Mudanças aceleradas, transformações complexas, dificuldades, preocupações, inseguranças. Assim segue a vida, e nossas emoções vão sendo testadas e desafiadas constantemente. Quem nunca se sentiu assim ao olhar ao redor do mundo e perceber a si mesmo neste contexto?
Diante de tudo, surge uma reflexão: Como podemos tornar pensamentos e sentimentos nossos aliados úteis e saudáveis para conseguirmos a superação? Você já se perguntou qual é a sua capacidade de reconhecer, entender, acolher, refletir e gerenciar suas emoções?
Quando começamos a pensar sobre quais nas nossas respostas a essas questões, estamos em busca do entendimento de um conceito introduzido pela dra. Susan David, psicóloga da Harvard Medical School, denominado Agilidade Emocional, que envolve ser flexível e criar um espaço para reflexão entre a emoção, o pensamento e a reação. Em outras palavras, Agilidade Emocional é a habilidade de manter o controle sobre nossas respostas emocionais, permitindo uma análise mais racional e menos impulsiva.
E ser emocionalmente ágil hoje, no ambiente profissional, passou a ser uma habilidade valiosa! Por um motivo bem simples: empresas não conseguem ser realmente inovadoras, prósperas e sustentáveis, se os líderes não forem emocionalmente ágeis. A capacidade de reconhecer e entender as emoções em si e nos outros é um dos grandes desafios de quem ocupa um cargo de liderança no cenário corporativo.
Pessoas emocionalmente ágeis são boas em se colocar no lugar de outras pessoas, entender como elas se sentem e ir além. Elas não somente acolhem as emoções das pessoas, mas principalmente compreendem qual a melhor forma de tornar esse sentimento proveitoso. Por serem hábeis com as próprias emoções, são capazes de respeitar as frustrações que surgem no ambiente de trabalho.
Identificar os conflitos pessoais e como eles se refletem no desempenho das funções da sua equipe, além de usar esse entendimento emocional para responder adequadamente a cada situação. Comunicando-se de forma clara e de mente aberta, conseguimos ser capazes de liderar melhor com pessoas e com nossa própria carreira.
Além disso, ser emocionalmente ágil é uma competência indispensável em um mundo onde as mudanças são cada vez mais rápidas e exponenciais. Posso afirmar que esta é uma habilidade crucial a quem deseja alcançar bem-estar, equilíbrio pessoal e ter sucesso profissional. Profissionais com agilidade emocional conseguem tomar decisões mais ponderadas e alinhadas com seus valores e objetivos estratégicos, melhorando a qualidade das decisões e reduzindo erros impulsivos.
Profissionais emocionalmente ágeis também são mais resilientes, recuperam-se mais rapidamente de contratempos e mantêm-se focados em seus objetivos a longo prazo, uma vez que a agilidade emocional contribui significativamente para a satisfação e o bem-estar no trabalho. Gerenciar melhor o estresse e outras emoções negativas não só melhora a satisfação no trabalho, mas também a qualidade de vida como um todo.
Agora me conte sobre você: Quem está no comando de sua vida hoje? Pensador ou Pensamento? Já parou para pensar se o pensador está no controle ou se é o pensamento que lhe domina? Quando você consegue pensar antes de tomar decisões, considerar as possibilidades antes de fazer uma escolha, sem que as emoções interfiram e sobrecarreguem seus pensamentos, o pensador está no controle.
Ao reagir de forma impulsiva aos acontecimentos, sem a compreensão dos sentimentos envolvidos e definindo atitudes a partir do que você está pensando, o pensamento está no controle. Lembre-se que as emoções são sentimentos e não fatos. Pensar antes de tomar decisões é crucial. É como se pudéssemos nos distanciar de nossos pensamentos e analisar nossos sentimentos de forma passiva, sem que a emoção controle nosso comportamento.
Posso afirmar que todos nós possuímos a habilidade de reconhecer, entender, analisar e gerenciar emoções – basta desenvolvê-la e praticá-la. Agilidade emocional é uma prática diária. O primeiro passo para ganhar agilidade emocional é ganhar autoconsciência, ou seja, praticar a busca pelo reconhecimento das suas próprias emoções e sentimentos. Observar e refletir. Analisar como seus sentimentos influenciam as decisões que você toma, ou afetam a forma como você interage com os outros.
