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Eventos extremos e baixa coleta dificultam a recuperação do mercado de aparas e papel

Mercado de aparas enfrenta escassez e altos preços em 2024 devido a enchentes e alta demanda, afetando a cadeia produtiva de papelão ondulado.

Como mencionamos na coluna anterior, as enchentes que paralisaram o Estado do Rio Grande do Sul realmente impactaram o mercado de aparas marrons e seus preços, que já vinham apresentando aumentos em função da baixa disponibilidade e registraram fortes altas em maio. O grande problema é que o Rio Grande do Sul é um exportador de aparas, abastecendo, principalmente, as fábricas de papel de Santa Catarina e Paraná que, de uma hora para outra, se viram obrigadas a buscar matéria-prima em São Paulo e em outros estados, desestruturando todo o mercado que já vinha sendo impactado pela alta demanda por caixas de papelão ondulado, cuja expedição, em abril passado, conforme divulgado pela Empapel, bateu um recorde histórico ao atingir a marca de 352,3 mil toneladas.

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O Rio Grande do Sul, conforme estimativas da Anguti, é o 4.º estado maior gerador de aparas no Brasil, com um volume por volta de 300 mil toneladas anuais, sendo que apenas 1/3 deste total é reciclado no estado, ou seja, cerca de 16,7 mil toneladas de aparas são encaminhadas para fora todos os meses, o que representa, aproximadamente, 5% do consumo nacional de aparas marrons. Com muitos depósitos debaixo d’água, a questão é saber quanto tempo teremos que esperar pela recuperação do mercado gaúcho e, também, quanto de aparas de papel em condições de serem recicladas será gerada no processo de limpeza das casas, estabelecimentos comerciais e indústrias que sofreram com as enchentes.

Este panorama torna desafiador o cenário para as aparas nos próximos meses, até porque o mercado já vinha demandando mais material em função da baixa coleta, diminuição da disponibilidade de papel de fibra virgem e os sucessivos recordes de expedição de caixas relatados mensalmente pela Empapel. O volume de vendas no comércio brasileiro, no comparativo abril de 2024 contra igual mês do ano anterior, registrou um crescimento de 2,9% para a média de todos os segmentos acompanhados pelo IBGE, em um resultado inferior aos registrados nos comparativos anteriores, mas, nas categorias, tivemos mudanças radicais.

Apenas três das dez categorias acompanhadas ficaram no campo negativo e, em percentuais, inferiores a 2,0%. Ainda pelo lado bom, os livros, jornais, revistas e papelarias apresentaram um crescimento de 2,4%, o que não víamos há muito tempo. Porém, o destaque ruim, os nossos grandes fornecedores de aparas de papelão ondulado vieram para o campo negativo, perdendo 1,1% em seu volume de vendas no período considerado. Mesmo assim, no primeiro quadrimestre do ano frente a igual período de 2023, o desempenho do volume de vendas dos varejistas está 6,1% superior.

Na verdade, esse é um dado que será impactado pelos acontecimentos no Rio Grande do Sul, todavia, teremos que esperar as próximas divulgações do IBGE para avaliar o tamanho desse impacto no estado e em todo o País. Já o volume de vendas acumulado no primeiro quadrimestre de 2024 ficou 4,9% acima do verificado em igual período de 2023, com todos os estados no campo positivo com crescimentos variando de 0,8% no Espírito Santo até 16,6% no Amapá. Em termos econômicos, entre os cinco maiores estados que representam, aproximadamente, 68% do PIB nacional: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná, o volume de vendas registrou crescimento de: 4,6%, 2,9%, 4,7%, 5,8% e 4,0%, respectivamente, com o Rio Grande do Sul apresentando o maior crescimento, o que, infelizmente, vai sofrer forte alteração nos próximos meses.

E quando tudo indicava que o mercado de aparas marrons caminhava para a normalidade, a tragédia ocorrida no Rio Grande do Sul trouxe impactos, e o que vimos em maio último foi um forte aumento nos preços do material com o ondulado I e II sendo comercializados, respectivamente por, em média, R$ 838,22 e R$ 728,18 a tonelada FOB depósito, com reajustes de 16,03% e 17,62% em relação a abril. Com esse resultado, os preços das aparas marrons estão acumulando em 2024, até maio, reajuste médio de 27,4% em um período em que a inflação, medida pelo IPCA, ficou na casa de 2,3%.

