Nos seis primeiros meses de 2024, segundo as informações da Norexeco, o preço da tonelada de celulose de fibra curta (BHKP) na Europa acumula alta de US$ 441,87, equivalente a 44,9% sobre o valor vigente em dezembro do ano passado. Esses valores para a tonelada de celulose de fibra longa, NBSKP, são de US$ 352,40 e de 28,6%, respectivamente. E novas elevações desses preços são previstas para ocorrerem em julho de 2024, quando os preços da tonelada de BHKP e de NBSKP serão, respectivamente, de US$ 1.450 e de US$ 1.635 na Europa.
Como já noticiado em edições anteriores desta coluna, as altas de preços da celulose na Europa são causadas, principalmente, pela redução de sua oferta (advinda de problemas internos na Finlândia em março e abril deste ano) e pelo aumento de sua demanda para produzir papéis, cujos preços aumentaram devido a custos de transportes marítimos mais elevados pelo fato dos navios que trazem papéis importados da Ásia usarem rotas via o Mar Vermelho. Os ataques de rebeldes Houthis encarecem muito os seguros de fretes marítimos que usam o Mar Vermelho.
Neste cenário, os estoques de celulose nos portos europeus estão relativamente baixos. Os estoques mensais de celulose nos portos europeus nos primeiros cinco meses de 2024 estão, em média, 28,2% abaixo do vigente em idêntico período de 2023. Isso mantém em alta o preço da tonelada de celulose na Europa.
Nos EUA também há aumentos de preços da celulose. Os dados da NRC indicam que, nos primeiros cinco meses de 2024, houve aumento de US$ 340 no preço de cada tonelada de NBSKP nos EUA, equivalente a 25,2% de seu valor vigente em dezembro do ano passado.
O mercado chinês também presenciou aumentos dos preços da celulose no primeiro semestre de 2024, mas em magnitude inferior aos aumentos ocorridos na Europa e nos EUA, e com a situação peculiar do preço em dólar norte-americano da tonelada de celulose de fibra curta estar ultrapassando o preço da tonelada de celulose de fibra longa, segundo a Norexeco. Esta fonte indica que, entre dezembro de 2023 e junho de 2024, o preço da tonelada de celulose de fibra longa na China aumentou em quase US$ 33 (equivalente a 4,8% do valor vigente em dezembro de 2023). No mesmo período, o preço da tonelada de celulose de fibra curta na China aumentou em US$ 97 (equivalente a 15,1% do valor vigente em dezembro de 2023). Em julho de 2024, segundo a mesma Norexeco, o preço da tonelada de NBSKP na China será de US$ 695 (3,3% abaixo do valor vigente em junho), mas o preço da tonelada de BHKP será de US$ 741 (o mesmo vigente em junho).
Os fabricantes brasileiros tendem a se aproximar das altas de preços da celulose praticadas na Europa e nos EUA, ainda que seu principal mercado exportador seja a Ásia. Entre dezembro do ano passado e junho do corrente ano, o preço lista da tonelada de BEK vendida no mercado doméstico aumentou em US$ 453, equivalente a 48,4% do preço vigente em dezembro do ano passado.
Na Europa, as altas de preços da celulose pressionam para baixo as margens de lucros dos fabricantes de papéis. Isso leva os mesmos a ampliarem o uso de aparas e a tentarem ajustar os preços dos papéis. O aumento do uso de aparas explica o grande crescimento de seus preços a partir de março do corrente ano, e houve em abril aumentos de preços em euros dos papéis Kraftliner e Testliner na Europa.
Nos EUA, o preço em dólar da tonelada de papel jornal está estável em US$ 680 de março a junho do corrente ano. Enquanto na China, o preço em dólar norte-americano do papelão está caindo de fevereiro a julho do corrente ano.
No Brasil ocorrerão, em julho do corrente ano, aumentos dos preços em reais de alguns tipos de papéis de embalagem da linha marrom, bem como novos aumentos de preços de aparas marrons em São Paulo.
No Canadá, houve em junho – frente a maio, ambos se referindo a 2024 – quedas dos preços em dólar norte-americano do metro cúbico de compensado, de chapa de OSB e de madeira serrada de SPF (Spruce, Pine e Fir). Essas quedas são normais no período de verão no Hemisfério Norte. Mas chama a atenção as grandes variações percentuais mensais dos preços desses produtos desde o final de 2022, como já ressaltado em edições passadas desta coluna.