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Aparas em transição: efeitos regulatórios e tendências do mercado em 2025

Revogação de decreto, oscilação nas importações, aquecimento da indústria e incertezas no setor de embalagens moldam o cenário do mercado de aparas no primeiro quadrimestre do ano

Após reclamações das entidades representativas de catadores e de aparistas, o governo revogou o Decreto 12.438 de 17 de abril passado, editando o Decreto 12.451 de 6 de maio, dificultando as importações de aparas conforme estabelecido na Lei 15.088 de 6 de janeiro passado, mas, toda interferência artificial no mercado acaba provocando efeitos contrários aos desejados originalmente e, no caso das aparas de papel, não deverá ser diferente.

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O comércio exterior de aparas de papel é inexpressivo, pois, por padrão, os preços praticados pelas aparas no mercado internacional são relativamente próximos dos observados no mercado interno e, adicionados aos custos logísticos para trazer esse material, a operação fica praticamente inviável e, nesta condição, as importações só atingem volumes maiores em momentos que temos a ocorrência de acontecimentos excepcionais que causam desequilíbrio expressivo na oferta e demanda no mercado interno, o que aconteceu na pandemia e, em menor escala, pós enchentes ocorridas no Rio Grande do Sul.

Com certeza, as importações foram responsáveis pela normalização do abastecimento no mercado interno, no período da pandemia quando ultrapassaram 10% do volume mensal consumido, contudo, mesmo no maior índice verificado recentemente, não ultrapassaram 3,0% do consumo mensal, o que torna pouco provável um forte impacto nos preços praticados no Brasil.

O grande problema é que soluções artificiais raramente são eficazes, pois forçam a busca de alternativas que podem causar impactos maiores e mais duradouros no sentido contrário ao inicialmente buscado. Isto foi visto recentemente na China que, ao dificultar as importações de aparas dos Estados Unidos, assistiu ao crescimento nas importações da chamada celulose reciclada, que nada mais é que aparas importadas pelos países vizinhos, preparada para o consumo e exportada para a China na forma de pasta.

Esse produto já existe no Brasil, preparado, principalmente, a partir da reciclagem das embalagens longa vida, mas poderia ser um novo produto importado sem entraves.

Outro fato que pode ocorrer é o aumento nas importações de papel reciclado, o que, aliás, já está ocorrendo este ano. As importações de papel miolo e testliner que praticamente inexistiram em 2024 estão atingindo um volume consistente em 2025 e, no primeiro quadrimestre do ano, já importamos 10,2 mil toneladas desses papéis. O volume ainda não impacta o mercado interno, porém, é importante lembrar que, neste caso, o prejuízo para a reciclagem é dobrado, pois, deixamos de utilizar aparas, todavia, não deixamos de gerá-las.

Recentemente assistimos, com imenso impacto negativo nos preços das aparas marrons, o crescimento na produção e consumo de papéis para embalagens produzidos a partir de fibra virgem, o que pode voltar a acontecer, principalmente se as exportações desses papéis enfrentarem problemas em função da política Norte-Americana de incrementar tarifas que impactam o comércio internacional.

Apesar do aparente enfraquecimento da economia, nossa indústria, cujo desempenho é um bom indicativo para o consumo de aparas, continua registrando crescimento consistente e, no comparativo interanual dos meses de março, o resultado registrado pelo IBGE foi 3,1% melhor, com todas as grandes categorias, à exceção dos bens de capital, ficando no campo positivo.

No acumulado dos três primeiros meses de 2025, todas as categorias estão no campo positivo com destaque para os bens duráveis que é grande consumidor de embalagens de papelão, e cuja produção cresceu 11,6%, enquanto a indústria geral apresentou um desempenho 1,9% melhor em relação ao primeiro trimestre de 2024.

Até a data de fechamento da coluna, em função dos feriados de abril e maio deste ano, o IBGE não divulgou os dados de desempenho do comércio brasileiro que consideramos para avaliar a geração de aparas. Nas próximas colunas voltaremos a divulgar esses indicadores.

Como escrevemos na coluna anterior, já tínhamos um reajuste contratado para abril, mas, com estoques ainda baixos e com os feriados do mês reduzindo a entrada de material, os fabricantes foram às compras, mantendo o mercado de aparas marrons bastante aquecido e, como resultado, as aparas registraram novos e forte aumentos.

