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Mercado de aparas: estabilidade nos preços, mas desafios persistem

Aquecimento no mercado interno contrasta com pressão das importações e custos elevados.

O mercado de caixas continuou apresentando uma boa demanda e, consequentemente, manteve no campo positivo o desempenho dos papéis para embalagens e das aparas marrons. Porém, no caso dos papéis, temos uma situação diferente para o maculatura, cujas vendas encontram dificuldades e não crescem no mesmo ritmo observado para os papéis para caixas. No caso das aparas marrons, as importações recentes em volume acima do padrão, aparentemente, foram suficientes para equilibrar a oferta e demanda e manter seus preços estáveis acima de R$ 1.000,00 a tonelada FOB depósito pelo quarto mês consecutivo.

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No front externo as notícias não são tão boas. Isto devido ao crescimento nas importações de papéis miolo e testliner e das exportações de kraftliner estarem estabilizadas na casa das 35 mil toneladas mensais. Embora, neste caso, o valor das exportações, conforme divulgado pela Secex, venha se recuperando nos últimos meses.

Na área das aparas brancas e cartolinas, observamos um bom desempenho das gráficas na esteira do crescimento do consumo de embalagens de papelcartão e na produção de rótulos, mas os fabricantes de papelcartão ainda encontram uma concorrência desleal com o produto importado. Isso, além de impactar negativamente o produtor nacional, implica em uma geração de aparas em volume maior do que a demanda interna.

Os fabricantes consultados informaram uma boa carteira de pedidos, suficiente para garantir que 2024 será um bom ano para o setor. Agora, todas as atenções se voltam para 2025, que acreditamos terá um início acima do padrão para os primeiros meses do ano. As boas vendas da Black Friday e do Natal exigirão uma reposição de estoques. Porém, com as perspectivas indicando um enfraquecimento no desempenho econômico e, consequentemente, nos volumes de vendas, teremos que esperar mais alguns meses para uma melhor avaliação do que será 2025.

O desempenho do volume de vendas nos dez setores do comércio acompanhados pelo IBGE continua mostrando enfraquecimento. No comparativo de setembro de 2024 contra o mesmo mês de 2023 temos, agora, no campo negativo, além dos livros, jornais, revistas e papelarias; equipamentos e materiais para escritórios; combustíveis e lubrificantes; e também os eletrodomésticos, que perderam 1,9% de suas vendas no período considerado. Este setor utiliza um volume significativo de embalagens de papelão ondulado, micro-ondulado e de papelcartão.

Outro resultado a ser acompanhado com atenção é o desempenho do volume de vendas nos supermercados que, de um crescimento de 6,9% no comparativo anterior, agora cresceu apenas 1,9%. Isso implica em menos embalagens sendo utilizadas e, em um segundo momento, menos aparas de caixas de papelão ondulado geradas. Esperamos que esse enfraquecimento no comparativo de mês contra o mesmo mês do ano anterior não seja um prenúncio do que teremos no ano que vem.

Certamente, a melhor avaliação do desempenho do volume de vendas no comércio é obtida pela comparação do acumulado no ano comparado com igual período do ano anterior. Neste caso, considerando 2024 até setembro, o crescimento foi de 4,8%, que pode ser considerado um excelente resultado.

Quando observamos o que aconteceu em cada um dos 27 estados, continuamos com apenas um, o Espírito Santo, com queda de 0,5% no volume de vendas do comércio local. No campo oposto, o melhor desempenho foi observado no Amapá, onde as vendas estão crescendo 20,3% no período de janeiro a setembro de 2024 contra igual período de 2023.

Como mencionamos na coluna anterior, os meses de outubro e novembro ainda são de alta na expedição de caixas e este ano não está sendo diferente. Os dados prévios da Empapel para a expedição de outubro foram de 390,9 mil toneladas, marcando um novo recorde para este indicador, que está se aproximando rapidamente do patamar de 400 mil toneladas entregues ao mercado em um único mês.

