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Segundo dia do ABTCP 2024 aborda oportunidades futuras e desafios da agenda ESG

Sessões Técnicas de Celulose, Indústria 5.0, Transformação Digital e Inovação, e Meio Ambiente dão amplo enfoque a cenário atual e futuro

A programação do ABTCP 2024 – 56º Congresso e Exposição Internacional de Celulose e Papel, que está sendo realizado no Transamerica Expo Center (SP) entre os dias 1 e 3 de outubro, segue contemplando atualidades e inovações tecnológicas benéficas à promoção da circularidade e demais aspectos da agenda ESG (Environmental, Social and Governance).

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Gianna Sagazio, CEO do SOSA Brasil – The Open Innovation Company, esteve entre os keynotes do dia, na Sessão Técnica de Indústria 5.0, e discorreu sobre as formas de praticar a inovação aberta. “A indústria de celulose e papel já tem ciência sobre a importância de recorrer às práticas de inovação aberta para alavancar seus diferenciais competitivos, aliando redução de custos a incrementos de sustentabilidade. O trabalho da SOSA é conectar a necessidade das empresas a tecnologias globais avançadas”, disse, ao citar que Suzano, Klabin e CMPC compõem a carteira de clientes da SOSA.

A keynote Virgínia Londe de Camargos, gerente de Meio Ambiente e Gestão Integrada da Veracel, ampliou o enfoque às diferenças entre sustentabilidade e ESG, esclarecendo como esta agenda pode ser transformadora. “Sustentabilidade já faz parte do dia a dia das empresas do setor, mas o ESG ainda é um grande desafio, uma vez que existem muitos padrões e documentos norteadores, porém ainda não se tem uma linha de atuação clara e aceita”, comentou sobre a necessidade de adotar ferramentas para medir, monitorar e acompanhar as mudanças.

O keynote da Sessão Técnica de Celulose, Vítor Lucas, diretor industrial da Altri Biotek e presidente da Tecnicelpa e da Eucepa, abordou os desafios técnicos da produção de celulose e papel na Europa. Ele informou que a produção de celulose de fibra curta, em Portugal, gira em torno de 2,7 milhões de toneladas por ano. Mesmo em escala inferior à produção brasileira, Lucas pontuou que as preocupações com a gestão de água e eficiência energética são comuns a todos os players do setor, em linha com métodos de melhoria contínua e demais propósitos da agenda em prol da competitividade operacional e da sustentabilidade.

“Sustentabilidade já faz parte do dia a dia das empresas do setor, mas o ESG ainda é um grande desafio, uma vez que existem muitos padrões e documentos norteadores, porém ainda não se tem uma linha de atuação clara e aceita”, comentou Virgínia . Crédito: ABTCP/Gladstone Campos

Abrindo a Sessão Técnica de Celulose II, no período da tarde, o keynote João Cordeiro, Senior Principal Management Consulting da AFRY, elencou os fatores que fortalecem o sucesso histórico da celulose brasileira: a audácia da inovação, a transformação tecnológica ao longo da cadeia de produção que a inovação oferece e a criação de vantagens competitivas. Além da história de sucesso, Cordeiro mostrou alguns dos principais desafios enfrentados pelo setor atualmente, a exemplo da eventual desglobalização dos mercados, da potencial erosão da competitividade pelo aumento do custo da madeira e da emergente concorrência com a celulose integrada na Ásia. Por fim, o executivo detalhou as diversas oportunidades de negócio que a economia circular oferece. “O Brasil tem todos os elementos para, mais uma vez, se tornar um grande player mundial na nova bioeconomia.”

