POR CAIO DAVANZO- Sócio e diretor de Papel e Celulose da Falconi – O turnover de pessoas nas indústrias, especialmente nos setores de capital intensivo, representa um desafio significativo que afeta diretamente os custos operacionais, a produtividade e a eficiência interna. A alta rotatividade de colaboradores acarreta gastos substanciais tanto diretos quanto indiretos.
Os gastos diretos incluem recrutamento, seleção e treinamento de novos profissionais, enquanto os gastos indiretos abrangem perda de produtividade, descontinuidade nos processos, impacto na confiança da equipe e danos à reputação da empresa no mercado de trabalho.
Pesquisas indicam que o custo de substituição de um funcionário pode variar de 20% a 213% do salário anual, dependendo da complexidade do cargo e do nível de especialização exigido. Funções mais simples geram custos equivalentes a 16% do salário. Já posições de maior especialização, como executivos, podem ultrapassar o dobro do salário anual, devido à necessidade de recrutamento especializado e ao impacto na produtividade durante a transição.
Vale reforçar que, além da possibilidade de altos custos financeiros, a rotatividade provoca perda de conhecimento organizacional, desestabiliza equipes e reduz o engajamento dos outros colaboradores. Em indústrias de capital intensivo, onde operações críticas dependem da expertise técnica de profissionais mais seniores, a saída de profissionais qualificados pode comprometer a continuidade e a qualidade das operações. Esses impactos são ainda mais graves em ambientes remotos ou de alta complexidade, onde taxas de turnover tendem a ser maiores.
Investir em retenção demonstra retorno claro. Empresas que implementam políticas de valorização de seus colaboradores conseguem reduzir de forma significativa os custos associados à rotatividade, além de aumentar a eficiência operacional. Esses investimentos não apenas promovem a retenção, mas também fortalecem a produtividade, a inovação e o engajamento no ambiente de trabalho.
Ao comparar o custo da substituição de funcionários com o investimento em retenção, fica evidente que os benefícios superam amplamente os gastos. Enquanto o turnover gera perdas financeiras e operacionais, ações voltadas para a manutenção de equipes experientes e motivadas resultam em ganhos de longo prazo, tornando a gestão de pessoas um pilar estratégico para a sustentabilidade e competitividade das indústrias.
Leia o texto original publicado na revista O Papel – Edição de Dezembro