O aumento de oferta no terceiro trimestre com novas plantas em operação no Brasil e na China, pode levar a um ponto de inflexão nos preços globais da celulose e trazer algumas quedas nos próximos meses, apontou o Rabobank no AgroInfo Q2 2024, relatório do banco que traz as principais análises do trimestre e perspectivas para os próximos meses nas commodities de Café, Proteína Animal, Fertilizantes, Cana, Açúcar e Etanol, Soja, Milho, Algodão, Suco de Laranja, Leite e Celulose.
Como principais pontos de atenção, o documento aponta que a chilena Arauco continua avançando com o Projeto Sucuriú, no Mato Grosso do Sul, no que diz respeito ao planejamento e processo de autorização para a construção da fábrica de celulose, com produção estimada em 2,5 milhões de toneladas de celulose de fibra curta. Além disso, quanto ao clima, com aumento das chuvas no segundo trimestre e o fim do El Ñino, as plantações de eucalipto no Nordeste e Centro-Oeste, serão favorecidas.
De acordo com o Rabobank, os preços globais da celulose têm mantido uma tendência de alta ao longo do primeiro semestre de 2024, contrariando as projeções iniciais de estabilização e possíveis quedas após uma recuperação significativa no segundo semestre de 2023. O preço da celulose de fibra curta na China alcançou USD 745/tonelada em maio, comparado com USD 645/tonelada em janeiro.
A principal razão para a alta dos preços tem sido problemas recorrentes de oferta não programada. Houve interrupções em uma planta importante da Metsa Fiber (Kemi) na Finlândia, que suspendeu suas operações desde março, uma explosão na planta Jambì na Indonésia em abril e problemas na CMPC no Rio Grande do Sul devido a enchentes em maio e junho. De acordo com a Risi Fastmarkets, as paradas não programadas no primeiro semestre de 2024 já somam 664 mil toneladas, um número considerável apesar de ser menor que o milhão de toneladas registrado no mesmo período de 2023.
A menor disponibilidade de celulose nos últimos seis meses, combinada com uma demanda estável na China no início do ano, tem sustentado a recuperação dos preços.
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No entanto, olhando para o futuro, parece provável que os preços enfrentem dificuldades para se manterem elevados no segundo semestre de 2024. A Suzano deve iniciar em breve suas operações no projeto Cerrado no MS, gerando volumes adicionais para exportação nos próximos meses. Além disso, a planta da Metsa Fiber (Kemi) na Finlândia está retomando suas operações e a CMPC já opera normalmente na planta Guaíba no RS. A nova planta da Liansheng em Fujian, na China, que também está iniciando suas operações, deve contribuir para um aumento significativo da oferta no mercado global ao longo do segundo semestre.
A demanda tende a ser sazonalmente mais lenta nos meses de verão do hemisfério norte, e há sinais de queda nos preços do papel no mercado chinês, o que geralmente precede uma menor demanda por celulose no gigante asiático. Esses fatores sugerem uma demanda menos dinâmica no terceiro trimestre do ano, o que pode levar a um ponto de inflexão na tendência dos preços da celulose e ocasionar algumas quedas. No entanto, é importante lembrar que paradas não programadas ou problemas logísticos podem surgir a qualquer momento, causando novos desequilíbrios que alterem a trajetória dos preços, como ocorreu nos últimos meses.
Fonte: Rabobank