O setor de celulose enfrenta um cenário de aumento da oferta global e uma demanda menos dinâmica na China, fatores que devem contribuir para um ciclo de queda nos preços, conforme aponta o relatório AgroInfo Q3 do Rabobank. Após um primeiro semestre de altas moderadas, os preços da celulose de fibra curta na China começaram a declinar a partir de julho, caindo de USD 745 por tonelada em maio para USD 574 por tonelada em setembro.
O documento aponta que os problemas de oferta que impactaram o mercado nos primeiros meses do ano foram, em grande parte, solucionados com a retomada da produção em plantas como a da Metsa Fiber, localizada na Finlândia, e em Jambi, na Indonésia. Segundo a Risi Fastmarkets, as paradas não programadas no primeiro semestre totalizaram 750 mil toneladas, contribuindo para a elevação dos preços. No entanto, o cenário está mudando com a significativa produção no segundo semestre. A nova planta da Suzano, em Ribas do Rio Pardo (MS), e o aumento da capacidade na China estão ampliando a disponibilidade de celulose, justamente quando a demanda chinesa tende a desacelerar.
Estoques globais de celulose de fibra curta
Os estoques globais de celulose de fibra curta já estão em alta, passando de 41 dias em março para 48 dias em julho, o que reforça a expectativa de preços em baixa. No mercado doméstico, o papelão ondulado apresentou um crescimento de 5% em volume nos primeiros oito meses do ano, impulsionado pelo avanço do varejo e da economia, o que pode resultar em aumentos adicionais no segundo semestre.
A expectativa do Rabobank é de que os preços globais continuem a cair no quarto trimestre, à medida que a oferta de fibra curta aumenta. Apesar da demanda chinesa ter sido sólida no início do ano, a desaceleração econômica e os sinais de deflação na China já estão afetando a demanda por papel. Com as economias desenvolvidas mostrando sinais de crescimento reduzido, o mercado global deve passar por um reajuste, com preços levemente inferiores aos do terceiro trimestre.
É importante ressaltar que paradas não programadas ou problemas logísticos podem surgir a qualquer momento, potencialmente criando novos desequilíbrios nos preços, como ocorreu no primeiro semestre. Além disso, plantas com custos elevados podem reduzir sua produção no quarto trimestre, contribuindo para o reequilíbrio do mercado. Entretanto, o Rabobank prevê que a recuperação dos preços globais só deve ocorrer a partir do segundo semestre de 2025.
Em seu relatório, o banco enfatiza dois pontos de atenção:
Pontos de Atenção:
O mercado doméstico de papelão ondulado cresceu 5% em volume nos primeiros oito meses do ano. O crescimento do varejo e da economia como um todo deve permitir altas adicionais no segundo semestre.
A intensidade da estiagem e as altas temperaturas estao impactando negativamente a produtividade das florestas, o que pode significar custos mais altos para o setor no curto prazo.