Reciclagem de papéis de escritório comerciais: resposta a duas reciclagens
Alta variação dos resultados demonstrou falta de padronização no processo de reciclagem
Os participantes do ABTCP 2012 – 45° Congresso e Exposição Internacional de Celulose e Papel puderam conferir na sessão técnica de papel (reciclagem) a alta variabilidade entre as propriedades físicas e ópticas no processo de reciclagem dos papéis de escritório comerciais.
O estudo realizado pelas pesquisadoras Dra. Maria Cristina Area e Julieta Beatriz Benitez, da Universidade Nacional de Misiones, Argentina em parceria com Song Won Park, da Universidade de São Paulo (USP), e Maria Luiza Otero do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), dedicaram-se a estudar a qualidade desses papéis reciclados, por conta do seu importante papel no desenvolvimento da sustentabilidade. “A reciclagem variou muito mais do que imaginávamos em papéis fabricados com as mesmas matérias primas e, aparentemente, com os mesmos processos produtivos, trazendo uma incerteza quanto à dada reciclagem”, revelou Dra. Maria Cristina Area.
Na entrevista a seguir, as autoras contam quais motivos levaram ao desenvolvimento da pesquisa e qual a sua contribuição para a indústria de papel.
Como surgiu a iniciativa de realizar o trabalho? Por que a reciclagem de papéis de escritório foi o tema escolhido?
Existe uma relação de longa data entre os integrantes deste trabalho. Com o professor Song Won Park da USP organizamos o primeiro Congresso Ibero-Americano de Investigação em Celulose e Papel (CIADICYP 2000) e fundamos a Red Ibero-Americana de Celulose e Papel (RIADICYP) no ano 2000. Nesse mesmo ano, iniciamos nossa relação com a Dra. Maria Luiza Otero e o grupo de celulose e papel do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). O tema surgiu a partir do nosso desejo de realizar um trabalho em conjunto.
Uma das premissas da sustentabilidade da indústria de papel e celulose diz que deve-se “fabricar um papel de boa qualidade e que seja reciclável”. A reciclagem é de grande importância e está definida pela matéria prima e seu processo de produção. É fundamental para fabricantes e consumidores e, sem dúvida, não havia sido suficientemente estudada, nem definida.
Quais foram os principais resultados encontrados?
A reciclagem variou muito mais do que imaginávamos em papéis fabricados com as mesmas matérias primas e, aparentemente, os mesmos processos produtivos. Isto significa que, por exemplo, quando se diz que um papel “está fabricado com polpa kraft de eucalipto branqueado EFC”, na realidade não existem garantias desta reciclagem. É evidente que detalhes específicos dos processos de polpação, branqueamento e fabricação do papel afetam em muito esta propriedade.
De que forma essas conclusões podem contribuir com a indústria de papel? Foram desvendados conceitos que já podem ser colocados em prática para melhorar a reciclagem dos papéis?
Alguns países possuem requerimentos legais cada vez mais exigentes referentes a incorporação de papéis reciclados. As empresas, então, devem ter em conta que acima de cumprir os requerimentos de propriedades físicas e óticas do papel novo, terão que incorporar uma medida de controle sobre a sua reciclagem. Esta será, portanto, uma propriedade que ganhará importância com o tempo.