As emoções são complexas e muitas vezes simplificamos tudo como “estresse”. Mas quando você se sentir estressado, procure ir mais a fundo nessa sensação. Por trás pode estar uma combinação de sentimentos, como: raiva, frustração, tristeza. E não reconhecer a emoção exata que está sentindo impede que você entenda o que está acontecendo. Dificulta raciocinar e tomar a atitude correta.
Ao dedicar um tempo para refletir sobre essas questões, você perceberá o ganho de consciência sobre suas emoções e sobre o papel que elas desempenham na sua vida diariamente. É preciso transformar emoções em ações produtivas. Agir de modo automático em situações importantes; ficar preso a uma emoção, ou limitado a certos pensamentos, ou mesmo, procurar controlar as emoções sem entender o que elas estão comunicando é deixar de aproveitar uma das maiores funções que a emoção traz consigo: que é orientá-lo(a) e direcioná-lo(a) melhor nos mais diversos momentos da sua vida.
E tenha em mente: sempre será sobre o que é realmente importante para você. O exercício aqui não é ignorar a emoção, mas perguntar: Qual é a função da emoção que estou sentindo? O que ela está tentando sinalizar para mim? O que está me dizendo sobre como eu sou e com o que me importo? A resposta é conhecer e entender melhor a si mesmo.
E é a partir de um processo de entendimento que você conseguirá transformar suas emoções em ações produtivas. Não se esqueça: você é ágil emocionalmente quando, por exemplo não rejeita nem anula suas emoções, mas compreende como esses sentimentos contêm informações relevantes e ensinamentos importantes.
Portanto, defina os seus valores, porque entre as estratégias para desenvolver agilidade emocional, Susan David destaca a importância de conhecer e saber quais são seus valores. E valores são sistemas de orientação sobre como você quer viver sua vida, ou seja, perguntar a si o que realmente importa.
Todos os dias, diante das várias escolhas que precisam ser feitas, você pode se aproximar dos seus valores, assim como pode se afastar deles. Quando sentir que alguma atitude que você tomou vem acompanhada de uma sensação de desconforto, leve em conta que, de alguma forma, seus valores foram colocados em “xeque”. Este sentimento indica que você se distanciou dos seus valores.
Por esse motivo, defina seus valores! E definir seus valores e ter total consciência sobre o que significam para você é essencial para que eles deixem de ser abstratos e se tornem reais. Só dessa forma eles serão o centro das suas decisões emocionais. E guiarão você para a vida que deseja construir.
Aqui fica uma dica: Para definir seus valores, reserve um tempo para refletir sobre perguntas como: “Quem eu quero ser? O que é importante para mim?”. Escrever sobre esses temas pode ser uma ferramenta poderosa para manter o foco em seus objetivos e vai auxiliá-lo a ganhar agilidade emocional a partir de treinamento, prática e um desenvolvimento contínuo.
A base desse desenvolvimento está no autoconhecimento. Por isso, invista para se conhecer melhor, seja por meio de terapia, coaching, meditação, leituras ou experiências. Há muitas lições valiosas a serem aprendidas através das emoções, que nos conectam e reconectam constantemente com quem realmente somos.
Ao identificar e respeitar suas emoções, você começa a valorizar o motivo de sua existência, reconhecendo que elas oferecem oportunidades de crescimento em todos os aspectos da sua vida.
E com esta recomendação final vou me despedindo sem a pretensão de esgotar o tema e com uma mensagem simples: procure compreender o sentido das emoções que você está sentindo e veja como elas influenciam suas ações. As emoções são poderosos guias em nossas vidas e entender essa dinâmica pode ser transformador.
Adoraria ouvir suas experiências e pensamentos sobre esse tema, caso decida escrever para mim para contar, mas, se ainda não estiver preparado neste momento, vamos seguindo juntos por esta coluna, que é um espaço de nosso encontro, e nos vemos então no artigo do próximo mês.