A função proteção é uma característica importante para a embalagem e se enfatiza especialmente para a embalagem de transporte. Isso porque a embalagem de transporte sofre, em seu ciclo de distribuição, os mais variados “tratamentos”, que começam já no posicionamento do produto (conteúdo) dentro da embalagem, continuando com o manuseio (que pode ser manual ou mecânico) e o consequente transporte com suas cargas e descargas.
A embalagem, com o seu conteúdo, pode ser transportada manualmente, uma por uma, ou paletizadas com o auxílio de empilhadeiras, por exemplo. Depois enfrentará os rigores do transporte por caminhões, ferrovias ou aerovias. No caso especial do transporte por caminhões, há que se considerar as distâncias, as condições das estradas e até mesmo a habilidade do motorista, sem falar, é claro, no travamento adequado dos paletes ou das embalagens sobre as carrocerias, quer os caminhões sejam do tipo “baú” ou não.
Os fatores acima são bem conhecidos dos transportadores e são bastante considerados pelos projetistas das embalagens que aplicam alguns fatores de segurança ao especificar as embalagens de papelão ondulado.
Algumas preocupações, ou cuidados na adequação da embalagem para um determinado conteúdo, sofreram, com o passar do tempo, mudanças até mesmo “drásticas” que transformaram o conceito utilizado para alguns casos práticos. Muitas dessas alterações tiveram como motivação o fator econômico (há produtos cujas embalagens tinham um custo proibitivo considerando valor do produto versus custo da embalagem). Outras foram determinadas por melhorias nos processos fabris, manuseio, automatização e transporte.
Ocorre-nos um exemplo interessante: a embalagem para azulejos (ou pisos cerâmicos) era inicialmente (sendo esse inicialmente, algo bem lá atrás mesmo) um engradado de madeira, com algum material acolchoante posicionado entre as peças dos azulejos; depois passou a ser usada uma embalagem de papelão ondulado que era um modelo tipo gaveta e atualmente é usado um envoltório econômico com uma grande janela mostrando o produto. A vista do produto chama atenção para a sua fragilidade e, consequentemente, alerta o transportador para os cuidados no manuseio e transporte.
Uma curiosidade sobre essa embalagem foi constatada na transição entre o engradado de madeira e a embalagem de papelão ondulado: a embalagem de madeira permitia ao pedreiro (ou assentador dos azulejos) deixar a embalagem e seu conteúdo dentro de um recipiente com água, para que o azulejo se dilatasse absorvendo água; nessa condição, as peças eram assentadas e bem encostadas umas às outras sem correr o risco de que a dilatação posterior provocasse a soltura dos azulejos. Foi um convencimento que o projetista teve que enfrentar, justificando por meio do custo da embalagem de papelão ondulado e da sua praticidade, apresentação, facilidade de obtenção, estocagem e manuseio, para criar condições de uso outras que se adequassem ao processo.
Muitas embalagens de papelão ondulado passaram a ter os seus conteúdos colocados por processos automáticos, o que exigiu uma simplificação: embalagens de duas peças, por exemplo, passaram a uma peça só com alteração no desenho e processos de produção.
Com todas as modificações que ocorreram, entretanto, a função proteção esteve sempre presente nos conceitos dos projetistas de embalagens de papelão ondulado. E deve-se destacar a grande evolução nos processos de utilização das embalagens de papelão ondulado pelos seus usuários.
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