A fase de baixa de preços da celulose continua em outubro e novembro de 2024, em especial para os preços da tonelada de celulose de fibra curta (BHKP e BEK) e, em especial, na Europa. Neste continente, há grande aumento da oferta desse produto em relação à sua demanda, em especial devido à tentativa de ofertantes em oferecerem maiores volumes desses produtos na Europa, onde os preços lista são bem superiores aos praticados na China.
No entanto, no final de outubro e no início de novembro, esse movimento levou a algumas negociações na Europa em que os preços praticados nas vendas domésticas momentâneas (mercado spot) implicaram em valores, por tonelada de BEK, um pouco inferiores aos praticados na China.
No mercado de celulose de fibra longa (NBSKP), há ainda tendência de queda de preços, mas em ritmos inferiores às reduções que ocorrem no mercado de celulose de fibra curta, em especial na Europa e na China. Nos EUA, continuam a ocorrer quedas dos preços da tonelada de NBSKP, mas em valores absolutos inferiores às quedas ocorridas na Europa, o que implica em aumento do gap de preços (em dólares) deste produto entre as duas regiões.
Na China, os preços das celuloses, em especial os levantados pela Norexeco, já sugerem estar atingindo, em novembro deste ano, os seus valores mínimos. As previsões da Norexeco são de que, em dezembro, os preços das celuloses de fibras longa e curta sejam maiores do que os de novembro e continuem a aumentar em janeiro de 2025, ressaltando-se que, neste mês de novembro, poderá ser atingido o valor de apenas US$ 555, em média, pela tonelada de BEK na China.
O mercado de madeiras sólidas no Canadá ainda continua a evidenciar variações distintas dos preços segundo o produto considerado. No mês de outubro de 2024, frente ao mês anterior, ocorreram aumentos dos preços em dólar norte-americano do metro cúbico de compensados e de pranchas de madeira SPF (spruce, pine e fir) no Canadá, mas houve queda do preço do metro cúbico de chapa de OSB. Essas variações foram de 2,9%, 1,5% e -4,2%, respectivamente.
MERCADOS DE CELULOSE, PAPÉIS E APARAS
O Gráfico 1 traz a evolução dos preços da tonelada de celulose de fibra longa (NBSKP) nos EUA, Europa e China desde janeiro de 2014 até setembro de 2024, segundo a Natural Resources Canada (NRC). Estamos na nova fase de baixa de preços desta commodity, que se iniciou em momentos distintos nos países (regiões) citados. Mas, claramente, em setembro do corrente ano, esta fase ainda perdura.
Constata-se, no entanto, que a redução de preços desta commodity tem sido, recentemente, maior na Europa do que nos EUA, implicando no aumento do gap (diferença) de preços entre EUA e Europa para o mesmo produto e no mesmo mês. Em setembro de 2024, o preço da tonelada de NBSKP nos EUA foi, segundo a NRC, de US$ 1.735, enquanto ele foi de US$ 1.545 na Europa, um gap de 12,3% a mais para o preço do produto nos EUA. Em maio do corrente ano (ver Tabela 1), este gap era de 4,0%.
Segundo a NRC, o preço da tonelada de NBSKP na China foi de US$ 755 em agosto do corrente ano e de US$ 760 em setembro. Isso sugere uma possível tendência do preço deste produto se estabilizar na China.
Europa
Os preços lista para a tonelada de celulose de fibra longa (NBSKP) e para a tonelada de celulose de fibra curta (BHKP e BEK) sugeridos na Europa são bem superiores aos praticados na China. Com isso, há uma tendência, principalmente dos fabricantes de celulose de fibra curta, em aumentar a oferta desse produto para venda na Europa. Assim, surge uma oferta maior do que a demanda por celulose na Europa e, com isso, os estoques de celulose nos portos europeus estão aumentando (ver Gráfico 2), o que eleva as pressões por quedas dos preços da celulose na Europa.
Entre junho e setembro de 2024, os estoques de celulose nos portos europeus aumentaram em 345.369 toneladas, equivalentes a 28,2% do volume existente em julho. O aumento de estoques de celulose na Europa coincide com as suas quedas de preços. Segundo a Norexeco, entre julho e outubro de 2024, o preço da tonelada de celulose de fibra longa na Europa caiu 4,6%, enquanto a queda de preços da tonelada de celulose de fibra curta foi de 17,4% (ver Tabela 3).
Segundo a Norexeco (ver Tabela 3), o preço lista da tonelada de celulose de fibra curta (BHKP ou BEK) na Europa em outubro foi de US$ 1.190 e poderá ser de US$ 1.078 em novembro (este mês ainda não tinha sido encerrado quando do término desta coluna).
Reportagem publicada pelo Fastmarkets em 11/11/2024 (intitulada “European BEK pulp prices tumble by triple digits a third time”) indicava preço lista de US$ 1.060 no mesmo período e que aconteceram negociações no mercado spot na Europa, no final de outubro, entre US$ 550 e US$ 600 por tonelada, e, na primeira semana de novembro, essas negociações ficaram no intervalo entre US$ 540 e US$ 580 por tonelada. Essas negociações implicaram em descontos de até 54% em relação ao preço lista sugerido na Europa. A própria reportagem do Fastmarkets considera esses descontos muito elevados e os atribui às oportunidades de compradores em fazer valer, ainda que esporádica e pontualmente, na Europa, os preços vigentes na China para a tonelada de BEK, o que não é normal.
As quedas de preços da celulose na Europa já motivaram alguns de seus fabricantes de celulose a fazerem paradas técnicas na produção, de modo a diminuir a oferta de celulose. Esses foram os casos, segundo a supracitada reportagem da Fastmarkets, da UPM e da Metsä Fibre na Finlândia nos meses de setembro e outubro deste ano, ainda que não tenham ocorrido paradas sincronizadas entre essas empresas.
Segundo a Norexeco, na Europa, os preços lista da tonelada de celulose tanto de fibra longa quanto de fibra curta irão cair até dezembro do corrente ano, havendo previsões de aumento desses preços a partir de janeiro de 2025. No entanto, os grandes descontos ocasionais ocorridos na última semana de outubro e começo de novembro de 2024 (acima relatados) poderão mudar este cenário de recuperação de preços da celulose na Europa a partir de começo de 2025, tal como previsto pela Norexeco (ver as últimas linhas da Tabela 3).
LEIA AQUI A COLUNA NA ÍNTEGRA PUBLICADA NA EDIÇÃO DE NOVEMBRO DA O PAPEL