O estudo Perspectivas para o Agronegócio do Rabobank para 2024 sugere um cenário dinâmico na indústria de celulose, com desafios relacionados à oferta, demanda e rentabilidade dos produtores. A recuperação moderada nos preços no segundo semestre pode indicar ajustes no mercado, mas a situação continua a evoluir.
Após atingir os picos mais altos em cinco anos no final de 2022, os produtores de celulose intensificaram a produção nos primeiros trimestres de 2023, resultando em um aumento significativo na oferta. Os estoques internacionais de celulose aumentaram consideravelmente, atingindo o equivalente a 61 dias de produção em março de 2023, um aumento de 45% em comparação com o mesmo período do ano anterior. (com dados de Fastmarkets Risi)
Com maior disponibilidade e estoques elevados, os preços globais da celulose experimentaram uma queda abrupta no início do ano, atingindo o nível mais baixo desde 2020. A celulose de fibra curta de eucalipto (BHKP) registrou seus menores preços na China, Europa e EUA, mas uma recuperação moderada foi observada no segundo semestre de 2023.
A queda nos preços impactou significativamente a rentabilidade dos produtores, resultando em paradas não programadas que, segundo a Fastmarkets Risi, devem atingir um novo recorde de 2,25 milhões de toneladas em 2023, superando os números de 2022.
Para o primeiro semestre de 2024, a tendência é de aumento na oferta, mesmo com a entrada de nova capacidade, incluindo fábricas na América do Sul. No entanto, paradas não programadas devem persistir, atingindo cerca de 2 milhões de toneladas pelo terceiro ano consecutivo.
O estudo ressalta que a demanda global enfrentará desafios diante de um cenário macroeconômico desafiador nas principais economias. Setores como papéis gráficos e embalagens podem apresentar menor consumo na Europa e nos EUA, enquanto a dinâmica de crescimento na China permanece incerta.
As atuais cotações recordes da celulose podem sofrer quedas moderadas nos próximos meses devido ao aumento da oferta, melhorias logísticas e menores custos de fretes marítimos, reequilibrando o mercado a favor dos compradores. No entanto, uma recessão mais acentuada do que o esperado poderia resultar em correções mais significativas nos preços internacionais.
O Rabobank destaca que, apesar dos desafios, os exportadores brasileiros continuam se beneficiando de custos competitivos e uma taxa de câmbio favorável.
No mercado doméstico brasileiro, o consumo de papelão ondulado deve permanecer estável, enquanto a produção de papel no Brasil pode apresentar uma leve queda em 2023, com expectativas de menor demanda internacional em 2024.
Pontos de atenção incluem a exploração contínua de oportunidades no mercado de carbono voluntário em 2024 pelas empresas do setor, enquanto aguardam um marco regulatório mais claro no mercado local. A expansão na produção de grãos deve continuar pressionando o arrendamento de terras e custos de produção de madeira no Brasil ao longo de 2024.
Da Redação, com informações do Estudo Perspectivas para o Agronegócio 2024 do Rabobank