Em abril passado, o ondulado I e II registraram reajustes em relação a março, de 9,4% e 7,9% respectivamente, encerrando o mês cotados a, em média, R$ 1.413,86 e R$ 1.237,03 a tonelada fob depósito e, no primeiro quadrimestre do ano estão acumulando aumentos próximos a 21,5%, sendo comercializados por, praticamente, o dobro de seu valor em abril de 2024.

Para os próximos meses esperamos um abastecimento mais tranquilo, o que já pode ser notado nos estoques dos fabricantes que registraram algum aumento, entretanto, o mercado de papel e caixas, ao contrário de nossas expectativas, está aquecido deixando difícil avaliar a tendência futura dos preços.

Aliás, com todos os acontecimentos recentes, está muito difícil prever qualquer tendência a curto e médio prazos, mas é importante lembrar que o mercado de embalagens de papel tende a se aquecer a partir do segundo trimestre do ano, mantendo-se assim até o mês de outubro.

A expectativa para a expedição de caixas e chapas em 2025 está sendo revisada para baixo, caindo de 5,0% no início do ano para algo próximo de 2,0%. O percentual permanece positivo, contudo, é difícil saber quanto deste crescimento corresponde às embalagens para produtos exportados que, principalmente na área de proteína animal, está crescendo bastante.

Embora alguns fabricantes consultados informem que o mercado está favorável, para nós, este crescimento ainda está elevado, até porque a expedição acumulada no primeiro quadrimestre do ano está 1,5% abaixo da verificada em igual período do ano passado.

Como informamos, alguns fabricantes de papel miolo e testliner relataram que o mercado esteve favorável em abril e, com a pressão no custo de produção em função da alta de preços das aparas, o papel miolo, cujos valores acompanhamos pela Anguti, sofreu um reajuste de 2,3% em relação a março, encerrando o mês cotado a, em média, R$ 4.752,45 a tonelada com impostos e, com este reajuste, o papel está acumulando um aumento de 4,2% no primeiro quadrimestre.

Apesar do aumento no papel, os fabricantes de caixa relataram muita dificuldade com suas vendas, que até se mantém em volume, porém, os consumidores não estão aceitando os reajustes necessários para a recuperação no aumento dos custos.

Já na venda de chapas de papelão ondulado que, normalmente, destinam-se para produtores menores, a demanda está elevada.

Após atingir um alto volume em janeiro deste ano, as importações dos papéis miolo e testliner apresentaram quedas significativas e, em abril último, foram de apenas 374 toneladas, o que não traz nenhum impacto ao mercado interno de papel e, principalmente, ao mercado de aparas marrons. Mesmo assim, no acumulado dos 4 primeiros meses do ano, as importações totalizaram 10,2 mil toneladas com um expressivo crescimento em relação às, apenas, 743 toneladas importadas em todo o primeiro quadrimestre de 2024.

As exportações também apresentaram queda, encerrando o mês de abril de 2025 com um total de 3,6 mil toneladas encaminhadas para o exterior, 19,9% a menos do que as exportações de março e, no acumulado do ano, a queda foi de 35,6% com 28,2 mil toneladas no primeiro quadrimestre de 2024.

A boa notícia vem da exportação de Kraft Liner que, após queda em janeiro e fevereiro passados, registrou volumes maiores em março e abril deste ano, e as notícias são que as exportações para a China devem seguir aumentando, ainda mais, os volumes para os próximos meses. No primeiro quadrimestre do ano 146,7 mil toneladas foram encaminhadas para fora do Brasil, o que representou um crescimento de 2,7% frente aos volumes de igual período de 2024.

O mercado de aparas brancas, após vários meses de calmaria, está ficando agitado, principalmente com relação a branca III e II, cujos preços ficaram abaixo do ondulado e estão provocando sua mistura nas aparas marrons.

Em abril passado as brancas de 1ª, II e III foram comercializadas por, respectivamente, R$ 2.648,00, R$ 1.305,00 e R$ 920,00 a tonelada fob depósito, com a branca III, registrando um reajuste de 6,9% em relação ao mês anterior.

A branca de 1ª registra um mercado mais difícil, principalmente em função do crescimento da produção de papéis de fins sanitários integrada à celulose, e seus preços estão estáveis desde julho do ano passado, mesmo considerando que o consumo de papéis de imprimir e escrever está em queda, ou seja, a geração de aparas brancas está em queda.

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