No dia 30 de dezembro de 2025 empresas que exportam para a Europa deverão estar adequadas ao Regulamento sobre Produtos Livres de Desmatamento (EUDR, na sigla em inglês). Em novembro do ano passado, abordei em um artigo aqui neste portal que o Brasil pode ser protagonista neste mercado.
Mas como estar preparado para as diligências e para comprovar que as nossas cadeias de produção estão livres de desmatamento? O intuito deste artigo é trazer um guia inicial para as indústrias de madeira estarem preparadas e serem destaque no mercado europeu.
Somente em 2024, o Brasil exportou mais de US$ 760 mi em valor, considerando todos os produtos madeireiros, para a Europa, entre os produtos com maior relevância no mercado europeu estão o compensado de pinus e madeira serrada de pinus. Por isso, Acredito que para os exportadores brasileiros, adaptar-se ao EUDR não é apenas uma obrigação – é também uma oportunidade para ganhar destaque em um dos mercados mais exigentes do mundo.
Em novembro do ano passado a Comissão Europeia decidiu adiar o início das exigências. Com isso, a aplicação do EUDR ocorrerá em duas fases: Para as médias e grandes empresas a data de início é 30 de dezembro de 2025, já para micro e pequenas empresas, o prazo se inicia em 30 de junho de 2026.
Como comprovar a conformidade com o EUDR?
Para atender ao regulamento, as empresas precisarão demonstrar que seus produtos não estão relacionados ao desmatamento após 31 de dezembro de 2020. Com isso, alguns passos serão exigidos para comprovar a origem dos produtos madeireiros. Os requisitos incluem:
- Devida diligência (Due Diligence):
- Rastreabilidade completa da cadeia produtiva, desde a origem até a entrada no mercado europeu.
- Documentação georreferenciada precisa que comprove a localização das áreas de produção.
- Avaliação de risco:
- Identificar e mitigar qualquer risco relacionado ao desmatamento ou degradação florestal.
- Implementar mecanismos de monitoramento contínuo para garantir a conformidade.
- Declaração de conformidade:
- Fornecer às autoridades europeias um comprovante formal de que os produtos estão em conformidade com o EUDR.
Ferramentas e recursos para facilitar a adaptação
A Comissão Europeia possui o Sistema de Informação do EUDR, que entrou em funcionamento em dezembro de 2024. Esse sistema permitirá que as empresas europeias registrem e enviem suas declarações de conformidade de forma digitalizada.
Por aqui, podemos nos organizar com ferramentas e recursos como:
- Plataformas de rastreamento georreferenciado: Ferramentas tecnológicas para monitoramento da origem dos produtos.
- Consultorias especializadas: Para implementar programas robustos de due diligence.
- Certificações internacionais: Buscar certificações reconhecidas, como FSC®, que facilitam a comprovação de boas práticas.
Por que antecipar-se ao EUDR pode ser vantajoso?
Acredito fortemente que empresas que se organizarem com antecedência podem não apenas evitar sanções, mas também ganhar destaque no mercado europeu. Inicialmente posso elencar três vantagens para quem estiver apto a exportar, seguindo as exigências do EUDR.
A primeira é o acesso garantido ao mercado europeu. Empresas que estiverem em conformidade podem continuar exportando e até aumentar a participação neste mercado sem restrições. A segunda é a vantagem competitiva. Quem estiver pronto eadotar práticas sustentáveis, com certeza sairá na frente de concorrentes que não estiverem em conformidade. A última é o Fortalecimento da reputação. Esta é uma excelente forma dedemonstrar compromisso com a sustentabilidade, além de contribuir para a imagem da empresa e atrair novos parceiros comerciais.
Passos práticos para os exportadores brasileiros
Ainda há muitas perguntas sobre a organização e forma de comprovação que ainda precisam ser respondidas pela UE. Mas para já iniciarmos esse processo e ser protagonista neste mercado, eu aposto em alguns passos para certificarmos a nossa cadeia:
- Realizar um diagnóstico completo: Avaliar todos os elos da cadeia de produção e identificar riscos potenciais.
- Implementar sistemas de rastreabilidade e certificação: Adotar tecnologias que permitam monitoramento detalhado e em tempo real sem deixar de apostar em certificações que comprovem a sustentabilidade da cadeia.
- Engajar fornecedores: Trabalhar em parceria com fornecedores para garantir a conformidade em toda a cadeia.
- Capacitar equipes internas: Investir na formação de equipes para gerenciar as exigências do EUDR.
- Monitorar atualizações regulatórias: Acompanhar as orientações da Comissão Europeia para ajustes rápidos quando necessário.
Reforço a minha visão de que o Brasil pode despontar nesse mercado, pois temos uma legislação rigorosa. E falo com segurança que as empresas exportadoras de produtos madeireiros possuem grande capacidade para se adaptar a essas exigências e se tornarem protagonistas.
Porém não posso deixar de lado o papel de políticas públicas nacionais que devem ser implementadas para que a imagem do setor seja fortalecida. Precisamos de um governo atuante e que comprove que a maioria das empresas do mercado de madeira brasileira está comprometida com a sustentabilidade e a preservação.
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