Nossa expectativa era o que aconteceria no segundo trimestre do ano, pois já vínhamos observando falta de material em função do aumento no consumo de caixas de papelão ondulado e uma menor interferência do papel de fibra virgem, ou seja, já era esperada a continuidade no aumento de preços observada no primeiro trimestre. Agora a expectativa é quão duradouro será o impacto da ausência do Rio Grande do Sul e, com o processo de recuperação do Estado, qual será o volume de aparas de papel em condição de reciclabilidade que será gerado. Outro fato a ser considerado é que, ainda de forma lenta, a coleta de rua está voltando a ser estimulada, aumentando a disponibilidade de aparas para os próximos meses.

Na coluna anterior dissemos que o papel miolo não vinha conseguindo repassar os aumentos das aparas. Contudo, os acontecimentos recentes praticamente obrigaram os fabricantes a reajustarem os preços do produto até por uma questão de sobrevivência, mesmo com a presença de papel de fibra virgem ainda sendo percebida no mercado brasileiro. Assim é que, em maio passado, o papel miolo foi comercializado por R$ 3.459,39 a tonelada com impostos, conseguindo um aumento de 3,1% em relação ao mês anterior, mas, se considerarmos o reajuste acumulado nos 5 primeiros meses do ano, enquanto as aparas foram reajustadas em 27,4%, o papel conseguiu um reajuste de apenas 4,0%.

O impacto dos acontecimentos no Sul do País sobre o papel é menor que o verificado para as aparas já que no Rio Grande do Sul, em que pese algumas cartonagens tenham ficado em baixo d’água, temos apenas dois fabricantes que não foram impactados diretamente pelas enchentes. A situação é difícil, pois ainda encontramos uma quantidade de papel de fibra virgem maior do que os volumes históricos. Entretanto, com a demanda por embalagens permanecendo aquecida, podemos esperar novos e maiores aumentos nos preços do papel.

Mercado de aparas internacional

O fluxo internacional de aparas está alternando déficits e superávits e, em maio deste ano, as exportações de aparas voltaram a superar as importações, mas os volumes continuam marginais, sem capacidade para alterar o panorama do mercado interno. Em maio, entraram no País 2,4 mil toneladas contra 2,3 mil toneladas que fizeram o caminho inverso.

As importações poderiam ser uma solução paliativa para o abastecimento interno, porém, os preços da apara de ondulado (OCC), no exterior, estão em alta, encerrando maio cotada a US$ 140 a tonelada e, conforme divulgado pela Secex, estão chegando aos portos brasileiros por US$ 248,44 a tonelada. Se considerarmos o imposto de importação de 35% e a desvalorização do Real, cujo valor se aproxima de US$ 5,4, teremos uma solução pouco provável de ocorrer.

As exportações de papel, tanto o kraft liner quanto os reciclados (miolo e testliner), vinham crescendo desde o último trimestre do ano passado, todavia, conforme os resultados dos últimos meses, estão perdendo força, estabilizando-se por volta de 35 mil toneladas mensais e 6 mil toneladas mensais, respectivamente. Embora o volume seja maior do que o observado em 2023, ainda estão aquém das exportações de 2022 e, no caso do kraft liner, ainda insuficientes para tirar o excesso de papel de fibra virgem do mercado.

Já o mercado de aparas brancas não sofreu com os acontecimentos no sul, pois o estado não é grande gerador e nem grande reciclador de brancas, mas continuamos observando um mercado fraco com pouca demanda, o que não seria esperado, já que a celulose continua com forte aumento, atingindo, ao final de maio, o valor de US$ 1.375 a tonelada na Europa e, no Brasil, conforme os levantamentos da Anguti, o produto foi comercializado em maio por, em média, R$ 4.686,00 a tonelada FOB fábrica sem impostos.

Com o aumento nos preços das aparas marrons, os aparistas estão melhorando sua rentabilidade e é provável que tenham mais força na comercialização das brancas, o que, acreditamos, poderá impactar o mercado nos próximos meses. De qualquer forma, o que vemos atualmente é um mercado parado, onde apenas a branca II vem conseguindo melhorar seu valor, mesmo em um mercado com baixos volumes de vendas.

Em maio deste ano, brancas I, II e III foram comercializadas por: R$ 2.306,19, R$ 1.258,75 e R$ 875,00 a tonelada FOB depósito, respectivamente. As aparas de cartolina, que normalmente seguem as aparas de papelão ondulado, pelo menos em maio passado, continuaram em queda, perdendo 2,2% do seu valor e encerraram o mês negociadas por, em média, R$ 875,00 a tonelada.

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