Ponto de encontro anual para os profissionais da indústria de base florestal se atualizarem sobre as pesquisas acerca das inúmeras áreas que compõem o processo fabril do setor, as Sessões Técnicas do Congresso Internacional promovido pela ABTCP permitiram aos cerca de 500 congressistas conferirem os trabalhos realizados por pesquisadores e especialistas da indústria de celulose e papel.
Divididas entre temas de interesse de seu público-alvo, as palestras concedidas pelos autores responsáveis pelos artigos técnicos selecionados pelo Comitê Científico Avaliador da ABTCP abordaram temas variados a partir do objetivo de se aprofundar na pauta central sobre o papel da inovação na consolidação da circularidade.
Moderador da Sessão Técnica de Recuperação e Energia, Geraldo Simão, gerente de Otimização Industrial da Bracell (SP), destacou que a atuação do setor de celulose e papel sempre foi e continuará sendo cada vez mais baseada no conceito da circularidade. “O circuito de recuperação química é exemplo disso, com a recuperação de produtos químicos utilizados no processo e a utilização da biomassa extraída da madeira no processo de cozimento para geração de energia 100% renovável.”
Na definição da moderadora da Sessão Técnica de Celulose, Danyella Perissotto, pesquisadora da Solenis, “a economia circular busca transformar a forma como produzimos e consumimos, criando um sistema mais sustentável e eficiente”. Ela sublinhou que o setor de celulose e papel já aplica estes princípios, visto que sua principal matéria-prima, a madeira, é renovável e comumente cultivada em áreas antes degradadas.
“A indústria de celulose e papel evolui constantemente, buscando ser mais eficiente, investindo em sustentabilidade e mostrando um protagonismo fundamental na agenda ESG do Brasil. Contudo, com o crescente aumento da demanda por celulose, prevista para os próximos anos, e a necessidade de que a utilização dos recursos seja feita de forma cada vez mais racional, é essencial que haja foco e investimentos em inovação e se criem alternativas cada vez mais sustentáveis”, pontuou.
Na Sessão Técnica de Celulose, Paulo José de Castro, consultor de Produção II da Suzano, apresentou uma forma inovadora de alavancar a qualidade do processo de cozimento e ao mesmo tempo reduzir o consumo de licor branco. “Aumentando a estabilidade do digestor, foi possível aumentar o rendimento do processo de cozimento, pois passamos a consumir uma quantidade menor de madeira para produzir a mesma quantidade de celulose. Além dos benefícios relacionados à economia de madeira, temos um fluxo menor de carretas transitando nas rodovias. Também temos uma geração menor de rejeitos no final do cozimento, o que reduz o envio de materiais sólidos para aterro”, elencou os impactos positivos advindos do projeto concluído em 2022.
Anette Heijnesson Hultén, especialista e gerente de Projetos Técnicos, do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento de Fibras Renováveis da Nouryon, em Bohus, na Suécia, apresentou-se na Sessão Técnica de Meio Ambiente, e concedeu detalhes sobre o funcionamento da tecnologia DeNOx baseada em ClO2, que oferece um sistema de controle de emissões para fábricas de celulose, capaz de melhorar ainda mais sua sustentabilidade e reduzir seu impacto ao meio ambiente.
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De acordo com a autora do trabalho, a tecnologia DeNOx baseada em ClO2 demonstrou ser eficiente para a remoção conjunta de NOx e SOx de caldeiras de recuperação, fornos de cal e outras caldeiras industriais. “Os resultados das nossas investigações mostram que o gás ClO2 tem uma seletividade muito alta em relação ao óxido nítrico (NO) e o converte em dióxido de nitrogênio (NO2) de forma eficiente, mesmo sob condições difíceis de processamento”, revelou.
Entre os destaques da Sessão Técnica de Sustentabilidade, esteve a apresentação de Patricia Fernanda Vieira, especialista de Suprimentos da Ibema. Ela descreveu o andamento do projeto Estação Preço de Fábrica Recicla Embu, que une sustentabilidade e geração de renda.
Iniciada em 2022, a iniciativa inclusiva realiza a coleta de resíduos e destina para a reciclagem por meio de parcerias. “Atualmente, o projeto tem gerado um importante volume de aparas, que são utilizadas nos cartões que levam reciclados em sua composição. A expectativa é atender às demandas dos clientes que buscam na logística reversa uma alternativa para ter produtos mais sustentáveis e ser um facilitador para atingir suas metas e objetivos do compromisso e responsabilidade socioambiental.”

Para mais detalhes técnicos sobre as palestras que se destacaram ao longo dos três dias de evento e se posicionaram como os dez artigos técnicos mais bem pontuados do ABTCP 2023, confira a próxima Reportagem de Capa da revista O Papel.