Na busca por redução de custos, muitas organizações vêm substituindo as mídias impressas pelas digitais. No entanto, a comunicação impressa não morreu e nada indica que vai acabar. Para aqueles que pensam que a substituição da mídia analógica pela digital é algo irreversível, lembramos que, em primeiro lugar, muitos consumidores e leitores continuam preferindo a mídia impressa. Em segundo, inúmeros estudos demonstram a eficácia da mídia impressa – é fato comprovado que o cérebro prefere o papel. Além disso, é falsa a ideia de que a comunicação digital é, necessariamente, mais sustentável que a mídia impressa.
A “nuvem” é o espaço virtual onde são armazenados os “zilhões” de arquivos de textos, imagens, vídeos e músicas – uma quantidade de informação que cresce de forma astronômica, dia a dia. No entanto, longe de ser algo etéreo como o termo sugere, a nuvem é um conjunto de milhares de data centers que guardam, processam e transmitem tudo isso. Sua pegada de carbono é enorme, resultante do consumo de quantidades gigantescas de energia, na maior parte oriunda da queima de combustíveis fósseis.
A Universidade de Yale já informava, em 2018, que “os gigantescos data centers que movem a internet consomem vastas quantidades de eletricidade e emitem tanto CO₂ quanto a indústria de aviação”.¹ As empresas proprietárias desses data centers têm sido pressionadas a buscar fontes sustentáveis de energia, mas o fato é que essa pegada de carbono só tem aumentado e o advento da IA acelerou ainda mais esse crescimento.²
Um estudo mais recente, patrocinado pelo Parlamento do Reino Unido, estima que o setor de Tecnologia de Comunicação e Informação consumiu de 4% a 6% da energia mundial em 2020.³ Segundo matéria publicada na Folha de S.Paulo (2024), “o impacto ambiental dos data centers […] tornou-se uma questão crescente em todo o mundo”.⁴
Outro impacto negativo da comunicação digital é causado pela extração e processamento dos materiais usados para a fabricação dos equipamentos eletrônicos.⁵ Trata-se de mineração em condições de trabalho insalubres e com a destruição de ecossistemas naturais.
Também é um problema ambiental grave a produção de resíduos eletrônicos, que cresce mais rapidamente do que a capacidade de os reciclar. Segundo a ONU, “a produção de lixo eletrônico pela humanidade está aumentando cinco vezes mais rápido do que as estimativas feitas com base em dados sobre a reciclagem”.⁶
As mídias eletrônicas são indispensáveis, mas é necessário termos em conta que essas tecnologias não são inofensivas e lembrar que papel vem de fontes de matérias-primas renováveis – árvores cultivadas que sequestram carbono da atmosfera –, que papel é um dos produtos mais reciclados e é biodegradável. ■
Sobre a Two Sides
Fundada em 2008, Two Sides é uma iniciativa global, sem fins lucrativos, que divulga os atributos únicos, sustentáveis e atraentes do papel e das embalagens de papel, bem como esclarece equívocos comuns sobre seus impactos ambientais.
Two Sides é uma colaboração de empresas de celulose, papel, embalagens, gráficas, editoras, jornais e revistas e opera na Europa, América do Norte e do Sul, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia. Papel, cartão e papelão são recicláveis, biodegradáveis e provêm de florestas cultivadas.
REFERÊNCIAS