O desenvolvimento de sensores virtuais para máquinas de papel através de soluções computacionais em nuvem foi abordado por Wellington Pereira Santos, especialista de Processo Papeleiro da Voith Paper, na Sessão Técnica de Transformação Digital e Inovação — o trabalho posiciona-se entre os dez melhor avaliados pelo Comitê da ABTCP. “O tema sensores virtuais vem sendo estudado desde a década de 1970, mas, mesmo nos dias atuais, ainda não é comum encontrá-los em máquinas de papel mundo afora. Os sensores virtuais configuram o primeiro elemento de um sistema de controle avançado, uma vez que fornecem uma estimativa em tempo real de uma propriedade do papel que normalmente só é obtida em laboratório a cada 40 minutos. Dessa forma, os sensores virtuais habilitam o funcionamento de sistemas que controlam a qualidade do papel de forma muito mais eficiente”, disse sobre a proposta do trabalho de mostrar como as tecnologias emergentes da computação estão tornando mais atraentes a instalação de sensores virtuais em máquinas de papel.

Cordeiro: “O Brasil tem todos os elementos para, mais uma vez, se tornar um grande player mundial na nova bioeconomia”.
Crédito: ABTCP/Gladstone Campos

Exposição ABTCP 2024 – Arena de Inovação – dia 2

O segundo dia da Arena de Inovação, parte do 56º Congresso e Exposição Internacional de Celulose e Papel, foi marcado pelo eixo temático da Economia Circular. Organizado pela Rede de Inovação da ABTCP, iniciativa voltada para conectar startups inovadoras que desejam apresentar soluções técnicas, o evento destacou o papel da inovação no reaproveitamento de resíduos nas indústrias de papel e celulose.

A abertura, realizada por Umberto Cinque, Head Técnico da ABTCP, contextualizou alguns dos pontos principais para a promoção da economia circular. Durval Garcia Jr., diretor de projetos de inovação da Alcance Innovation Consulting, contou que Cinque buscou demonstrar ao público as diferenças entre resíduos e rejeitos. “Ele destacou os “quatro R’s” essenciais da economia circular: repensar, reduzir, reutilizar e reciclar, enfatizando que, para a indústria de papel, muitos resíduos ainda possuem valor econômico e podem ser transformados em novos produtos”, disse.

Na sequência, Ricardo da Quinta, diretor industrial da Ibema, também discutiu as dificuldades enfrentadas pelas papeleiras para manter esse ciclo equilibrado. Para ele, o grande desafio hoje não é a tecnologia de reciclagem, mas sim a coleta de materiais. A irregularidade no volume e na constância da coleta que compromete a produção. Para tal, a empresa busca ideias que contribuam para melhor integrar esse processo.

No segundo painel, voltado às apresentações das empresas e startups, algumas ideias inovadoras foram apresentadas. Lairton Leonardi (SOLVO) demonstrou uma solução de repolpação por cavitação, que promete uma economia energética de até 40% em relação aos métodos tradicionais. Luiz Barbante (ProjeNet Flix) discutiu a aplicação de gêmeos digitais para simular processos industriais, possibilitando a realização de testes sem a necessidade de interromper a produção real.

Na seguência, Felipe Barbi Marcon (ReciGreen Tecnologia Verde) trouxe uma inovação focada no reaproveitamento de sacos de cimento, conseguindo extrair celulose kraft desse processo.
“O espírito da Rede de Inovação é exatamente esse: dar espaço para essas startups que oferecem soluções criativas. Ele demonstrou que sua tecnologia de reaproveitamento de sacos de cimento, consegue extrair toda a fibra para obter celulose. Felipe, inclusive, levou uma amostra da celulose que produziu a partir desse processo, o que despertou bastante interesse, de grandes empresas. Foi uma demonstração impressionante de como é possível fechar o ciclo de economia circular reaproveitando materiais como os sacos de cimento, que são amplamente usados em obras”, destacou Garcia Jr., destacando ainda que a ReciGreen recebeu a Declaração de Circularidade da Fiesp e foi premiada pelo Senai.

O dia também contou com uma apresentação sobre propriedade intelectual e contratos de transferência de tecnologia, realizada pela advogada Thereza Curi, do escritório Kasznar Leonardos, destacando a importância da proteção de direitos em processos de inovação.

Participantes da Arena de Inovação e equipe da Rede de Inovação da ABTCP no segundo dia de palestras.

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