PARA LIDERAR PESSOAS É PRECISODISPOSIÇÃO PARA SE POSICIONAR
POR JACKELINE LEAL
Psicóloga clínica, coach de carreira e consultora em Desenvolvimento Humano e Organizacional.
Oano começou marcado por guerras e conflitos quetêm afetado todo o mundo. Com se não bastasse dores e perdas com as quais fomos obrigados a lidar napandemia, mais uma vez, o ser humano não significanada na guerra entre Rússia e Ucrânia.No geral, esperar viver algo tão complexo e doloroso não é aforma como gostaríamos de aprender; ao mesmo tempo, conflitose cenários desafiadores como esses não podem ser normalizados eo potencial de aprendizado precisa ser explorado.É com os erros dos outros que evoluímos em pesquisas, estudose práticas, principalmente, quando o assunto é gente. Não deveríamos precisar passar por situações que geram dor e sofrimentosrepetidos, para aprender que este caminho não traz vencedores.Nas empresas e nas suas relações, isso não pode ser diferente.Não é preciso, em hipótese alguma, esperar, por exemplo, que umapessoa tenha uma entrega aquém do esperado ou um resultado negativo para dizer a ela que o jeito como está atuando não está sendosuficiente frente às expectativas da organização.Mas nós não fomos acostumados a expor esse tipo de questão e,quando o fazemos, tornamos tudo isso algo bastante pessoal, ao invésde voltado para o crescimento de ambos – organização e colaborador.Pela educação surge a crença de que esse tipo de conversa nosindispõe com as pessoas e nos indispor gera desconforto em nós enos outros. Isso sempre foi visto como algo ruim. Ao mesmo tempo, a forma que aprendemos para corrigir os nossos erros semprefoi, desde crianças, por meio de ações punitivas que gerassem emnossos “filhos” sentimentos de vergonha e culpa.Alguma vez, você parou para pensar sobre isso? É pesado, masfuncionou até os dias de hoje, e, apesar de estarmos em uma crescente na busca pela ressignificação dessa forma de educar, se estecomportamento e consequência ainda acontece com crianças,quem dirá com os adultos.Eu imagino o que você deve estar pensando: mundo confusoesse nosso! Mas é por isso que os conflitos de interesses nunca irãoter fim, o que não significa que não podemos mudar nossa formade fazer e eu posso provar que funciona.Durante anos atuei no ramo de papel e celulose e pude observara dificuldade das grandes organizações em colocar expectativas e ações em pratos limpos. “Sentar” à mesa para conversar sobre o queincomoda e pensar estratégias para solucionar divergências sema famosa “caças às bruxas” nas reuniões de análise de falha, porexemplo, era praticamente impossível.Anos depois, como consultora, tenho tido experiências diferentes e muito felizes. Me posiciono no mercado como alguém queprioriza a transparência na relação cliente empresa, cliente colaborador e consultoria e, salvo alguns desistentes, tenho tido a alegriade atender a empresas com Presidência e Diretoria focados em cuidar de verdade do seu capital humano.Dias antes de escrever esse artigo, “sentava” à mesa (on-line)com Diretor, Colaborador, Business Partner e Diretor de RH paraalinharmos com o colaborador a razão pela qual ele estava recebendo de presente passar por um processo de Coaching e, pasmem,não foi a primeira vez que vivi isso lá e, em casos mais desafiadores,a postura nunca foi diferente.Gerir pessoas é escolher tratar adultos como adultos, não evitar as conversas difíceis e priorizar o respeito pela pessoa por trásdo papel que ela exerce. Infelizmente, quando isso não acontecelidamos com outros desafios, neste caso, que afetam diretamente asaúde do profissional. Presenciei alguns casos em que este mesmocolaborador enfrentou sozinho transtornos de ansiedade, crises depânico quando não a famosa síndrome de burnout e depressão.Evita-se esse tipo de conversa principalmente por não saber oque fazer com todos os sentimentos que isso gera dentro das equipes,então, todos fingem não ver e acabam, por medo de retaliação,escolhendo se calar.Por fim, é preciso que estejamos todos na mesma página paracompreender que quando alguém não atende a uma expectativa,não atende dentro dos parâmetros traçados por quem a avalia eisso é bem diferente de dizer que essa pessoa não serve para nada.Talvez ela, inclusive, tenha comportamentos atuais “condicionados” pela má gestão de alguém, ou ainda, talvez ela não atenda àsnecessidades daquela organização naquele momento.Para liderar pessoas e países, não podemos estar a serviço donosso ego; é preciso estar focado em servir.Se você é um líder, reflita: onde você está posicionado nesse jogo?Pense nisso!