Em relação a outubro de 2023, o crescimento foi de 8,6%, e o total acumulado nos dez primeiros meses do ano atingiu a marca de 3,6 milhões de toneladas, ficando 5,5% acima dos números do ano anterior. Sem dúvida, o bom desempenho das caixas e chapas de papelão ondulado ajudou na diminuição do excesso de papel de fibra virgem presente no mercado interno, permitindo uma recuperação nos volumes e valores dos papéis reciclados. Contudo, as aparas, após um forte aumento no início do ano, ficaram estáveis.

Em outubro último, o ondulado I e II foram comercializados por R$ 1.152,28 e R$ 1.021,91 a tonelada FOB depósito, com quedas percentuais de 0,2% e 0,1%, respectivamente. A maioria dos fabricantes consultados reportou abastecimento tranquilo, o que permitiu a continuidade na exigência de melhor qualidade. Apesar dos preços estáveis há quatro meses, no ano, as aparas de ondulado I e II acumulam um reajuste de 71,01% e 82,23%, respectivamente.

Se as aparas marrons registraram fortes aumentos no início do ano, o papel miolo só está conseguindo repassar esses custos nos últimos meses. Em outubro passado, foi comercializado por R$ 4.531,24 a tonelada com impostos, o que significou uma alta de 2,6% em relação aos valores praticados em setembro. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o papel logrou um reajuste de 36,2%.

A demanda pelo papel continua acima dos padrões para a época do ano. Entretanto, a tendência é que se normalize nos próximos meses, o que permitirá a estabilização dos seus preços. Isso porque, embora as vendas de caixas estejam fortes, não tem sido fácil para seus fabricantes repassarem os custos com o papel.

As importações de aparas voltaram para os seus níveis históricos em outubro deste ano, quando vieram do exterior 2,9 mil toneladas. Desse total, 76,2% tiveram origem nos Estados Unidos, que permaneceram como nossos maiores fornecedores.

No exterior, os preços das aparas, ao final de outubro, estavam por volta de US$ 140 a tonelada. Ainda que em queda, estão chegando aos nossos portos custando bem mais que as aparas nacionais. Porém, como já mencionado em colunas anteriores, a comparação de preços deve levar em conta a melhor qualidade da fibra presente nas aparas americanas.

Em alguns fóruns que participamos, as importações têm sido responsabilizadas pelos baixos preços das aparas no mercado interno. Contudo, isso não nos parece correto, pois as importações, no máximo, foram responsáveis pela estabilização dos preços do produto nacional. O desabastecimento ocorrido no Rio Grande do Sul causou algum desequilíbrio no mercado interno.

Aparentemente, a mesma tática dos papeleiros de importarem aparas para estabilizar o mercado está sendo utilizada pelos convertedores de papel, que estão aumentando as importações de miolo e testliner. Em outubro passado, importamos 2,0 mil toneladas desses papéis. Para efeito de comparação, em outubro de 2023, as importações somaram apenas 5 toneladas.

Por outro lado, com o mercado interno ativo, as exportações estão diminuindo, chegando a 3,2 mil toneladas em outubro. Novamente, para efeito de comparação, em 2023, neste mesmo mês, as exportações foram de 6,0 mil toneladas.

Os preços da celulose continuaram em queda no exterior, atingindo, ao final de outubro deste ano, o valor de US$ 1.190 a tonelada na Europa e de US$ 561 a tonelada na China, o que significou uma queda de 7,5% e de 1,6% em relação ao mês anterior, respectivamente.

O mercado de aparas brancas está tão confuso que fica impossível avaliar os impactos dessas quedas sobre seus valores. Em outubro de 2024, foram comercializadas por R$ 2.650,00; R$ 1.446,43; e R$ 870,00 a tonelada FOB depósito, respectivamente, para a branca de primeira, branca II e branca III.

O que apuramos junto a alguns convertedores de papéis de fins sanitários é que os produtores nacionais de papel, a partir da fibra virgem, estão oferecendo bobinas jumbo a preços bastante convidativos, o que poderá prejudicar ainda mais a demanda por aparas brancas.

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