POR PAULO HARTUNG – Presidente Executivo da IBÁ – Indústria Brasileira de Árvores – Secas extremas, excesso de chuvas, mudanças bruscas de temperatura. Temos testemunhado de perto as idas e vindas de um clima que demonstra sinais de um planeta no limite. Somado à crise climática, o mundo convive hoje com tensões e conflitos geopolíticos que representam desafios adicionais para a colaboração multilateral. Não há opção senão aquela que prioriza os principais desafios da humanidade, nos colocando na rota para um futuro em que o desenvolvimento sustentável seja a regra. É hora de agir.
Nesta tortuosa caminhada, não há bússola melhor do que os exemplos que materializam a união entre produzir e preservar. A indústria brasileira de árvores é um desses casos. Trata-se de um setor que se preocupa com a sustentabilidade de suas operações, da árvore ao pós-uso, e vem há décadas elevando a régua do que significa ser uma indústria forte e ambientalmente responsável. Temos orgulho em observar no Relatório Anual da IBÁ os números que sustentam essa constatação. A edição lançada no dia 19 deste mês reflete mais um capítulo da importante trajetória do setor.
Essa é uma pujante agroindústria que somou R$ 202 bilhões de receita bruta em 2023. O setor é o maior exportador de celulose do mundo e segundo maior produtor. Com US$ 12,7 bilhões em exportações, fornece bioprodutos para mais de 2 bilhões de pessoas, entre celulose, papéis, roupas, livros, fraldas, embalagens de papel, painéis de madeira para móveis, pisos, aço verde e muitos outros. O portfólio de bioprodutos vem se expandindo ano a ano a partir de um constante investimento em ciência e tecnologia. São inovadoras aplicações na indústria têxtil, medicamentos, alimentos, cosméticos e bioenergia.
Pautado na lógica da bioeconomia, o setor produz a partir de árvores plantadas, colhidas e replantadas exclusivamente para fins industriais. O Relatório da IBÁ mostra que já são 10,2 milhões de hectares de árvores cultivadas. O setor planta 1,8 milhão de árvores por dia, em áreas comumente degradadas, como é o caso da expansão no Mato Grosso do Sul. Pastagens e solos degradados vêm sendo recuperados em novas plantações florestais, que removem carbono da atmosfera e dão origem a produtos renováveis, gerando valor para o meio ambiente e a sociedade.
O relatório também mostra como o setor chegou a 6,91 milhões de hectares de áreas conservadas de vegetação nativa. Para se ter dimensão, essa é uma área maior que o estado do Rio de Janeiro. Tais áreas são uma verdadeira joia para o planeta, onde prosperam mais de 8 mil espécies de animais e plantas. As reservas não somente contribuem com a preservação da biodiversidade, como levam adiante inspiradores programas socioambientais.
A partir de lógica integradora e circular, o setor vem avançando na produção de bioenergia, em preocupação alinhada às atuais iniciativas que visam a transição energética. Essa é uma indústria que caminha rumo à autossuficiência nesta seara. Nas fábricas, 87% da energia consumida provém de fontes renováveis. Tal feito é possível devido ao reaproveitamento que se faz de produtos energéticos gerados a partir dos processos industriais. É o caso do licor preto, subproduto da fabricação de celulose. Enquanto as fibras dão origem aos bioprodutos renováveis e recicláveis do setor, a lignina, que confere rigidez à árvore, é reutilizada para geração de bioenergia.
É para este norte que aponta o futuro da indústria de árvores cultivadas. Fábricas recém-inauguradas e em construção nascem na rota da descarbonização e da circularidade de resíduos, reaproveitados nos processos industriais ou para geração de energia. Exemplos notáveis são a fábrica da Suzano em Ribas do Rio Pardo-MS, a unidade Puma II da Klabin em Ortigueira-PR, a nova unidade da Guararapes em Caçador-SC e o Projeto Star da Bracell, em Lençóis Paulista-SP, além do intenso movimento de modernização para a sustentabilidade de unidades já em operação. Tal expansão é fruto da ampla carteira de investimentos do setor, que já passa dos R$ 105,4 bilhões até 2028.
Desenvolvido em parceria com a ESG Tech, o Relatório Anual da IBÁ de 2024 está recheado de exemplos bem-sucedidos de uma indústria com sólida visão de futuro, que usa a terra de forma inteligente, respeita a natureza e cuida das pessoas. Com os dois pés fincados no desenvolvimento sustentável, o setor de árvores cultivadas prova que um futuro é possível e construído a partir da inventividade humana aliada a um compromisso inegociável com a saúde do planeta. Àqueles que buscam rotas para a travessia, que acreditam que o caminho se faz pelo caminhar e que têm esperança em um amanhã próspero, o novo Relatório da IBÁ é leitura indispensável.