Por José Carlos da Fonseca Junior* e Rafael Filgueira** – No dia 17 de maio, celebramos o Dia da Reciclagem – data que nos convida à reflexão. Afinal, reciclar não é apenas transformar resíduos em matéria-prima. Como disse Antoine Lavoisier: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. E é nessa lógica que a cadeia do papel tem avançado, com responsabilidade e propósito.
A temática da reciclagem nunca foi tão atual. No setor de papel, essa consciência está intimamente ligada à sua história, a circularidade está no DNA da nossa cadeia.
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Hoje, a taxa de reciclagem do papel no Brasil já alcança 58,1%. Mais do que números, isso representa impacto positivo, social e ambiental.
Sob o ponto de vista ecológico, as companhias retiram resíduos do meio ambiente. Apesar de o papel ser biodegradável em poucos meses, colocamos em prática o conceito de circularidade e reinserimos a matéria-prima em nosso processo produtivo.
Não se pode negar que a poluição ambiental é fator que impulsiona o aparecimento de doenças e a perda da biodiversidade. De igual modo, esta indústria tem um enorme potencial transformador. Atualmente, de acordo com o Atlas da Reciclagem, da ANCAT, o papel representa cerca de 50% do material em uma cooperativa, o que demonstra sua importância para a atividade.
Além disso, as companhias do setor têm investido em programas estruturantes com cooperativas, ajudando a organizá-las, capacitá-las e aproximá-las ainda mais da indústria, que é onde se recicla. O objetivo é claro: fazer com que o retorno das embalagens de papel seja cada vez mais eficiente, justo e inclusivo. Trata-se de iniciativas em diferentes locais do País.
Na Empapel, ciente da necessidade de dar a devida atenção e impulso na temática, temos trabalhado em diferentes frentes para fortalecer nossa atuação e diálogo com todos os stakeholders.
Este ano foi criada a área de Logística Reversa na Empapel. Uma de nossas primeiras ações foi a busca e contratação de uma consultoria especializada para que possamos robustecer nossa capacidade de coletar e analisar dados nessa área – é vital construir argumentação em cima de números concretos. A pesquisa está em andamento e ainda no segundo semestre teremos boas novidades.
Além disso, também trouxemos para nos dar consultoria o Dr. Fabricio Soler, um dos mais respeitados advogados em direito ambiental e profundo conhecedor da legislação de logística reversa. Isso tem sido vital para acompanharmos de perto os movimentos de Brasília, que podem impactar o setor. Lembrando que o Governo Federal iniciou movimento de elaboração de Decretos de Logística Reversa por tipo de material. O setor de papel pode, em breve, ser chamado a retomar diálogo sobre o texto de seu Decreto Futuro.
Em paralelo a estes passos, temos dialogado com representantes dos diferentes elos da cadeia e não deixamos de participar de fóruns de discussões que abordam o assunto. Além de realizar o trabalho de networking, também temos buscado posicionar o setor de papel como parte da solução para a temática. Assim foi no Masterclass, promovido pelo ConectaVerde, ou até mesmo no Fórum Mundial da Economia Circular.
Temos que falar mais sobre nós e expor nossos atributos, a fim de que nossa mensagem se repita e chegue mais longe.
Também não podemos deixar de mencionar o esforço para estarmos muito próximos de nossas associadas, especialmente das áreas de empresas que cuidam mais diretamente do tema. A Empapel precisa conhecer de perto as dores e demandas do setor.
É nessa travessia, feita com responsabilidade, inclusão e inovação, que seguiremos avançando. Trata-se de setor que se mostra como uma das soluções e que atua com convicção de que reciclar é muito mais do que reaproveitar; é cuidar de pessoas; preservar recursos; renovar possibilidades e construir um futuro melhor.
* Embaixador e Presidente-executivo da Empapel e
Advisory Committee On Sustainable Forest-Based
Industries (ACSFI), da Organização das Nações
Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO)
** Engenheiro Ambiental e coordenador
de Logística reversa da Empapel