Terminamos nosso artigo anterior, Embalagem Expositora, falando, também, sobre o Manuseio. Gostaríamos de voltar ao assunto e adicionar outras informações, dado os cuidados necessários e exigidos por conteúdos frágeis e delicados, como é a grande maioria dos produtos hortifrutis. O manuseio pode se dar na movimentação das embalagens e aqui analisamos o que acontece com as frutas, principalmente porque é um dia a dia que salta aos olhos; há, ainda, o manuseio feito pelo comprador final, naquele procedimento de apalpar fruto por fruto na hora da compra. Mas há outro momento de “maus tratos” dado às frutas, quando o comerciante simplesmente “despeja” as frutas para exposição sobre as bancadas, o que acontece, também, nas feiras. Aqui, repetidas vezes, pois nem tudo exposto numa feira é vendido e volta para nova exposição em outra feira e em outro dia.
Erroneamente, alguns atribuem aqueles danos ao produto, nesses casos aqui discutidos, como problemas de embalagem, sem uma análise mais adequada das ocorrências. Pode até acontecer de o problema estar ligado à embalagem em alguns casos por ela estar inadequada ao seu conteúdo, e cito aqui o caso das “redinhas” usadas como “embalagem” do consumidor. Na realidade, as “redinhas” não são consideradas como embalagem, pois não protegem os produtos; são apenas usadas para unir certa quantidade de unidades do conteúdo. Quando o produtor acondiciona essas redinhas numa embalagem de transporte adequada, elas, as redinhas, exercem uma função não protetora, mas mantêm a sua função de união, isto é, selecionar certa quantidade que será a unidade de venda ao consumidor.
Essa unidade de venda ao consumidor tem, porém, um ponto positivo, pois evita aquela escolha dos compradores em ficar apalpando fruto por fruto, um problema também de higiene que ficou bastante evidente durante a pandemia da Covid-19. Criar embalagens do consumidor, especialmente em papelão ondulado, é bastante interessante e adequado para uma série de situações. Já é praticada para alguns produtos, e a qualidade desses produtos, assim embalados, é muito superior em relação àquela em que as unidades dos produtos são selecionadas pelos compradores finais na hora da compra (manuseando-os e selecionando aqueles isentos de defeitos, normalmente relacionados a manuseios até então praticados).
Para essas embalagens do consumidor, as dimensões deveriam permitir que elas fossem transportadas dentro de uma embalagem maior. Essa embalagem deveria ser aquela de dimensões 600×400 (comprimento por largura), que foi escolhida para se adequar ao palete 1000×1200, considerado o palete padrão. Assim, a embalagem do consumidor funcionaria como uma embalagem para conter um número de unidades do produto, sem a preocupação de resistência quanto ao empilhamento, estocagem e transporte. À embalagem maior (600×400) caberia a responsabilidade de resistência quanto ao empilhamento, estocagem, transporte e manuseio nas várias fases de seu ciclo de distribuição.
As perdas (por danos causados por manuseios inadequados ou desnecessários) são significativas. Quando o produto danificado (apresentando amassamentos por batidas, choques etc.) é desqualificado, ele, em alguns casos ou na maioria das vezes, é vendido por preços inferiores (acontece muito com os tomates, por exemplo) ou até mesmo descartado como perda definitiva. Essas ocorrências, tão corriqueiras e que já parecem incorporadas como normais, precisam ser minimizadas e corrigidas, visto que os custos disso elevam os preços dos produtos que chegam ao consumidor final.
Cuidados no manuseio desses produtos frágeis ou perecíveis são uma contribuição para evitar desperdícios. A embalagem de papelão ondulado, além de proporcionar proteção, é normalmente projetada para facilitar o transporte e permitir um manuseio adequado para o empilhamento, estocagem e transporte. A Associação publicou um Manual de Transporte e seus associados têm, nele, um guia interessante quando projetam embalagens para produtos suscetíveis a danos em casos de grande número de manuseio durante o ciclo de distribuição de um produto. E aqui nos referimos a manuseios normais, pois há aqueles que poderiam ser evitados se, para tanto, os cuidados necessários fossem adotados.