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Estratégias para competir no mercado de celulose e papel

Brasil lidera em celulose, mas enfrenta 2025 com desafios globais que exigem eficiência, inovação e estratégia para manter sua posição

O Brasil é uma potência no mercado global de celulose: exportou 19,2 milhões de toneladas em 2023 – cerca de 40% da oferta mundial de fibra curta, segundo a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ). Esse domínio, sustentado por florestas de Eucalipto e Pinus de alto rendimento e uma cadeia produtiva eficiente, posiciona o País como líder em um setor vital para embalagens, tecidos, lenços absorventes e papel para imprimir e escrever.
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No entanto, o horizonte de 2025/2026 revela um cenário mais complexo: concorrentes asiáticos ampliam sua capacidade, custos logísticos flutuam com tensões geopolíticas, mercado Europeu impondo barreiras como o EUDR (European Union Deforestation Regulation), que exige rastreabilidade total contra desmatamento a partir de dezembro de 2024.

Além disso, certificações como FSC, PEFC e selos de fair trade tornam-se pré-requisitos para acessar clientes premium na Europa e América do Norte.

Se não bastasse, o segundo maior destino das exportações brasileiras, os EUA, lançaram guerra tarifária e protecionismo de mercado em pronunciamento que envolve mais de 120 países.

Competir globalmente deixou de ser uma questão de volume ou preço isolados; exige agora uma abordagem estratégica que combine eficiência operacional, sustentabilidade robusta e inovação disruptiva. Este artigo mergulha nos desafios e oportunidades desse novo contexto, oferecendo um guia para que as empresas brasileiras não apenas mantenham, mas ampliem sua liderança.

O mercado global de celulose na atualidade
O mercado global de celulose movimentou 54 milhões de toneladas em 2023, com projeções de crescimento anual de 2,5% até 2025, segundo a RISI, impulsionado por embalagens (45% da demanda) e tissue (30%).

O Brasil, com exportações de US$ 9,8 bilhões em 2023 (IBÁ), lidera em fibra curta, beneficiado por ciclos de eucalipto de 5 a 7 anos, e de 12 a 18 anos no Pinus – muito inferior ao tempo de maturação dos plantios comerciais no Hemisfério Norte.

A China, maior compradora global, absorveu 10,5 milhões de toneladas brasileiras, mas diversifica fornecedores, enquanto a Indonésia e o Vietnã aumentam sua produção em 15% ao ano, aproveitando custos menores e proximidade com a Ásia.

Na Europa, que importou 4,8 milhões de toneladas do Brasil, o EUDR e metas de neutralidade de carbono até 2050 redefinem o jogo. Já os EUA, com 2,5 milhões de toneladas importadas, priorizam preço, mas agora avaliam tarifas extras sobre madeira, o que pode impactar a balança comercial bilateral.

Fretes marítimos subiram 20% em 2024 devido a conflitos no Mar Vermelho, e os preços da celulose (US$ 750/tonelada em 2024) devem oscilar com a oferta asiática. Manter a liderança exige estratégias que transcendam vantagens naturais.

Estratégias para competir
Para prosperar em 2025 e 2026, as empresas brasileiras devem construir sua competitividade em, no mínimo, cinco pilares estratégicos que listo a seguir. Cada um dos pilares demanda visão e execução precisas:

  • Eficiência operacional: A produtividade do eucalipto brasileiro (38 m³/ha/ano contra 20 m³/ha/ano no Canadá) é um trunfo. Automatizações de viveiros e planejamento no uso de herbicidas e fertilizantes são essenciais para ganhos de produtividade. Várias empresas estão testando tecnologias de mecanização no plantio, mas o setor precisa escalar essas e outras práticas para enfrentar os baixos custos totais asiáticos. Eficiência é a base da sobrevivência em um mercado de margens apertadas.

O grande problema brasileiro ainda se dá na ineficiência burocrática do licenciamento ambiental, na elevada carga tributária e complexa legislação (inclusive trabalhista) e na precariedade da logística (tanto para abastecimento de fábricas como para exportação).

