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Aprendizado de uma ex-workaholic sobre produtividade e bem-estar

Reflexão sobre a busca por equilíbrio entre produtividade e bem-estar, especialmente após vivenciar os impactos da exaustão no trabalho

Eu costumava brincar dizendo que “teria tempo demais para dormir quando morresse”. Essa frase, meio piada, meio mantra, justificava madrugadas respondendo e-mails, fazendo relatórios ou os dias em que eu ignorava o almoço por simplesmente não ter tempo. Por um tempo, isso parecia certo — o caminho para o sucesso. Até que percebi quão errada estava. E o preço que paguei foi alto.

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Lembro-me de uma tarde de sábado em que, exausta, olhei para meu filho dormindo ao meu lado e vi que já passava das 17 horas. Estava trabalhando desde as 12 horas e, naquele momento, prestes a enviar mais um e-mail “urgente” quando uma pontada de dor de cabeça e um aperto no peito me paralisaram. Eu sabia que algo estava errado. Essa era a minha rotina, o normal. Mas em vez de satisfação, comecei a sentir vazio, como se eu estivesse apenas cumprindo tarefas para sobreviver e não vivendo de fato. Naquele momento, eu entendi que a compulsão doentia de ser produtiva em todos os momentos, às custas do meu bem-estar físico e mental, relacionamentos e qualidade de vida, estava me levando para um abismo sem fim.

Sim, é preciso falar sobre a produtividade tóxica. E, acredite, não é apenas um termo da moda e sim uma armadilha na qual muitos caem, impulsionados por uma compulsão constante de estar ativo, em uma cultura que glorifica o excesso de trabalho e a obsessão por resultados. Mas por que, afinal, caímos tão facilmente nessa armadilha? Desde cedo, somos ensinados a valorizar o trabalho árduo como uma virtude, enquanto o descanso é frequentemente associado à preguiça.

Acrescente a isso uma sociedade que romantiza o sacrifício e redes sociais que reforçam esse ciclo, mostrando colegas que parecem sempre “um passo à frente”, trabalhando até tarde, fechando negócios e exibindo conquistas sem aparentar cansaço. Essa combinação cria uma pressão constante e implacável que para nos manter competitivos. O verdadeiro problema é que, na maioria das vezes, ignoramos o fato de que essa mentalidade não é apenas prejudicial; ela é perigosa, especialmente quando não respeitamos nossos limites.

O relatório de tendências globais de talentos da Mercer em 2024 (https://www.mercer.com/assets/global/en/shared-assets/local/attachments/pdf-2024-global-talent-trends-report-en.pdf) afirma que 82% da força de trabalho está em risco de esgotamento, e os principais culpados são a carga excessiva de trabalho e a exaustão. Eu não percebia que a produtividade sem limites tinha um preço até que comecei a sofrer os impactos físicos e emocionais. Um outro estudo feito pela Slack (https://slack.com/intl/pt-br/blog/news/the-surprising-connection-between-after-hours-work-and-decreased-productivity) analisou mais de 10 mil funcionários administrativos em todo o mundo e mostrou que trabalhadores que se sentem pressionados a trabalhar além do expediente têm uma produtividade 20% menor, enfrentam um estresse 2,1 vezes pior e sofrem duas vezes mais com o esgotamento. Eu era a personificação dessas estatísticas, mas, na época, não via o que estava acontecendo. Para mim, era apenas mais um dia comum e, mesmo sabendo os benefícios do descanso, eu não me permitia pausar sem me sentir culpada.

Minha jornada para sair desse ciclo começou com um momento de pura exaustão. Não foi uma decisão consciente, mas uma necessidade de sobrevivência. Comecei a perceber que as metas que eu tanto almejava não compensavam a constante sensação de estar “desconectada” da minha própria vida. Esse entendimento foi um divisor de águas: entendi que a produtividade real não se mediria mais em horas, mas em qualidade e sustentabilidade.

Quando me dei conta que descansar não é um luxo ou privilégio e sim uma necessidade física e biológica, comecei a incorporar pausas e momentos de descanso em minha rotina, e ao contrário do que pensava, isso não era um sinal de fraqueza, contudo, de inteligência. O descanso é parte essencial de um ciclo produtivo saudável. E mais: ele melhora a criatividade e o desempenho, fortalecendo não apenas a saúde física, mas também o bem-estar emocional e mental.

Se você chegou até aqui, é porque algo dessa história ressoou em você. E talvez seja exatamente o que precisava ouvir para refletir sobre o seu ritmo e a maneira como tem encarado o trabalho e a vida. Mais um final de ano está se aproximando e é o momento perfeito para pausar, respirar e se perguntar: “Minha produtividade está realmente me levando aonde eu quero chegar?”. Se a resposta for negativa, este é o sinal para repensar suas prioridades e começar a ressignificar a relação com o trabalho.

Lembre-se: proteger sua saúde mental, emocional e física não é apenas uma escolha sensata, entretanto, um ato de responsabilidade com sua carreira e seu futuro. Um novo ciclo está prestes a começar, e o verdadeiro sucesso está em encontrar o equilíbrio para vivê-lo de forma plena, motivada e saudável. Que o trabalho seja uma parte importante da sua vida, mas nunca o todo.

Desejo a você boas festas, momentos de descanso e um ano novo repleto de renovação e equilíbrio!

Com carinho,
Lien.

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