a gente conhece e pode nos ajudar e como uma pode apoiar a outra. Quando você tem uma rede de apoio, uma mentoria, ajuda no sentido de começar a fomentar as possibilidades e conexões”, declara.
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