  • Sustentabilidade como diferencial: Em 2023, 67% da celulose brasileira era certificada pelo FSC, mas o EUDR exige mais: até 2025, os US$ 2,5 bilhões exportados para a UE (25% do total) dependerão de rastreabilidade total, impactando 4,8 milhões de toneladas.

O PEFC, usado em 10% das florestas certificadas, é bem-visto na Europa, enquanto selos de fair trade como Rainforest Alliance crescem 12% ao ano em demanda no Hemisfério Norte. Algumas empresas investem no monitoramento de emissões e reuso de resíduos da produção industrial, pois entendem que sustentabilidade não é só compliance, ou seja, elas entendem que é uma alavanca para mercados exigentes e investimentos ESG com eventual potencial econômico.

  • Diversificação de mercados: A China (55% das exportações em 2023) é um risco, pois é o mercado com menor preço mundial e as condições de pagamento pouco favoráveis. A Índia importou 500 mil toneladas em 2023 (alta de 20%), e a África Subsariana deve triplicar a demanda por tissue até 2030 (FAO).

Parcerias locais e rotas logísticas otimizadas são essenciais para reduzir a vulnerabilidade a eventuais crises na China ou tarifas impostas pelos EUA.

  • Inovação em produtos: A celulose solúvel para têxteis sustentáveis cresceu 8% em 2024 (1,2 milhão de toneladas exportadas, IBÁ), e o mercado de bioplásticos (US$ 15 bilhões até 2025) busca matérias-primas renováveis.

Investir em nanofibras ou compósitos leves diferencia o Brasil da produção commodity asiática, saindo da guerra direta por preços. O surgimento de novos produtos e tecnologias tem transformado a realidade da indústria de celulose, tendo hoje uma conexão cada vez maior com a indústria química e a de bioprocessos do que com a tradicional indústria da madeira.

Resposta a eventuais tarifas adicionais dos EUA
Os EUA, segundo maior destino da celulose brasileira (US$ 1,8 bilhão em 2023), propuseram tarifas de até 25% sobre produtos de madeira, incluindo celulose e derivados, como parte de políticas protecionistas anunciadas em 2025.

Além disso, impuseram uma tarifa adicional de 10% sobre as exportações brasileiras, a título de equiparação por reciprocidade.

Na balança comercial Brasil-EUA para o setor, o Brasil exportou US$ 2,1 bilhões em celulose, papel e madeira em 2023, enquanto importou apenas US$ 0,4 bilhão dos EUA (IBÁ e OEC), gerando um superávit de US$ 1,7 bilhão.

Se implementada, a tarifa pode atingir 12% do valor exportado total do Brasil (US$ 9,8 bilhões), ou cerca de US$ 500 milhões em custos adicionais anuais, reduzindo margens e competitividade frente a fornecedores como Canadá e Chile, menos dependentes dos EUA.

Impactos incluem: perda de market share nos EUA (15% das exportações brasileiras), pressão para redirecionar volumes a mercados alternativos (exemplo: Índia, com logística mais cara), e necessidade de ajustes na precificação ou absorção de custos, afetando lucros.

Estratégias de mitigação envolvem acelerar a diversificação, negociar isenções via acordos bilaterais (exemplo: ATEC – Acordo de Comércio e Cooperação Econômica assinado por Brasil e Estados Unidos em 2011 e ampliado em 2020) e investir em valor agregado para justificar preços mais altos.

Conclusão
Com 9,8 milhões de hectares de florestas plantadas e uma indústria que gera US$ 12 bilhões anuais, o Brasil tem fundamentos sólidos para liderar o mercado global de celulose em 2025.

Mas a concorrência asiática, barreiras como o EUDR e tarifas propostas pelos EUA exigem resposta estratégica.

Eficiência mantém a competitividade em custo; sustentabilidade e inovação abrem mercados regulados e de alto valor; diversificação e parcerias criam resiliência.

No curtíssimo prazo, vencer será sobre transformar desafios – como tarifas americanas, protecionismo europeu e imposições chinesas sobre preços – em oportunidades com visão e estratégia.

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