Resposta elaborada por: Marcelo Tadao Saita ([email protected]), da Unidade de Tecnologias Regulatórias e Metrológicas (TRM) do Instituto de Pesquisas Tecnológica do Estado de São Paulo (IPT)
A metrologia desempenha um papel fundamental na garantia da confiabilidade das medições, com a aceleração gravitacional sendo um fator crítico que afeta diversas grandezas. A força exercida nos corpos pela gravidade, quando devidamente considerada em conjunto com outros fatores de influência, pode ser utilizada para gerar rastreabilidade de medições.
O valor padrão da aceleração da gravidade é 9,80665 m/s² e se refere a um valor teórico da gravidade a uma latitude de 45° ao nível do mar. Para aplicações reais, contudo, o valor da gravidade local pode diferir significativamente deste valor. No Brasil, por exemplo, os dados da Rede Gravimétrica Fundamental Brasileira mostram que essa diferença pode chegar a 0,3%.
O Grupo de Gravimetria e Metrologia da Gravidade Terrestre do Observatório Nacional, unidade de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (ON/MCTI), realiza a medição da gravidade local e seu gradiente vertical no Brasil. Essas medições compõem a Rede Gravimétrica Fundamental Brasileira (RGFB), que consiste num acervo integrado de medições da aceleração da gravidade em diversos locais do País. Esses dados estão disponíveis para consulta no Mapa Eletrônico da RGFB e acessíveis por meio da página do Observatório Nacional no portal do Governo Federal (gov.br).
No Laboratório de Metrologia Mecânica do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (LMM/IPT), a aceleração da gravidade local foi determinada pelo ON/MCTI em duas salas: na Área de Força/Torque, no piso térreo, e na Área de Pressão, no primeiro andar. As medições foram realizadas nas alturas do piso e da bancada para a estimativa do gradiente vertical.
Como células de carga e dinamômetros. Já a Área de Torque utiliza máquinas de torque na calibração de transdutores de torque e torquímetros. Por fim, a Área de Pressão utiliza balanças de pressão na calibração de medidores de pressão e vácuo, como manômetros digitais e transdutores de pressão.
Para determinar a gravidade local no LMM/IPT, o ON/MCTI utilizou três gravímetros relativos LaCoste & Romberg, modelo “G”, e dois gravímetros relativos Scintrex, modelo “AutoGrav CG-5”. Esses instrumentos foram calibrados ao longo da Linha de Calibração Gravimétrica de Agulhas Negras, onde seus parâmetros foram verificados. Os gravímetros relativos necessitam de uma referência para o transporte do valor da gravidade. Assim, para as medições no LMM/IPT, foi utilizada a estação gravimétrica absoluta número 000707 da RGFB.
Os locais das medições da gravidade no LMM/IPT foram marcados por chapas metálicas circulares cravadas no piso com a inscrição “MCT – Observatório Nacional – Estação Gravimétrica” (Figura 2). Conforme o relatório, os valores medidos podem ser utilizados com uma precisão de três partes em 10⁷, em um raio horizontal de até 50 metros e com desnível vertical inferior a um metro.
A determinação da aceleração da gravidade no Laboratório de Metrologia Mecânica do IPT, realizada pelo Observatório Nacional, foi essencial para garantir a rastreabilidade metrológica das calibrações realizadas. Essas medições possibilitam ao laboratório alcançar incertezas mínimas, fundamentais para a confiabilidade das medições de força, torque e pressão, contribuindo para a manutenção de elevados padrões de metrologia no Brasil.